A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) recebeu, nesta terça-feira (2/4), representantes da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas - Brasil) para apresentação do cenário epidemiológico das arboviroses no estado e as ações realizadas para controle da epidemia.
Durante o encontro, também foi feito um balanço das qualificações dos profissionais envolvidos na assistência à saúde dos municípios e apresentadas também as perspectivas de ação colaborativa entre a SES-MG e Opas para controle, vigilância e assistência aos casos de arboviroses em Minas Gerais.
O subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Eduardo Campos Prosdocimi, avaliou que a Secretaria conseguiu oferecer uma resposta adequada e necessária ao cenário, permitindo agilizar e melhorar a assistência em todas as regiões.
“Diante do pior ano epidemiológico de arboviroses já enfrentado em Minas, a SES-MG se preparou para agir. Conseguimos direcionar recursos financeiros importantes para ajudar os municípios a enfrentar as arboviroses e atuar diretamente nos territórios municipais, mobilizando ações na ponta da assistência e realizando cursos para os profissionais que realizam os atendimentos”, avaliou o subsecretário.
Para o consultor nacional da Opas, Rodrigo Said, a resposta efetiva diante do cenário epidemiológico foi possível porque vigilância e assistência atuaram conjuntamente. “Diante de uma epidemia de grande magnitude, a integração das áreas é fundamental. Não é possível responder a uma situação de epidemia sem uma assistência alinhada e fortalecida, sem a atuação em rede da atenção primária, da secundária e da urgência e emergência”, afirmou.
Para Alexander Rosewell, coordenador da Unidade de Vigilância, Preparação e Resposta às Emergências e Desastres, do escritório da Opas-Brasil, a atuação do estado, capacitando as pessoas que atuam na assistência, permitiu uma organização efetiva dos atendimentos realizados pela rede de atenção.
Recursos
Entre os meses de fevereiro e março, o governo estadual pagou um incremento de R$32,2 milhões aos municípios mineiros para o combate da dengue, zika e chikungunya no estado. O valor se soma aos R$80,5 milhões repassados em dezembro, enquanto outros R$32,2 milhões serão pagos no mês de julho.
A SES-MG investiu também R$30,5 milhões para que os municípios contratem o serviço de drones que serão utilizados na identificação, monitoramento e tratamento dos focos e criadouros do Aedes aegypti, permitindo uma atuação mais direcionada e eficaz por parte das Secretarias Municipais de Saúde.
Capacitação
A SES-MG percorreu as 16 Macrorregionais de Saúde do estado, atuando junto a gestores, técnicos e profissionais dos municípios na avaliação, por meio de simulados, dos planos de contingência municipais, a fim de preparar e organizar as ações previstas.
Além disso, a secretaria promove em todo o estado capacitações sobre o manejo clínico e enfrentamento das arboviroses (dengue, chikungunya, zika e febre amarela), para médicos e enfermeiros que atuam diretamente na assistência dos casos.
Segundo a Coordenadora Estadual de Vigilância das Arboviroses da SES-MG, Danielle Capistrano, o curso objetiva melhorar a assistência ao usuário no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e controlar o aumento de casos e de óbitos evitáveis em decorrência de dengue e chikungunya.
“Na qualificação do manejo clínico das arboviroses são trabalhados os sinais e sintomas das doenças, monitoramento laboratorial, classificação de risco, sinais de alarme a serem identificados em pacientes com dengue e o protocolo para tratamento oportuno dos pacientes com base em evidências científicas”, explicou.
“Os cursos são uma oportunidade para atualizar sobre as orientações técnicas, organizar a rede de atendimento e os fluxos. Além disso, permite uma presença mais efetiva do estado nos territórios”, acrescentou Jaqueline Oliveira, superintendente de Vigilância Epidemiológica da SES-MG.
Dia D
Outra importante ação da Secretaria de Estado de Saúde contra a dengue em 2024 foi a coordenação de dois Dia D - Minas Unida no Combate ao Mosquito. Em todas as regiões do estado, foram realizados mutirões comunitários para eliminar os focos de Aedes aegypti, além de ações de mobilização para orientar e conscientizar a população que a responsabilidade diária de manter ambientes dentro das casas é também do cidadão.
A programação incluiu blitz educativas, passeatas, atividades lúdicas em escolas e em locais com grande circulação de pessoas, entrega de material informativo, palestras e rodas de conversas. A mobilização contou, ainda, com visitas às casas para orientar e conscientizar os moradores sobre a responsabilidade diária de combater a dengue, zika e chikungunya.
Cenário epidemiológico
De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses, até 2/4, foram notificados 854.530 casos prováveis de dengue em Minas Gerais, dos quais 331.499 foram confirmados. Há 562 óbitos em investigação e 159 confirmados.
Em relação à chikungunya, até o momento, foram notificados 73.562 casos prováveis, sendo 48.375 confirmados para a doença. Há 28 óbitos em investigação e 28 óbitos confirmados.
Quanto à zika, há 117 casos notificados no painel, sendo 16 confirmados. Todavia, desde 2018, não há casos confirmados de zika por métodos diretos de identificação viral (RT-PCR) no estado. Portanto, para todos os casos confirmados, os municípios são instruídos a fazerem uma avaliação bastante criteriosa. Após essa investigação, alguns casos são reclassificados por não atenderem critérios para mantê-los como confirmados.