Criada em 1990, a Campanha Outubro Rosa surgiu com o objetivo de conscientizar as mulheres sobre prevenção e controle do câncer de mama. Em 2023 a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) amplia esse conceito e adota a perspectiva de cuidado integral e completo. Além dos exames de rotina, que são fundamentais para o diagnóstico precoce, a SES-MG incentiva as ações que contribuem para o empoderamento e autonomia dos indivíduos, reforçando os fatores de proteção à saúde.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece exames de diagnóstico e tratamento tanto para o câncer de mama, quanto para o câncer de colo do útero. Em Minas Gerais, a porta de entrada são as unidades básicas de saúde, que acolhem e orientam os pacientes conforme cada caso.

Em Minas são esperados 7.670 casos novos de câncer de mama, no sexo feminino, com a taxa bruta de 69,80 casos novos por 100 mil mulheres mineiras.

No ano de 2022, o câncer de mama foi a primeira causa de morte entre as mulheres no Estado, com 1.793 óbitos. Quanto ao diagnóstico precoce, segundo dados do Registro Hospitalar de Câncer-RHC-, no ano de 2021, 39% dos casos de câncer de mama foram diagnosticados nas fases avançadas da doença.

O câncer de mama é uma doença rara em mulheres jovens. Sua incidência aumenta com a idade e a maior parte dos casos ocorre a partir dos 50 anos. Homens também desenvolvem câncer de mama, mas estima-se que a incidência nesse grupo represente apenas 1% de todos os casos da doença (INCA, 2019b). 

 

Mamografia

O exame de mamografia realizado pelo SUS inclui mamografia de rastreamento, indicada para mulheres de 50 a 69 anos sem sinais e sintomas de câncer de mama, a cada dois anos. Já a mamografia diagnóstica é indicada para avaliar lesões mamárias suspeitas, em qualquer idade e também em homens. Mulheres com elevado risco para câncer de mama (histórico familiar e/ou histórico pessoal de câncer de mama) é necessário avaliação e acompanhamento individualizado.

A solicitação do exame deve ser feita pelo profissional de saúde, durante a consulta ou em estratégias de busca ativa de mulheres, como a visita domiciliar.

Conforme diretrizes do Ministério da Saúde/INCA, as estratégias de diagnóstico devem ser formadas pelo tripé - população alerta para sinais e sintomas suspeitos de câncer; profissionais de saúde também em alerta e capacitados para avaliação dos casos suspeitos e serviços de saúde preparados para garantir a confirmação diagnóstica oportuna, com qualidade, garantia da integralidade e continuidade da assistência em toda a linha de cuidado.

Cabe salientar que a estratégia da população alerta para os sinais e sintomas também deve envolver ações de conscientização do próprio corpo, entender sobre as alterações normais das mamas relacionadas ao ciclo menstrual e ao envelhecimento. Assim, não é mais recomendado o autoexame das mamas conforme orientações anteriores em que havia técnica padronizada e periodicidade fixa.

Nessa ação de conscientização, estimula-se que a mulher se observe e realize a autopalpação eventualmente, de forma que perceba o que é normal e as possíveis alterações, como um nódulo persistente na mama ou um nódulo na axila de aparecimento recente, retração da pele das mamas, mudanças no formato e presença de secreção espontânea pelos mamilos (descarga papilar).

Conforme Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil (2015), o Ministério da Saúde recomenda a implantação dessa estratégia uma vez que os possíveis benefícios provavelmente superam os possíveis danos.

SINAIS E SINTOMAS:

Os principais sinais e sintomas da doença são:

  • Caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor;
  • Pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja;
  • Alterações no bico do peito (mamilo);
  • Saída espontânea de líquido de um dos mamilos.
  • Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou nas axilas.

TRATAMENTO:

Para o tratamento de câncer de mama, o SUS oferece todos os tipos de cirurgia, como mastectomias, cirurgias conservadoras, reconstrução mamária, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e tratamento com anticorpos. O tratamento é feito por meio de uma ou várias modalidades combinadas. O médico vai escolher o tratamento mais adequado de acordo com a localização, o tipo do câncer e a extensão da doença.

FATORES DE RISCO:

Não existe uma causa única para o câncer de mama, e sim fatores que podem aumentar o risco da doença, como:

  • Idade - após os 50 anos, as mulheres se tornam mais suscetíveis a desenvolver a doença;
  • Primeira menstruação antes dos 12 anos de idade e menopausa após 55 anos;
  • Primeira gravidez após os 30 anos ou não ter tido filhos;
  • Fumo;
  • Consumo de álcool;
  • Sobrepeso ou obesidade;
  • Exposição frequente a raio-x;
  • Histórico familiar de câncer de mama e/ou ovário em parentes de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) que tenham tido a doença antes dos 50 anos;
  • Uso de terapia de reposição hormonal pós-menopausa, principalmente se por tempo prolongado; e terapia hormonal em mulheres transexuais e travestis.

COMO AS MULHERES PODEM REALIZAR OS EXAMES?

Elas devem procurar uma Unidade Básica de Saúde de referência para consulta e realização de exame citológico e agendamento da mamografia de rastreamento. Lembrando que todas as mulheres têm direito ao atendimento humanizado e acolhedor.

A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE:

O diagnóstico precoce aumenta as chances de sucesso do tratamento. Em relação à avaliação das mamas preconiza-se:

Mulheres de 40 a 49 anos – realização do exame clínico das mamas por profissional da saúde, e realização de mamografia, somente se existir indicação da equipe de saúde;
*Existem casos de câncer de mama antes dos 40 anos, por isso, o exame clínico das mamas, pelo profissional de saúde, deve ser realizado na vigência de qualquer alteração e, exames específicos poderão ser solicitados.

Mulheres de 50 a 69 anos – realização do exame clínico das mamas por profissional da saúde e realização de mamografia de 2 em 2 anos, ou em intervalos menores, dependendo do resultado da mamografia anterior. Se você perceber alguma alteração na mama, procure a equipe de saúde mais próxima da sua casa;

Mulheres com elevado risco para câncer de mama (histórico familiar e/ou histórico pessoal de câncer de mama): necessário avaliação e acompanhamento individualizado.

Câncer de Colo do Útero

O câncer de colo do útero é a terceira causa de morte por câncer em mulheres no Brasil, com exceção do câncer de pele. O principal fator de risco para o desenvolvimento deste tipo de câncer é a infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV), infecção sexualmente transmissível mais comum em todo o mundo. A transmissão do HPV ocorre principalmente por via sexual, mas pode ocorrer por qualquer contato direto com a pele ou mucosa infectada.

Segundo estimativa do INCA, são esperados 1.670 casos novos com a taxa bruta de 15,17 casos por 100 mil mulheres mineiras. O câncer ocupa a 6ª colocação com relação a mortalidade por neoplasias no sexo feminino, apresentando 460 óbitos no ano de 2022. No ano de 2021, segundo dados do RHC, 38% dos casos de câncer de colo do útero foram diagnosticados em fases avançadas da doença.

O diagnóstico é realizado através do exame citopatológico indicado para a população alvo de 25 a 64 anos, uma vez a cada três anos, após 2 exames anuais consecutivos normais -INCA, 2016.

Apesar de ser o terceiro câncer mais incidente em Minas Gerais, o câncer de colo do útero tem um forte potencial de prevenção e cura quando diagnosticado precocemente, através da realização regular dos exames recomendados.

A primeira forma de prevenção está relacionada à diminuição do contágio pelo Papiloma Vírus Humano (HPV). A infecção por HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum em todo o mundo, e sua transmissão ocorre principalmente por via sexual, mas pode ocorrer por qualquer contato direto com a pele ou mucosa infectada.

Através da Nota Técnica Nº63 de 2023 o Ministério da Saúde incluiu a vacinação do HPV para vítimas de abuso sexual, homens e mulheres, de nove a 45 anos de idade, juntamente com o público alvo já estabelecido para vacinação de meninas e meninos e adolescentes do sexo feminino e masculino, entre nove e 14 anos de idade (14 anos, 11 meses e 29 dias), e para grupos com condições clínicas especiais de nove aos 45 anos de idade (vivendo com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos, imunossuprimidos por doenças e/ou tratamento com drogas imunossupressoras).

Dessa forma, as recomendações para prevenir o HPV são: usar preservativo em todas as relações sexuais, cuidar da higiene íntima, conhecer o próprio corpo, estando atenta a alterações e realizar o exame preventivo do câncer de colo do útero, para detecção de lesões ainda em fase inicial.

O exame é ofertado pelo SUS nas Unidades Básicas de Saúde e é a estratégia mais adotada para detecção da doença em mulheres de 25 a 64 anos, que já tiveram algum tipo de relação sexual.

EXAME PREVENTIVO:

Mulheres entre 25 e 64 anos devem fazer o exame preventivo do câncer do colo do útero a cada três anos. As alterações das células do colo do útero são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou), e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica deste exame. Tão importante quanto fazer o exame é saber o resultado, seguir as orientações médicas e o tratamento indicado.

TRATAMENTO:

O tratamento para cada caso deve ser avaliado e orientado por um médico. Entre os tratamentos disponíveis no SUS, estão cirurgia, quimioterapia e radioterapia. O tipo de tratamento dependerá do estágio de evolução da doença, tamanho do tumor e fatores pessoais, como idade da paciente e desejo de ter filhos.

FATORES DE RISCO:

Alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento do câncer de colo do útero. São eles:

• Não utilização de preservativos durante as relações sexuais;
• Outras infecções sexualmente transmissíveis;
• Multiparidade (ter muitos filhos);
• Uso prolongado de contraceptivos orais (estrogênio);
• Baixa imunidade;
• Início de atividade sexual com pouca idade;
• Tabagismo.

COMO AS MULHERES PODEM REALIZAR OS EXAMES?

Elas devem procurar uma Unidade Básica de Saúde de referência para receberem orientações e realizarem o exame citopatológico do colo do útero. Mulheres lésbicas, bissexuais e homens trans também são elegíveis para realizar os exames preventivos e devem procurar as Unidades Básicas de Saúde para avaliação e cuidado referente à saúde sexual e reprodutiva, bem como para a realização dos exames que forem necessários. Converse com seu/sua médico/médica a melhor maneira de se cuidar e realizar os exames necessários de maneira que seja o menos desconfortável possível.