Visando fortalecer e fomentar as ações de “Vigilância do Câncer relacionado ao Trabalho” na região do Médio Piracicaba, o Núcleo de Vigilância Epidemiológica e Saúde do Trabalhador da Regional de Saúde de Itabira, promoveu no dia 11/05, quarta-feira, uma videoconferência com as referências técnicas municipais em Saúde do Trabalhador dos 24 municípios que compõe as microrregiões de João Monlevade, Itabira e Guanhães.
A referência técnica em Vigilância da Saúde do Trabalhador da Regional de Saúde de Itabira , Aline Graziele Fernandes Martins da Costa, informou que a videoconferência foi um momento de ampliação da discussão referente à “Vigilância do Câncer Relacionado ao Trabalho”, buscando auxiliar as referências técnicas dos municípios nas investigações previstas no indicador 4 da Resolução SES MG 7730/2021.
“Contamos com a importante contribuição da Cristiane Moreira Magalhães Andrade, da coordenação de Saúde do Trabalhador e diretoria de Condições Crônicas da Superintendência de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), que realizou uma ótima apresentação sobre a temática, ressaltando os fatores de risco ocupacionais relacionados ao câncer e a importância da investigação epidemiológica em decorrência das atividades laborais”, explicou Aline.
Cristiane Moreira destacou ainda as medidas que a Vigilância da Saúde do Trabalhador tem adotado para reduzir o cenário de subnotificação de casos de câncer relacionados ao trabalho junto ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), e apresentou também análise, monitoramento e formas de prevenção: como funcionam os sistemas de notificação.
“O Câncer Relacionado ao Trabalho, é uma doença de notificação compulsória no SINAN desde 2004. Nesse sentido, é fundamental que os casos identificados como relacionados ao trabalho sejam registrados nesse sistema, para que a partir da análise dos dados gerados sejam desencadeadas medidas efetivas de proteção e prevenção da saúde dos trabalhadores de Minas Gerais”, destacou a referência.
Durante a apresentação, Moreira, respondeu aos questionamentos e dúvidas dos municípios, discorreu sobre o câncer de pulmão por exposição à sílica, a leucemia por exposição ao benzeno e deu destaque ao mesotelioma por exposição ao amianto, explicando que em função dos efeitos nocivos à saúde, o uso de produtos que contenham amianto é proibido, e em Minas Gerais, na Lei nº 21.114/2013 foram estabelecidos prazos até 2023 para o seu banimento total.
“O amianto é abundante na natureza em todo o planeta e é facilmente lavrado e processado. Além disso, possui características que o tornaram bastante usado na indústria, como baixo custo de produção e resistências mecânica e térmica”, informou Cristiane.
Cenário em Minas
De 2004 até abril de 2022 o SINAN conta com 177 casos de Câncer Relacionado ao Trabalho registrados em Minas Gerais. Entretanto esses dados não apresentam de forma fidedigna o real cenário epidemiológico uma vez que há uma grande subnotificação.
“Sendo assim, é importante que os profissionais de saúde adotem práticas rotineiras e contínuas voltadas para a Vigilância do Câncer Relacionado ao Trabalho no estado, incluindo aquelas relacionadas à vigilância epidemiológica” finalizou Cristiane.
Leucemias
Atualmente são 79 agentes cancerígenos conhecidos nos ambientes laborais e 38 tipos de câncer relacionados ao trabalho, dentre eles, a leucemia.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), as leucemias são neoplasias potencialmente relacionadas a um grupo de substâncias cancerígenas nos ambientes de trabalho, como benzeno e aminas aromáticas.
Saúde do Trabalhador
As ações da Vigilância em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (VISATT) da SES-MG são articuladas intra e intersetorialmente, de forma contínua e sistemática, com o objetivo de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e condicionantes da saúde relacionados ao trabalho.
Em Minas Gerais, a VISATT se divide em três eixos complementares: Vigilância Epidemiológica, Atenção à Saúde e Vigilância dos Ambientes e Processos de Trabalho.
Por Flávio Samuel
