Com a chegada da primavera dá-se início o período de maior incidência da varicela, também conhecida como catapora, doença infecciosa causada pelo vírus varicela-zoster. Nos meses de setembro e outubro é comum o aumento do número de casos. Altamente contagiosa, mas geralmente benigna, a transmissão da catapora se dá através da saliva ou secreções respiratórias, ou por contato com o líquido do interior das vesículas.

Ilustração: Cláudia Daniel

A vacina contra a catapora entrou no Calendário Nacional de Vacinação em setembro de 2013, sendo incluída na tetra viral que também protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Em Minas a vacina foi ofertada na rede pública mesma época e deve ser tomada quando a criança completa 15 meses.

Estatísticas da doença em Minas mostram que os casos caíram significativamente desde que a vacina foi disponibilizada pelo SUS. Em 2013, foram registrados 42.368 casos, enquanto que em 2014 foram 21.510, uma redução de quase 50%. Em 2015, até agosto, foram registrados 6.072 casos.

No Hospital Infantil João Paulo II, que recebe pacientes com alguma complicação da doença ou histórico de doenças graves, os números também caíram significativamente. Segundo o diretor da unidade, Luís Fernando Andrade de Carvalho, em 2013 foram atendidos 1.509 casos, enquanto que em 2014 foram 368. Em 2015, até o dia 17 de setembro, houve 104 registros.

Vacina garante proteção de 95%

Segundo a coordenadora Estadual de Doenças e Agravos Transmissíveis da Secretaria de Estado de Saúde, Janaina Fonseca Almeida, a vacina tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) é segura e bem tolerada, com elevada proteção – acima de 95% após administração de uma dose – contra as formas graves da doença.

A vacina, que está disponível em todas as unidades básicas de saúde do estado, protege as crianças principalmente contra complicações que podem levar ao óbito pela doença. O esquema vacinal é de dose única, aos 15 meses de idade, em crianças que tenham recebido a primeira dose da vacina tríplice viral.

A coordenadora esclareceu que a maioria dos casos de varicela é leve e benigno, embora possam ocorrer complicações que podem levar à hospitalização e, mais raramente, óbito ou sequelas neurológicas permanentes. As principais complicações da catapora são as infecções bacterianas secundárias de pele, mais frequentes, bem como pneumonias e septicemia, causadas principalmente por Streptococcus do grupo A e Staphylococcus aureus, e o comprometimento visceral causado pelo próprio vírus, manifestando-se com pneumonite, hepatite e meningoencefalite.

Cuidados

Segundo a coordenadora da residência médica de infectologia pediátrica do Hospital Infantil João Paulo II, Andrea Luchesi de Carvalho, a maioria dos casos de catapora ocorre em crianças menores de 10 anos. “A doença costuma ser moderada, embora possam ocorrer sérias complicações em alguns casos. Normalmente os adultos e as crianças mais velhas ficam mais gravemente doentes do que crianças menores”, afirma a médica. 

As lesões na pele aparecem no prazo de cinco dias, quando o risco de contágio é ainda maior. Durante a fase de crostas as lesões não são contagiosas. As erupções que surgem na pele, preferencialmente na cabeça e no tronco, são o principal sintoma para diagnóstico; outros incômodos que podem ocorrer são dores corporal, de cabeça e febre.

Enquanto a criança estiver com a doença, os responsáveis devem estar atentos à sua higienização. Os banhos devem ser frequentes, apenas com água e sabão, e as unhas devem estar sempre limpas para evitar infecções. O ambiente fechado contribui para o aumento de casos.

Sintomas

O período de incubação do vírus dura em média 15 dias e a recuperação completa ocorre de sete a dez dias depois do aparecimento dos sintomas, que são febre entre 37,5° e 39,5°, mal-estar, inapetência, dor de cabeça, cansaço. Entre 24 e 48 horas surgem lesões de pele caracterizadas por manchas avermelhadas, que dão lugar a pequenas bolhas ou vesículas cheias de líquido, sobre as quais, posteriormente, se formarão crostas que provocam muita coceira.

Tratamento

O principal tratamento é manter a pele limpa. É importante evitar a contaminação das lesões por bactérias, o que complica o quadro. Não coçar as feridas diminui o risco de infecções e a formação de cicatrizes. Adultos ou pessoas com imunodeficiência, que se contaminem com o vírus da catapora, requerem cuidados especiais.

As pacientes grávidas e os que estão em tratamento de doenças graves, como portadores de HIV e câncer, devem estar ainda mais atentos para não contrair a catapora, devido à falta de imunidade, e após contato e/ou aparecimento de lesões de pele, devem imediatamente procurar orientação médica.

Por Samira Ziade