Berço da cultura e da sociedade brasileira, as comunidades indígenas são valorizadas e tem sua importância cultural e histórica reforçada com a comemoração do Dia do Índio, celebrado todo dia 19 de abril. Em Minas, elas recebem atenção especial da Secretaria de Estado de Saúde, através da Coordenadoria Estadual de Saúde Indígena (CESI). O objetivo é assegurar o acompanhamento e a atenção à saúde da população indígena residente no estado, para garantir o acesso ao serviço de saúde com qualidade e, ao mesmo tempo, valorizar suas tradições e costumes.

A CESI atende indígenas de dez etnias (Pataxó, Cinta Vermelha Jundiba, Aranã, Maxakali, Xukuru Kariri, Mukurim, Pankararu, Kaxixó, Krenak e Xakriabá), residentes em aldeias e reservas de 15 municípios do estado (Açucena Araçuaí, Bertópolis, Caldas, Campanário, Carmésia, Coronel Murta, Guanhães, Itapecerica, Ladainha, Martinho, Campos, Resplendor, Santa Helena de Minas, São João das Missões e Teófilo Otoni).

Confira no mapa abaixo:

Ilustração: Cláudia Daniel

A Política Estadual de Saúde Indígena é dividida em eixos de atuação em diversos programas com ações de saúde mental, resgate e manutenção do conhecimento indígena em sua medicina tradicional, oficinas e troca de experiências para garantir uma cobertura ampla e diversa. Também são direcionados incentivos mensais para garantir as atividades dentro das aldeias pelas equipes multidisciplinares de saúde, como as equipes do Programa Saúde da Família (PSF) que atuam em municípios com jurisdição indígena em ações de estruturação da Atenção Primária e Redes de Atenção à Saúde.

A CESI realiza ainda visitas técnicas de supervisões e assessorias contínuas às comunidades indígenas através de Referências Técnicas de Saúde Indígena das oito Gerências Regionais de Saúde: Januária, Diamantina, Governador Valadares, Teófilo Otoni, Itabira, Divinópolis, Pouso Alegre e Coronel Fabriciano.

Valorizar a tradição

O Programa de Registro e Resgate da Medicina Tradicional Indígena trata sobre plantas medicinais para estruturar o conhecimento indígena e estimular o cultivo de plantas de uso tradicional nas comunidades. O trabalho incentiva a integração dos povos indígenas do estado de Minas Gerais para cultivar e promover trocas de conhecimento étnico no uso de plantas medicinais nas aldeias.

Os recursos têm sido utilizados para possibilitar o cultivo de hortas e pomares de plantas medicinais, estrutura física para aplicação das boas práticas agrícolas com o plantio, viveiro para mudas, quarto de secagem e minhocário. O programa busca estimular a manipulação de plantas cultivadas nas aldeias e distribuição do medicamento natural pelas Casas de Medicina Indígena. Como incentivo para construção e manutenção dessas casas, o estado de Minas Gerais disponibilizou recursos financeiros aos municípios com jurisdição indígena.

Segundo a coordenadora de Saúde Indígena da Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG), Simone Faria de Abreu, as Casas de Medicina possuem a finalidade de se ter um local adequado para a sustentabilidade das ações realizadas pela comunidade, desde a manipulação de plantas, preservação, produção e guarda de plantas medicinais cultivadas nas hortas, como ainda seus rituais de saúde. Outra importante ação é o incentivo aos indígenas cuidadores das hortas medicinais, chamados de Guerreiros da Tradição Indígena.

Eles são responsáveis pelo cuidado das estruturas relativas ao Programa da Medicina Tradicional Indígena. “A atuação do Guerreiro da Tradição indígena busca manter a tradição do uso das plantas medicinais próprias da sua cultura, o que propicia a redução de gastos em medicamentos alopáticos e a sobreposição de uso com plantas medicinais, considerando ainda a importância da atuação deles para a saúde indígena de sua comunidade”, afirma Abreu. 

Saúde Mental Indígena

O programa de Saúde Mental Indígena tem o objetivo de reduzir o uso de álcool, um dos principais agravos à saúde dos povos indígenas, e também os índices de depressão e suicídio. Os Agentes Indígenas de Saúde (AIS) atuam na promoção à saúde, buscando reduzir os problemas de saúde pública relacionados ao uso de álcool e outras drogas. A atuação é feita em parceria com os professores indígenas e membros das etnias como os caciques e/ou lideranças.

Por Allãn Passos