A lagarta taturana, espécie cientificamente conhecida como Lonomia obliqua, pode ser encontrada tanto em áreas rurais quanto urbanas. Em contato com a pele humana, os espinhos da lagarta podem ocasionar queimação, dor de cabeça, náuseas, vômitos e, em casos extremos, até sangramentos graves. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), esse tipo de acidente é mais comum entre os meses de janeiro e abril. De 2023 até o momento, houve 2.478 ocorrências em todo estado. Ainda de acordo com a SES, os casos se concentram, principalmente, na região Central de Minas Gerais, em Belo Horizonte e no Sul, nas Regionais de Saúde de Alfenas, Passos, Pouso Alegre e Varginha.

Crédito: José Felipe Batista

Segundo o chefe do Serviço de Animais Peçonhentos da Fundação Ezequiel Dias (Funed), Rômulo Antônio Righi de Toledo, trata-se de um inseto da ordem Lepidoptera, que se transforma em borboletas e mariposas. “O gênero Lonomia, da espécie obliqua, é um animal de interesse médico, pois pode causar acidentes mais severos, levando à necessidade de soroterapia específica com soro antilonômico”, explica.

Existe mais de uma espécie do gênero Lonomia, sendo que a obliqua é a mais comum, com prevalência maior de acidentes. Geralmente, ela é encontrada em árvores de florestas ou frutíferas, sobretudo em mangueiras, abacateiro, goiabeira, pessegueiro, ameixeira, pereira, figueira-do-mato e no araticum, ipê, cedro e aroeira. “A maior parte dos envenenamentos acontece nos membros superiores, como as mãos, braços e até nas costas. Isso ocorre porque a espécie vive aglomerada nos troncos das árvores e as pessoas tendem a se apoiar nelas sem perceber”, comenta.

Além dos sintomas citados, logo após o contato com o animal, a pessoa pode sentir desconforto e dor generalizada pelo corpo. O ideal, de acordo com o especialista em animais peçonhentos, é procurar imediatamente a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima. Se possível, faça um registro fotográfico da lagarta, ou a recolha cuidadosamente e leve-a para identificação na própria UBS. “Não utilize soluções caseiras e automedicação no local, pois isso pode agravar o caso.

Em situações extremas, quando não há socorro rápido, podem acontecer sangramentos na gengiva, nariz, urina e em feridas recentemente cicatrizadas até três dias após o acidente. Também é comum o aparecimento de manchas escuras na área do envenenamento e em outras partes do corpo”, alerta.

Rômulo lembra que a Funed não recebe lagartas, apenas repassa informações por se tratar de um animal venenoso. A Fundação também reforça campanhas educativas de prevenção, principalmente no que se refere aos primeiros socorros e ao tratamento recomendável nesse tipo de ocorrência. Confira abaixo alguns cuidados importantes:

Atenção:

•Observe cuidadosamente troncos e folhas de árvores antes de encostar ou manusear as plantas.

•Use luvas, camisas de manga comprida e botas durante as atividades agrícolas.

•Tenha cuidado ao pisar ou sentar embaixo de árvores, pois as lagartas costumam ficar no solo pouco antes de empupar (transformar-se em pupa, ou seja, no inseto).

•Evite desmatamento, queimadas e uso abusivo de inseticidas, pois o desequilíbrio ecológico favorece condições para o aumento de acidentes.

•Preserve os predadores naturais das lagartas, como a mosca da família Tachinidae, vespa da família Ichneumonidae, percevejo da família Pentatomidae e o vírus loobMNPV.

Por Assessoria Funed