A cidade de Passos foi escolhida para ser um dos pilotos de um projeto do Ministério da Saúde (MS), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), através da Superintendência Regional de Saúde de Passos (SRS Passos), para eliminar as hepatites virais B e C do país. O projeto foi executado com o treinamento das equipes multiprofissionais que atuam nos serviços públicos de saúde. A ação foi realizada nos dias 28 e 29 de fevereiro por referências nacionais, estaduais, regionais e municipais em hepatites virais.

A erradicação das hepatites virais no país até o ano de 2030 é um compromisso assumido pelo Brasil com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em Minas Gerais, essa meta obteve apoio da SES-MG, que implantou diversas ações para detectar, tratar e prevenir essas doenças.

Algumas das medidas da SES-MG são a ampliação do diagnóstico das hepatites virais, para diminuir a subnotificação e permitir o tratamento a tempo de evitar complicações e óbitos, e  a intensificação da vigilância epidemiológica.

A superintendente Kátia Gonçalves falando durante a abertura do treinamento em Passos

As hepatites B e C são as mais prevalentes no território brasileiro, sendo que, em Minas Gerais, de 2027 a 2022, as notificações de casos somam 18.294 para o tipo B e 18.734, o tipo C, conforme o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais publicado pela SES-MG em 2023. No mesmo período, na área dos 27 municípios que fazem parte da SRS Passos, foram 201 notificações de hepatite B e 668 de hepatite C.

Ainda segundo o Boletim das Hepatites Virais, os vírus das hepatites B e C estão entre os principais agentes causadores de câncer de fígado, sendo que o da hepatite B é altamente oncogênico, perdendo apenas para o tabaco. 

 

Referências técnicas

O treinamento das equipes do Projeto de Eliminação das Hepatites Virais B e C no Brasil foi realizado com apoio do Ambulatório Escola (Ambes) do campus de Passos da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Os temas foram dirigidos a públicos específicos – equipes multiprofissionais, técnicos de enfermagem, enfermeiros, agentes comunitários de saúde e médicos.

Entre as referências técnicas que ministraram o treinamento estavam a hepatologista e pesquisadora Rosângela Teixeira, pelo Ministério da Saúde, e Geraldo Scarabelli Pereira, que atua na Diretoria de Vigilância das Condições Crônicas na Coordenação Estadual IST/Aids e Hepatites Virais, da SES-MG e é coordenador do Ambulatório de Hepatites Virais do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Também ministraram palestra no evento Elton Almeida (MS), Diego Vieira (UFMG), Priscila Soares Corrêa Faria (infectologista de Passos), o coordenador do Ambes, Geilton Xavier de Matos, e a coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Passos, Paula Fabiana Tavares Freitas Santos.

A pesquisadora do Ministério da Saúde, Rosângela Teixeira, durante o treinamento

Conjunto de ações

A superintendente da SRS Passos, a Kátia Rita Gonçalves, participou da abertura do treinamento, reforçando o objetivo do evento de contribuir para aprimorar o conjunto de ações de saúde relacionadas às hepatites e observando que a importância das hepatites não se limita ao enorme número de pessoas infectadas, “estende-se também às complicações das formas agudas e crônicas da doença”, disse.

Kátia Gonçalves ainda salienta que a capacitação faz parte das estratégias adotadas para eliminação das hepatites virais até 2030 e que a SRS Passos articulou a necessidade de capacitar as equipes de saúde junto à SES-MG. 

“E essa capacitação é voltada para profissionais de saúde de todos os níveis, em especial os enfermeiros, devido a sua atuação direta na elaboração e implementação de estratégias que ampliam o acesso para prevenção, rastreio, diagnóstico, tratamento e acompanhamento de grupos sociais vulneráveis às hepatites virais na Rede de Atenção à Saúde do SUS”, explica. “Ao longo de todo o ano, a SES-MG realiza diversas ações com objetivo de fortalecer a luta contra as hepatites virais, incluindo publicações, campanhas informativas, distribuição de insumos preventivos, repasse de recursos financeiros e medicamentos”, acrescentou a dirigente da SRS Passos.

Segundo Geraldo Scarabelli, que atua na Diretoria de Vigilância das Condições Crônicas na Coordenação Estadual IST/Aids e Hepatites Virais, da SES-MG e é coordenador do Ambulatório de Hepatites Virais do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o treinamento das equipes municipais surgiu da necessidade de informar a respeito das políticas públicas relacionadas às hepatites virais para os profissionais que atuam diretamente com os pacientes. “A gente tem feito um trabalho sobre as hepatites há muito tempo, a partir do qual são elaboradas as políticas do Ministério da Saúde, do Estado, e que passam pelas regionais de saúde e chegam aos municípios, mas muitas vezes a gente não consegue replicar isso com os servidores municipais”, disse.

O projeto foi apresentado pela SES-MG ao Ministério da Saúde, que convidou a hepatologista, professora e pesquisadora da UFMG, Rosângela Teixeira, para executá-lo em âmbito nacional. Passos e Pará de Minas foram escolhidos para serem o piloto do projeto. “Por isso, aqui em Passos, foi feita essa articulação, com todo esse cuidado de separar a equipe multiprofissional, os agentes comunitários de saúde, os médicos e os enfermeiros”, observa Geraldo Scarabelli.

“É um projeto da UFMG com a SES-MG, que também envolve o Ministério da Saúde e a OMS, e que é muito importante porque existe um projeto de sobrevida, de sustentabilidade da humanidade, que implica necessariamente em termos menos dessas doenças, desses agravos que são tratáveis e são curáveis”, observou Rosângela Teixeira. 

 

Cidade piloto

Segundo a pesquisadora, Passos foi escolhida para ser o piloto do projeto, juntamente com Pará de Minas, por ter um trabalho adiantado através da SRS Passos e do Ambulatório Escola  (Ambes) da UEMG, campus de Passos, sobre as hepatites virais e as ações para a erradicação dessas doenças com prevenção, vacinação, diagnóstico precoce e tratamento para evitar complicações como câncer e mortes.

“Passos é uma cidade muito proativa na vigilância das hepatites virais, então nós estamos fazendo esse treinamento das equipes porque queremos formatar um evento que sirva para ampliarmos esse processo no Brasil”, ressaltou Rosângela Teixeira.

Para a coordenadora de Vigilância Epidemiológica de Passos, Paula Fabiana Santos, o treinamento representa um grande avanço, especialmente para os profissionais da atenção básica à saúde. “Foi um evento relevante para a saúde pública do nosso município, visto que a detecção precoce da doença, mesmo que assintomática, previne as complicações e o óbito. Então é um avanço muito grande para a qualidade da saúde do município. É uma bagagem muito importante para os profissionais da atenção básica e foi uma renovação para nossos conhecimentos”, disse.

 

Por Enio Modesto / Fotos: Felipe Lobato-Ascom Prefeitura de Passos e Ascom SRS Passos