Nesta segunda-feira, 4 de março, dia em que Minas Gerais contabilizou 423.368 casos prováveis de arboviroses; 170.945 casos confirmados; 53 óbitos confirmados e 291 em investigação, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) anunciou a liberação de mais R$ 32 milhões para que os municípios possam reforçar as ações de enfrentamento da epidemia de dengue, chikungunya e zika. O anúncio foi feito em Montes Claros pelo subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Eduardo Campos Prodoscimi, durante a abertura do Seminário Qualificação das Arboviroses – Manejo Clínico e Planos Municipais de Contingência. 

Ao falar sobre as ações que a SES-MG tem implementado no enfrentamento das arboviroses, Eduardo Prodoscimi observou que “Minas Gerais passa por um cenário atípico em que, pela primeira vez, em janeiro houve um crescimento das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, atingindo todas as regiões do estado. Em número de casos notificados só estamos atrás do Distrito Federal e, por esse motivo, a SES-MG vai antecipar o repasse de recursos financeiros aos municípios, totalizando R$ 112 milhões divididos em parcelas que começaram a ser liberadas em 2023”. 

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Devido ao agravamento da situação das arboviroses, com a circulação dos sorotipos 1, 2 e 3 da dengue,  o subsecretário revelou que além do Governo do Estado, 114 municípios já publicaram decretos de emergência em saúde, visando agilizar as providências.

“As ações de eliminação de focos de proliferação do Aedes aegypti precisam ser diárias. Essa é a estratégia mais eficaz a ser implementada não só pelos serviços de saúde do estado e dos municípios, mas pelos demais segmentos governamentais e, principalmente por parte da população, uma vez que 80% dos focos de proliferação do mosquito estão dentro de residências”, salientou Eduardo Prodoscimi. 

O subsecretário lembrou que os “Dias D” de mobilização contra as arboviroses são importantes e servem para reforçar o alerta à população para os problemas causados pelo Aedes aegypti, porém o trabalho diário contra as arboviroses precisa ter continuidade durante todo o ano.

Entre outras medidas já adotadas pela SES-MG de apoio aos municípios está o repasse de R$ 30,5 milhões para a contratação de empresas especializadas na identificação e eliminação de focos do Aedes aegypti em locais de difícil acesso. O trabalho será realizado com a utilização de drones. Municípios com população acima de 80 mil habitantes farão a contratação direta do serviço. As demais localidades serão atendidas por meio de consórcios de saúde. 

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A superintendente regional de saúde de Montes Claros, Dhyeime Thauanne Pereira Marques, reforçou a importância da união de esforços entre o Governo do Estado, municípios e a população nas ações voltadas para conter o avanço das arboviroses, levando em conta que o estado enfrenta situação preocupante desde o início do ano.

O presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems), Edvaldo Farias da Silva Filho, observou que “o enfrentamento às arboviroses constitui sério desafio para os gestores e técnicos da área da saúde e, nesse contexto, o manejo clínico correto de pacientes constitui uma das medidas mais importantes a serem observadas visando evitar o aumento de óbitos”.

Além disso, Edvaldo Farias reforçou que “o trabalho de eliminação de focos do Aedes aegypti precisa ser contínuo e, para isso, os municípios precisam investir em planejamento e organização das equipes de trabalho evitando, inclusive, a rotatividade de profissionais. Não podemos nos acomodar nos períodos de seca e trabalhar apenas a partir do momento que chove”.

 

Integração

Ao falar sobre o cenário epidemiológico das arboviroses no estado, Roseli Gomes, referência técnica da Coordenação Estadual de Vigilância das Arboviroses (Cevarb), lembrou que o controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti passa pela integração das ações dos profissionais de saúde que atuam em serviços de assistência à população e de Vigilância Epidemiológica, Laboratorial e de Saúde. 

“Notificar os casos é de fundamental importância para gerar informações confiáveis e termos uma dimensão do tamanho do problema que temos que enfrentar. Quanto mais se conhece a realidade, melhores serão as ações de planejamento e de foco no trabalho que precisa ser executado de forma oportuna e condizente com o tamanho do problema”, concluiu Roseli Gomes.

 

Manejo clínico

Nesta segunda-feira, 4 de março, o Seminário de Qualificação das Arboviroses contou com apresentações sobre  mobilização social e atuação do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs); matriz de responsabilidade do controle das arboviroses e apresentação dos fluxos assistenciais da macrorregião de saúde Norte. 

O seminário terá continuidade nesta terça-feira, 5 de março, no auditório do Consórcio Intermunicipal Multifinalitário da Área Mineira da Sudene (Cimams). O foco será voltado para o repasse de orientações a médicos e enfermeiros que atuam nas Unidades Básicas de Saúde, visando a atualização de informações sobre o manejo clínico de pacientes com suspeitas de terem contraído alguma das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.

A programação será aberta às 9 horas, com apresentação do médico da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Mariano Fagundes, falando sobre a classificação de risco de pacientes com suspeita de arbovirose e, especificamente, de pessoas acometidas por dengue.

A partir das 13h30m, o seminário terá continuidade com o médico Mariano Fagundes detalhando as condutas sobre o manejo clínico de pacientes com chikungunya e febre amarela.

Em seguida, o diagnóstico e acompanhamento laboratorial será apresentado por Clarissa Fernandes Gomes, referência técnica do Laboratório Macrorregional da SES-MG. A programação será encerrada com a apresentação da rede de referência e fluxos assistenciais nas unidades regionais de saúde de Montes Claros, Januária e Pirapora.

 

Por Pedro Ricardo