O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, apresentou, na manhã desta sexta-feira (17/2), o cenário atualizado das arboviroses urbanas no estado. A expectativa é que Minas Gerais vivencie o pior ano da história de dengue em 2024, em comparação com anos epidêmicos anteriores. Para esse enfrentamento, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), além do repasse de mais de R$ 150 milhões a todos os municípios do estado, trabalha na capacitação das equipes de saúde quanto ao manejo adequado e na mobilização para as ações programadas para o Dia D de conscientização e combate às arboviroses, que será realizado no dia 24 de fevereiro. 

Crédito: Fábio Marchetto

“Nossa previsão é de uma curva ascendente. É importante destacar que a comparação anual é feita baseada no número de casos prováveis, já que nem todos são testados. Ainda não temos os dados desta última semana epidemiológica, mas nunca vivenciamos uma inclinação tão forte de dengue na nossa história. Já ultrapassamos o pico da previsão e não temos dúvidas que este vai ser o pior ano da nossa história de dengue”, apontou o secretário de Saúde.

“Temos alguns municípios que começaram a ter casos antes de Belo Horizonte e agora a demanda nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) está menor que há duas semanas e esse é o comportamento comum da dengue. Neste momento, a capital mineira e a região metropolitana vivem o momento mais crítico em número de atendimentos e a expectativa é que isso dure mais algumas semanas. Vamos continuar tendo muitos casos, mas esse pico de atendimento tende a começar a diminuir em meados de março”, destacou Baccheretti.

De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses, até 16/2, foram notificados 194.801 casos prováveis de dengue em Minas Gerais, dos quais 67.592 foram confirmados. Há 105 óbitos em investigação e 18 confirmados. Em relação à chikungunya, até o momento, foram notificados 23.628 casos prováveis, sendo 15.727 confirmados para a doença. Há 16 óbitos em investigação e um óbito confirmado.

Para o secretário Fábio Baccheretti, o aumento de incidência do sorotipo denv2 e o retorno da circulação do sorotipo denv3 são motivos de preocupação, uma vez que a maioria das pessoas está sem imunidade para esses sorotipos e uma infecção pode gerar casos mais graves. “Nossos esforços devem ser concentrados no atendimento qualificado, pois o óbito por dengue é evitável. Na maior parte dos casos, o tratamento é feito com hidratação no tempo certo e por isso estamos investindo cada vez mais na capacitação dos profissionais de saúde para que o tempo de identificação dos casos graves seja agilizado”, reforçou.

“Geralmente, o paciente procura atendimento quando está com febre alta, dor no corpo na fase mais aguda, e não é esse o ponto que mais nos preocupa. A conversão do paciente para a dengue hemorrágica acontece a partir do quinto dia dos sintomas, quando a febre cede. Nesse momento, pode ocorrer o choque, com queda de pressão, momento em que é necessário o tratamento com soro na veia e medicamento para aumentar a pressão arterial. É importante garantir que o paciente retorne ao atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) após o quinto dia dos sintomas, para que a equipe observe como está sendo a recuperação, garantindo que não haja piora ou sinais de agravamento da dengue”, pontuou o secretário de Saúde de Minas.

Sala de hidratação - Para ampliar o atendimento e apoiar a assistência à população, a SES-MG abriu, em Belo Horizonte, em 2/2, por meio da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), uma unidade de hidratação (reposição volêmica) no Hospital Júlia Kubitschek (HJK), na região do Barreiro. O local, que passa a funcionar 24 horas por dia a partir desta sexta-feira (17/2), conta com 21 poltronas para atendimento a pacientes que precisam receber hidratação venosa e 30 cadeiras para hidratação oral.

A unidade de hidratação possui sala de triagem, dois consultórios médicos, duas salas de reposição venosa e espaço para hidratação oral e a capacidade de atendimento pode chegar a até 300 pessoas por dia. A maternidade do Hospital Júlia Kubitschek também passou a ser referência municipal no atendimento a gestantes com dengue, chikungunya ou zika. 

A abertura da unidade de hidratação integra ações previstas no Plano de Contingência da Fhemig em relação às doenças causadas pelo Aedes aegypti, que prevê a ativação progressiva dos serviços, conforme a demanda do município de Belo Horizonte (gestor pleno da saúde) e a situação epidemiológica.

Dia D - A SES-MG, por meio das 28 Unidades Regionais de Saúde, está coordenando o Dia D em todo o estado, no dia 24/2. A ideia é promover o movimento Minas Unida do Combate ao Mosquito. Já aderiram 160 municípios mineiros de todas as regiões, que irão realizar mutirões comunitários para eliminar os focos de Aedes aegypti. 

Estão planejadas ações de mobilização para orientar e conscientizar a população que a responsabilidade diária de manter ambientes dentro das casas é também do cidadão.

“Esse e é um momento para sensibilizar toda a população e precisamos que todos nos ajudem a disseminar a importância de não deixar entulhos e água parada. É preciso destacar o papel de cada cidadão nesse processo, para que consigamos diminuir os números dessa doença que está nos afligindo muito em 2024”, salientou o secretário.

As prefeituras que ainda não fazem parte do movimento podem procurar a Unidade Regional de Saúde. Mais informações estão disponíveis em www.saude.mg.gov.br/aedes.

Atuação no estado - O Governo de Minas publicou, em 27 /1, decreto que declara a situação de emergência em Saúde Pública no Estado, em razão do cenário epidemiológico das arboviroses (dengue, zika e chikungunya), de modo a autorizar a adoção de medidas administrativas que se façam necessárias, tais como a requisição de bens ou serviços, além da flexibilização para contração de direta de produtos, insumos e materiais para atendimento no período da situação emergencial. 

A partir do decreto, foi implantado o Centro de Operação de Emergência (COE), estrutura de governança no âmbito da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) para a execução das medidas de enfrentamento da situação de emergência em Saúde Pública pelas arboviroses, incluindo monitoramento e gestão da emergência.

Além disso, a SES-MG está pagando, neste mês de fevereiro, um incremento de R$32,2 milhões aos municípios mineiros para o combate da dengue, zika e chikungunya no estado. O valor se soma aos R$80,5 milhões repassados em dezembro, enquanto outros R$32,2 milhões serão pagos no mês de julho.

A Secretaria de Estado de Saúde está investindo também R$ 30,5 milhões para que os municípios contratem o serviço de drones que serão utilizados na identificação, monitoramento e tratamento dos focos e criadouros do Aedes aegypti, permitindo uma atuação mais direcionada e eficaz por parte das Secretarias Municipais de Saúde. Foram repassados R$15 milhões em 2023 e o restante será pago já nos próximos meses.

Em novembro de 2023, a SES-MG publicou a Política Estadual para Vigilância, Prevenção e Controle das Arboviroses, que se configura como um conjunto de ações com a finalidade de prevenir e controlar a ocorrência dessas endemias na população e garantir o acesso a serviços de saúde, de forma oportuna, resolutiva, equânime, integral e humanizada, no âmbito do Sistema Único de Saúde em Minas Gerais (SUS-MG). Em paralelo, foi publicado o Plano Estadual de Contingência para Enfrentamento das Arboviroses com vistas a organizar as ações de enfrentamento em caso de surtos ou epidemia no estado de Minas Gerais. A SES também dá suporte na elaboração e acompanhamento dos Planos Municipais de Contingência (PMC). 

Dentre as ações realizadas durante todo o ano, destacam-se o monitoramento constante dos casos, incluindo os casos graves, incidência e óbitos, com atualização do Painel Arboviroses: Vigilância Epidemiológica: www.saude.mg.gov.br/aedes/painel e do boletim epidemiológico. Para direcionar as ações de controle pelos municípios mineiros, a SES-MG realiza ainda, trimestralmente, o Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LirAa/LIA) que aponta, entre outros, o Índice de Infestação Predial pelo Aedes (IIP).

Também são promovidas reuniões periódicas do Comitê Estadual de Enfrentamento das Arboviroses para deliberar sobre o cenário epidemiológico no estado e as ações a serem realizadas por cada eixo que o compõe, além de encontros regulares com os Comitês Regionais de Enfrentamento das Arboviroses, visando o planejamento de ações e o repasse de orientações, e com as Unidades Regionais de Saúde para alinhamento estratégico. A SES-MG distribui ainda inseticidas e equipamentos para viabilizar as atividades de controle vetorial nos municípios. 

Prevenção - Para prevenir a proliferação do mosquito causador da dengue e chikungunya, é fundamental a adoção de ações de proteção coletiva, como remoção de locais onde há acúmulo de água e eliminação de criadouros de mosquitos, além do tamponamento de caixas d’água e realização da limpeza das calhas.

Para a proteção individual contra a picada do mosquito, recomenda-se o uso de repelente, inclusive por pessoas com sintomas ou já diagnosticada com dengue ou chikungunya, uma vez que o mosquito pode se infectar ao picá-la e transmitir a doença para outros indivíduos. 

Tratamento - Em caso de sinais e sintomas suspeitos de arboviroses (dengue, chikungunya, zika) recomenda-se buscar o atendimento médico. As Unidades Básicas de Saúde em todo o estado são a porta de entrada para esses pacientes, que, se devidamente tratados, no tempo oportuno, não correm risco de evolução no quadro.

Mobilização e qualificação - A SES-MG está percorrendo todas as Macrorregionais de Saúde do estado para atuar junto a gestores, técnicos e profissionais dos municípios na avaliação, por meio de simulados, dos planos de contingência municipais, a fim de preparar e organizar as ações previstas.

Também foram realizados em Belo Horizonte o curso Arboviroses: Manejo Clínico e Plano de Contingências, voltado para profissionais e gestores dos municípios das Unidades Regionais de Saúde de Belo Horizonte, Sete Lagoas e Itabira, e o curso Qualificação em Manejo Clínico para Arboviroses, voltado para médicos e enfermeiros, que atuarão como multiplicadores para a assistência a pacientes em nível regional, alcançando toda a Rede de Atenção, de Unidades Básicas de Saúde a Unidades de Pronto Atendimento, de todo o estado.

No ambiente virtual da SES-MG, está disponível ainda o curso Arboviroses, para atualização do manejo clínico de pacientes com dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Voltado para os profissionais de saúde envolvidos no atendimento à população afetada por essas doenças, o curso aborda sintomas, sinais de alarme, diagnóstico diferencial e tratamento.

Por Jornalismo SES-MG