Tendo como slogan regional “Conhecer, prevenir, testar e tratar”, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros realizou, no dia 4 de outubro, videoconferência de mobilização para coordenadores municipais em vigilância epidemiológica e referências técnicas da sífilis. O objetivo foi orientar a respeito da realização de ações voltadas para a prevenção e o combate à sífilis como parte da campanha Outubro Verde, durante todo o mês e,  principalmente no período de 15 a 21, na Semana de Enfrentamento à Sífilis. As ações visam mobilizar a população em relação à realização de ações de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado da doença, além do investimento na educação continuada dos profissionais que atuam nos serviços de saúde.

A coordenadora de vigilância em saúde da SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, explica que a sífilis é transmitida por meio de relações sexuais desprotegidas, sangue ou produtos sanguíneos (agulhas contaminadas ou transfusão com sangue não testado), além da transmissão da mãe para o filho em qualquer fase da gestação, no momento do parto ou pela amamentação. O tratamento é estendido aos parceiros sexuais e é feito com antibióticos, além de ser acompanhado com a realização de exames clínicos e laboratoriais para avaliar a evolução da doença. 

05.10.2023.Montes Claros  mobilização

“A sífilis é uma infecção curável, com tratamento relativamente simples, mas pegar uma vez não promove imunidade. Nas formas mais graves da doença, como na fase terciária, a falta de tratamento adequado pode levar à morte. O uso de preservativos (tanto femininos como masculinos) durante todas as relações sexuais é a maneira mais segura de prevenir a doença. O acompanhamento das gestantes e dos parceiros sexuais durante o pré-natal contribui para o controle da sífilis congênita”, explica a coordenadora.

Durante a videoconferência, a referência técnica da Coordenadoria de Vigilância em Saúde da SRS Montes Claros, Adriana Barbosa Amaral, apresentou o cenário epidemiológico da doença. Em 2021 a frequência da sífilis adquirida no país foi de 78,5 casos por 100 mil habitantes e, em Minas Gerais, a taxa ficou em 74,8 mil casos por 100 mil habitantes. Entre 54 municípios que compõem a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros a taxa de frequência da sífilis adquirida ficou em 32,5 casos para cada grupo de 100 mil habitantes.

Ainda em 2021, em gestantes, a frequência da sífilis adquirida no país chegou a 27,1 casos por mil nascidos vivos; em Minas Gerais, a 23,2 casos e, na área de atuação da regional, chegou a 21 casos por mil nascidos vivos. 

Já a frequência da sífilis congênita, transmitida da mãe para o bebê durante a gestação ou amamentação, apresentou o seguinte cenário em 2021: no Brasil, são 9,9 casos por mil nascidos vivos; em Minas Gerais, 8,9 casos; e na área de jurisdição da regional, são 10,8 casos por mil nascidos vivos.

“Estamos num período de tendência de aumento de casos de sífilis. Por isso, a ampliação da testagem rápida, inclusive com a realização de ações fora das unidades de saúde, e o investimento na qualidade do pré-natal com a realização da testagem da gestante, tratamento e monitoramento dos casos positivos, incluindo os parceiros, são medidas de fundamental importância para controle da doença. Combater a sífilis adquirida tem impacto importante na contenção da transmissão da doença, inclusive das gestantes para os bebês”, reforçou a referência técnica Adriana Amaral. 

Outras medidas importantes que os municípios devem manter durante todo o ano são as ações de educação sexual envolvendo todas as faixas etárias da população. Entre as atividades, o foco deve ser direcionado ao planejamento familiar, ao pré-natal, às ações voltadas para o público presente nas salas de espera das unidades de saúde, escolas e universidades, além dos grupos de maior vulnerabilidade, constituído por pessoas do sexo masculino com idade entre 20 e 29 anos. 

Adriana Amaral também entende que o investimento na capacitação continuada dos profissionais de saúde é importante, visando aprimorar a qualidade dos serviços de pré-natal. Isso porque “o diagnóstico da sífilis em gestantes está ocorrendo de maneira tardia, muitas vezes momentos antes do parto, detecção essa que deveria ter acontecido no pré-natal”, observa a referência técnica.

 

Estratégias

Entre as ações a serem implementadas durante o Outubro Verde, a Superintendência Regional de Saúde realizará dia 25 de outubro capacitação para médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem sobre manejo clínico, tratamento e técnica de aplicação de penicilina em pacientes diagnosticados com sífilis. A capacitação será realizada por meio de videoconferência, numa parceria da SRS com o Serviço Ambulatorial Especializado Ampliado – (SAE), coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros. 

Já nos municípios, entre as sugestões apresentadas às referências técnicas estão a intensificação das ações de educação em saúde, por meio do estabelecimento de comunicação assertiva e efetiva com a população; realização de blitzes educativas e outras abordagens individuais e coletivas; busca ativa da população alvo (homens e mulheres com idade entre 20 e 35 anos) para a realização de testagem rápida; ampliação e garantia do acesso a tratamento a  pessoas com diagnóstico positivo para a doença.   

 

Hospitais e referência

Dentro do Plano de Estadual de Enfrentamento à Sífilis, implementado no período de 2021 a 2023, em julho do ano passado, por meio da Resolução 8.264, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) selecionou 14 hospitais da macrorregião de Saúde Norte para o atendimento à profilaxia da transmissão vertical da sífilis, hepatites virais e do vírus HIV em recém-nascidos. Os hospitais foram identificados como referências para o Programa de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/Aids), conforme critérios definidos pelas coordenadorias Materno Infantil, de IST/Aids e Hepatites Virais da SES-MG.

No Norte de Minas foram selecionadas as seguintes instituições: Hospital Municipal de Bocaiúva; Hospital Municipal Senhora Santana, de Brasília de Minas; Unidade Mista Municipal Dr. Brício de Castro Dourado, de São Francisco; Hospital Municipal São Vicente de Paulo, de Coração de Jesus; Hospital Municipal de Francisco Sá; Fundação de Assistência Social de Janaúba (Fundajan); Hospital e Maternidade Nossa Senhora das Graças, de Monte Azul; Hospital Municipal de Januária; Hospital Funrural, de Manga; Santa Casa de Montes Claros; Hospital Universitário Clemente de Faria, também sediado em Montes Claros; Hospital Dr. Moisés Magalhães Freire, de Pirapora; Hospital Municipal Dr. Oswaldo Prediliano Santana, de Salinas e o Hospital Santo Antônio, de Taiobeiras.

A resolução estabelece que outros hospitais que realizam partos e que desejam ofertar a testagem rápida às puérperas poderão se cadastrar no Sistema de Controle Logístico de Insumos Laboratoriais (Sisloglab) para receber os kits, desde que tenham estabelecido um fluxo de acesso aos medicamentos junto ao Serviço de Atendimento Especializado e à Unidade Dispensadora de Medicamentos, em caso de resultados positivos para HIV, sífilis ou hepatites virais.

Por Pedro Ricardo