“Com a ajuda de um macaco, dois mecânicos (um na frente e outro atrás) elevam o carro a cerca de 10 cm do chão. São três mecânicos para cada roda. ” Desse ponto até a saída dos boxes, uma operação, envolvendo troca de pneus e abastecimento, que mobiliza mais de 20 profissionais é realizada, o mais rápido e impecável possível, para que o piloto retome a corrida. Assim é como acontece o pit stop, em corridas de fórmula 1.

E é assim, como um pit stop, que o serviço de atendimento em casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) funciona, segundo o coordenador do atendimento ao AVC, da Macrorregião Sudeste de Minas Gerais, Bruno Barbosa Leite.

“Hoje nosso serviço é esse pit stop. Nós da enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, técnicos, até mesmo os recepcionistas e a parte médica, funcionamos assim. E os reguladores são como os chefes de equipe nos informando que o carro está indo para os boxes. Os carros, no caso, são os pacientes que necessitam do atendimento”, descreve Barbosa Leite.

A analogia ilustrou parte da Capacitação Médica para Linha de Cuidado do AVC, promovida pela Superintendência Regional de Saúde (SRS) Juiz de Fora, em parceria com o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Sudeste (CISDESTE). O evento foi realizado no auditório do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu/Cisdeste), em Juiz de Fora, nesta terça-feira, 04/7.

Créditos: Divulgação - SAMU 192 /CISDESTE

O evento teve participação dos 94 municípios da macrorregião sudeste, voltado para médicos e demais profissionais que atuam em Pronto Atendimento e UPA’s 24h. Além de hospitais que fazem atendimentos de urgência e emergência e atuantes na Atenção Primária da Saúde. A capacitação ocorreu de forma presencial e também foi transmitida via internet.

Segundo o Superintendente Regional de Saúde, Renan Guimarães de Oliveira, o encontro é importante para provocar a melhora do serviço de saúde ofertado na macrorregional Sudeste. “Essa iniciativa é voltada para instruir os médicos e equipes que atendem urgências e aqueles da atenção primária no reconhecimento, atendimento e correta condução dos casos de acidente vascular cerebral (AVC)”, explicou Oliveira.

A capacitação surgiu a partir de um estudo feito pelo médico e coordenador do atendimento ao AVC, Bruno Barbosa Leite e outros profissionais da área médica, que teve como base a capacidade técnica e os recursos disponíveis nas unidades hospitalares da macrorregião.

“Nosso objetivo é que a gente consiga fazer a triagem do paciente, com AVC, da melhor forma para o hospital de referência, para que ele chegue o quanto antes e consiga ter acesso ao tratamento ideal”, finalizou Barbosa Leite.

Acidente Vascular Cerebral*

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. É uma doença que acomete mais os homens e é uma das principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo.

Quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento do AVC, maiores serão as chances de recuperação completa. Desta forma, torna-se primordial ficar atento aos sinais e sintomas e procurar atendimento médico imediato.

Existem dois tipos de AVC, que ocorrem por motivos diferentes: AVC hemorrágico e AVC isquêmico.

AVC Isquêmico

O AVC isquêmico ocorre quando há obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais, que acabam morrendo. Essa obstrução pode acontecer devido a um trombo (trombose) ou a um êmbolo (embolia). O AVC isquêmico é o mais comum e representa 85% de todos os casos.

AVC Hemorrágico

O AVC hemorrágico ocorre quando há rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia. Esta hemorragia pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. É responsável por 15% de todos os casos de AVC, mas pode causar a morte com mais frequência do que o AVC isquêmico.

Sintomas

Existem alguns sinais que o corpo dá que ajudam a reconhecer um Acidente Vascular Cerebral.
Os principais sinais de alerta para qualquer tipo de AVC são:

  • Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo;
  • Confusão mental;
  • Alteração da fala ou compreensão;
  • Alteração na visão (em um ou ambos os olhos);
  • Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar;
  • Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.

Importante: Caso qualquer um desses sintomas apareçam, é fundamental ligar para o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU - 192), Bombeiros (193) ou levar a pessoa imediatamente a um hospital para avaliação clínica detalhada. Quanto mais rápido for o atendimento, maiores serão as chances de sobrevivência e recuperação total.

Fatores de risco

Existem diversos fatores que aumentam a probabilidade de ocorrência de um AVC, seja ele hemorrágico ou isquêmico. Os principais fatores causais das doenças são:

  • Hipertensão;
  • Diabetes tipo 2;
  • Colesterol alto;
  • Sobrepeso;
  • Obesidade;
  • Tabagismo;
  • Uso excessivo de álcool;
  • Idade avançada;
  • Sedentarismo;
  • Uso de drogas ilícitas;
  • Histórico familiar;
  • Ser do sexo masculino

Prevenção

Muitos fatores de risco contribuem para o aparecimento de um AVC e de outras doenças crônicas, como câncer e diabetes. Alguns desses fatores não podem ser modificados, como a idade, a raça, a constituição genética e o sexo. Outros fatores, entretanto, dependem apenas da pessoa e são os principais para prevenir essas doenças. São eles:

  • Não fumar;
  • Não consumir álcool;
  • Não fazer uso de drogas ilícitas;
  • Manter alimentação saudável;
  • Manter o peso ideal;
  • Beber bastante água;
  • Praticar atividades físicas regularmente;
  • Manter a pressão sob controle;
  • Manter a glicose sob controle.

*Informações do Ministério da Saúde

Por Jonathas Mendes