A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas Brasil), está promovendo nesta quarta e quinta-feiras, 28 e 29/6, uma capacitação para uso do Go.Data, uma ferramenta desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o monitoramento de surtos e coleta de dados epidemiológicos. O treinamento é realizado em resposta à declaração de emergência zoosanitária devido à detecção de focos de infecção pelo vírus da Influenza Aviária de alta patogenicidade (IAAP) - H5N1 - em aves silvestres no Brasil. O treinamento tem como objetivo apresentar a ferramenta à equipe do Estado de Minas Gerais, visando descentralizar sua utilização e fortalecer as estruturas regionais para o monitoramento nos municípios.

Crédito: Fábio Marchetto

O Go.Data é uma ferramenta versátil, livre e sem custos, que permite a coleta de dados de campo, rastreamento de contatos e visualização de cadeias de transmissão. Já foi utilizado no Brasil para monitoramento de pessoas com sintomas de doenças como sarampo, Mpox e covid-19, e agora será aplicado no contexto do monitoramento de pessoas que tenham tido contato com aves com Influenza Aviária. Sua flexibilidade possibilita a adaptação e criação de modelos para facilitar investigações epidemiológicas, sendo acessível tanto online quanto offline em diferentes plataformas e sistemas operacionais, como computadores, celulares e tablets.

A coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerai (CIEVS-Misnas), Eva Lídia Arcoverde, destaca as vantagens a partir do uso da plataforma. “A utilização do Go.Data traz melhorias significativas em termos de qualidade e consistência dos dados, agilizando o contato entre os municípios para informar situações de monitoramento de pessoas que tenham tido risco de exposição a um agente infeccioso. Além disso, o programa permite um rastreamento mais eficiente, superando as limitações territoriais anteriores, o que antes era um desafio ao se depender apenas de planilhas. A plataforma permite delinear a rede de transmissão de doenças a partir dos contatos registrados no sistema”, comenta.

Em Minas Gerais, a Secretaria selecionou as vigilâncias epidemiológicas de Barbacena, Belo Horizonte, Divinópolis, Juiz de Fora, Passos, Ponte Nova, Sete Lagoas, Ubá, Uberlândia e Varginha, os CIEVS de Contagem, Governador Valadares, Juiz de Fora, Montes Claros e Uberlândia, o município de Itanhandu. Essa seleção foi feita em parceria com o Instituto Mineiro de Agropecuária, levando em conta municípios e regiões de importância na produção aviária em Minas. Também participam áreas técnicas da SES-MG, como a Assessoria Técnica e Informação, CIEVS Minas, e a Atenção Primária à Saúde. Cerca de 20 profissionais participaram do primeiro dia de treinamento. “Com a capacitação em Go.Data, a SES-MG visa fortalecer sua capacidade de resposta à Influenza Aviária e outros eventos de importância em saúde pública”, ressalta Eva Arcoverde.

Os participantes do treinamento serão responsáveis por replicar o conhecimento adquirido em seus respectivos territórios, fortalecendo assim o monitoramento e controle da Influenza Aviária em Minas Gerais. A capacitação é ministrada pelos membros técnicos da OPAS Brasil, Felipe Lopes Vasconcelos e Rodrigo Said, especialistas no uso do Go.Data.

Rodrigo Said, oficial nacional de Emergências em Saúde da Opas Brasil, enfatizou que o Go.Data é uma ferramenta gratuita disponibilizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e tem como objetivo apoiar os serviços de saúde, equipes de vigilância e atenção primária no monitoramento de pessoas expostas a agentes infecciosos. “A plataforma estrutura os processos de trabalho, permitindo o acompanhamento diário da situação de saúde e organizando uma espécie de árvore das pessoas que tiveram contato com indivíduos previamente expostos ao agente infeccioso. Dessa forma, é possível identificar a cadeia de transmissão, quantificar o número de pessoas monitoradas e acompanhar o seguimento conforme preconizado”, explica.

Análise

No processo de inserção de dados na plataforma, os municípios notificarão casos de pessoas expostas ao agente infeccioso, como indivíduos que tiveram contato com aves infectadas pela Influenza Aviária. A partir desse registro, as equipes de vigilância poderão monitorar essas pessoas por um período de 10 dias. Caso alguma delas manifeste sintomas durante esse período, será estabelecida uma rede de contato, monitorando também as pessoas que interagiram com o indivíduo sintomático. Essa ferramenta possibilita visualizar a cadeia de transmissão da doença e demonstrar a estrutura dessa rede, inclusive facilitando o compartilhamento de informações entre diferentes municípios.

O uso do Go.Data já foi aplicado em diferentes contextos, como o monitoramento de escolares para covid-19, surtos de sarampo, Mpox, tuberculose e outros agravos causados por agentes infecciosos. “Durante o treinamento, vamos prestar suporte ao estado para o uso dessa ferramenta, oferecendo orientações e auxiliando em eventuais dúvidas decorrentes da expansão do seu uso no contexto da emergência da Influenza Aviária”, informa Rodrigo Said. Ele ainda ressalta que essa capacitação é uma medida importante de preparação do sistema de saúde em Minas Gerais, mesmo que até o momento não tenha sido identificado nenhum caso suspeito de influenza aviária no território do estado. “A plataforma permite a automatização de diversos processos, proporcionando maior agilidade na análise e interpretação dos dados coletados pelas equipes de campo, além de possibilitar uma tomada de decisão oportuna por parte dos gestores locais”, aponta.

A intenção é fortalecer os serviços de saúde e desenvolver essa capacitação em todos os estados do Brasil, por meio de uma parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde e o Ministério da Saúde (MS). O Go.Data utiliza um servidor do MS para a gestão do banco nacional de dados. Por meio de um cadastro e senha, os técnicos têm acesso ao sistema para realizar a gestão do processo de investigação epidemiológica dos casos em monitoramento e das pessoas expostas ao agente infeccioso.

Por Jornalismo SES-MG