A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Ministério da Saúde (MS) e Organização Panamericana de Saúde (OPAS) concluíram, na sexta-feira, 14 de abril, a realização de encontros com gestores de saúde do Norte de Minas, com objetivo de contextualizar o cenário assistencial, epidemiológico, de controle vetorial e alinhamento de atividades para conter o avanço dos casos notificados de arboviroses, principalmente dengue, febre chikungunya e zika vírus. Os encontros começaram terça-feira, 11 de abril, e foram concluídos na sexta-feira, em Montes Claros, no auditório do Consórcio Intermunicipal Mutifinalitário da Área Mineira da Sudene (Cimams).

Além de Montes Claros, os técnicos também participaram de encontros e visitas a unidades de saúde de Janaúba. Quinta-feira, 13 de abril, foi realizado encontro com gestores da microrregião de Saúde de Janaúba/Monte Azul, em que foram alinhadas ações de integração dos serviços de Atenção Primária à Saúde, vigilâncias epidemiológicas, laboratorial e de saúde, bem como dos serviços de Atenção Especializada visando garantir o acolhimento e tratamento de pessoas acometidas por arboviroses.

Na abertura do encontro de sexta-feira, a superintendente regional de saúde Dhyeime Thauanne Pereira Marques, destacou a importância do trabalho conjunto entre a SES-MG, Ministério da Saúde e OPAS, diante do cenário atípico até então registrado no Norte de Minas, em relação ao aumento dos casos notificados de dengue e febre chikungunya.

Foto: Pedro Ricardo - SRS Montes Claros

“O trabalho conjunto das diversas instâncias de instituições ligadas à saúde é ação importante no sentido de fortalecer o apoio aos municípios do Norte de Minas que enfrentam uma epidemia de arboviroses. A troca de experiências e alinhamento de ações possibilita aos municípios reforçar o trabalho de vigilância e de assistência à população, o que, consequentemente, agregará experiência para o enfrentamento de situações semelhantes nos próximos anos”, destacou a superintendente.

O presidente regional do Conselho de Secretarias de Saúde de Minas Gerais, Edivaldo Farias da Silva Filho, reforçou que “a realização de encontros entre equipes técnicas da SES-MG, Ministério da Saúde e OPAS possibilita a troca de conhecimentos sobre a realidade regional, levando em conta que Minas Gerais possui 853 municípios e regiões com realidades distintas. A troca de experiências possibilita aos gestores de saúde da região ter mais segurança para a implementação das ações visando superar o momento adverso”, frisou o dirigente do Cosems.

Ao apresentar o cenário epidemiológico das arboviroses neste ano no país, Morgana de Freitas Carciolo, do Centro de Operações de Emergência de Arboviroses do Ministério da Saúde, observou que Minas Gerais passa, neste ano, por um momento de aumento significativo dos casos de dengue e febre chikungunya, afetando principalmente municípios localizados na região Centro e Norte do Estado. 

Em todo o país, salientou a representante do Ministério da Saúde, já foram notificados neste ano 68.125 casos de chikungunya em 1.740 municípios, com ocorrência de dez óbitos. Isso representa aumento de 1.400% em relação a 2022. Já os casos de dengue tiveram aumento de 631% neste ano em relação a 2022. 

Nesse contexto, observou Morgana Carciolo, “os municípios precisam reforçar as ações de vigilância epidemiológica e de saúde; a notificação e investigação de casos relacionados às arboviroses; integrar os serviços de entomologia, atenção primária e especializada em saúde com as vigilâncias epidemiológica e de saúde, visando controlar e impedir o aumento da transmissão de doenças”.

Na mesma linha de raciocínio, Rodrigo Giesbrecht Pinheiro, referência técnica em controle vetorial do Ministério da Saúde, lembrou que “ações de eliminação do mosquito adulto do Aedes aegypti são mais difíceis, mais caras e pouco efetivas. Daí a importância dos municípios valorizarem o trabalho dos agentes comunitários de saúde e de controle de endemias, ofertando condições adequadas de trabalho, incluindo equipamentos de proteção individual e equipamentos suficientes para a realização de visitas domiciliares”. 

A consultora técnica da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), Helena Lima da Silva Neta lembrou que a organização dos serviços de atenção à saúde, integrado à vigilância laboratorial, epidemiológica e de saúde, é desafio para os municípios, mas é parte essencial para que a população tenha acesso a tratamento e efetiva assistência médica. “Isso é fundamental para evitar que os serviços de maior complexidade em saúde sejam ainda mais sobrecarregados, acolhendo pacientes que poderiam ter a situação de saúde resolvida nas unidades básicas de saúde”, observou Helena Lima.

 

Apoio

Ao destacar que entre 2021 e 2023 a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) já repassou aos municípios mais de R$ 197,9 milhões para custeio e manutenção de ações voltadas para as vigilâncias epidemiológicas e de saúde, além do pagamento de despesas com pessoal e de capital, Roseli Gomes de Andrade, referência técnica em arboviroses da SES-MG, reforçou que os municípios precisam colocar em prática os planos de contingência voltados para o enfrentamento da dengue, febre chikungunya e zika vírus. 

“Os planos municipais de contingência precisam ser elaborados com a participação dos profissionais de saúde, precisam ser divulgados e colocados em prática. Deixá-los numa gaveta não vai contribuir para os municípios enfrentarem a situação de aumento dos casos notificados de arboviroses. A mobilização da população, incluindo comunicação de qualidade, também é importante para que as ações de controle e eliminação de focos do Aedes aegypti tenham êxito com a adesão da população em geral”, pontuou a referência técnica. 

Roseli Andrade lembrou que novas tecnologias estão sendo estudadas pelo Ministério da Saúde para o enfrentamento das arboviroses, entre elas o uso de ovitrampas e da bactéria wolbachia. “Já existem experiências exitosas que serão colocadas à disposição dos municípios”, salientou a referência técnica da SES-MG. 

Com base nos encontros realizados em Montes Claros e Janaúba, a coordenadora de vigilância em saúde da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes avalia que “o reforço das ações com vistas ao enfrentamento às arboviroses no Norte de Minas, envolvendo a SES-MG, Ministério da Saúde e OPAS, é uma iniciativa importante, inclusive no sentido de reforçar orientações já repassadas aos gestores municipais e a profissionais que atuam nos serviços de saúde”.

Por Pedro Ricardo