A diversificação de ações em comemoração ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, celebrado em 18 de maio, trouxe um importante recado para a população das cidades abrangidas pela Gerência Regional de Saúde (GRS) de Ubá: pessoas em sofrimento mental têm direito à dignidade, liberdade e a conquistarem seus sonhos. Assim, atividades como jogos esportivos, passeio de trenzinho, piqueniques nas praças, passeatas, carnaval fora de época e até mesmo uma viagem para a praia trouxeram um clima alegre para as discussões deste mês de maio, dedicado à causa abolicionista contra os manicômios.  

Passeio de trenzinho do CAPS I de Ubá; Carnaval no CAPS AD de Muriaé; Passeata em Vieiras e Movimento nas ruas e praças de Senador Firmino - Foto: Divulgação

Viagem como meio de inserção social

Realizando o sonho de conhecer o mar de quase todos os 32 integrantes da excursão, a Associação Andorinhas (Associação Ubaense de Saúde Mental – Artes e Culturas), em parceria com a agência de Turismo Pé na Estrada, levou pacientes da unidade do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas CAPS-AD de Ubá e da policlínica regional para Paraty-RJ. “O pré-requisito para ir era estar em dia com o projeto terapêutico singular e ter participado dos nossos projetos de economia solidária, como venda de artesanatos e agendas. Inclusive, foi assim que financiamos completamente essa excursão, principalmente com a venda das nossas agendas, que é patrocinada pelo Centro Universitário Governador Ozanam Coelho (UNIFAGOC), e que nossos pacientes vendem de porta em porta”, contou Sônia Márcia de Abreu, enfermeira e coordenadora de projeto de reinserção social da Associação Andorinhas.

A escolha do destino foi coletiva, sendo que, antes da pandemia, o projeto já tinha realizado passeios no Rio de Janeiro, São João Del Rey, Tiradentes e Juiz de Fora. “Foi emocionante ver os olhos felizes de quem estava vendo o mar pela primeira vez. Além disso, Paraty também agregou uma bagagem cultural muito grande por ser uma cidade histórica, patrimônio da humanidade, contribuindo para as expressões artísticas dos pacientes. Certamente foi a melhor escolha”, afirmou Sônia.

Viagem a Paraty do CAPS AD e Policlínica de Ubá; unidades de saúde mental de Muriaé participando de jogos esportivos entre serviços em Itaperuna; caminhada em Patrocínio do Muriaé - Foto: Divulgação

Para Fabiana Érica de Souza, servidora da GRS Ubá e doutoranda em Saúde Pública pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a ocupação dos mais diversos espaços pelos pacientes é de extrema importância para o fortalecimento da Luta Antimanicomial. “É preciso reverter a lógica de aprisionamento e manicômio que está embutida na sociedade brasileira e, para isso, precisamos estar em ambientes e lugares que, antigamente, os usuários não tinham acesso e ainda hoje sofrem preconceito. É preciso lutar contra o retorno dos manicômios, pois isso só trará prejuízo para nós enquanto nação. Devemos lutar nos campos clínicos e das políticas públicas para garantir a liberdade de todos”, enfatizou Fabiana.

Por Keila lima