A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Uberaba realizou, nos dias 7, 8 e 9/12, oficina de formação de multiplicadores para uso do Sistema de Informação em Saúde Silvestre (SISS‐Geo), a ser utilizado para registro de epizootias em primatas não humanos, na vigilância da febre amarela, em Minas Gerais. A oficina, realizada no auditório da SRS-Uberaba, contou com a presença de gestores municipais de saúde, coordenadores de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e de Zoonoses, e sensibilizou os profissionais para incorporação da plataforma SISS‐Geo, visando à detecção precoce da febre amarela.

Crédito: Sara Braga

A iniciativa é uma estratégia adotada pelo Ministério da Saúde (MS) em algumas unidades federadas consideradas importantes no aspecto territorial para dispersão do vírus amarílico. Minas Gerais foi elencada como prioritária, devido à relevância histórica das epidemias ocorridas entre 2016 e 2018. O uso do sistema tem como vantagem a detecção precoce da doença e a divulgação da informação nos diferentes níveis de gestão (local, regional, estadual e federal) em tempo real. Além disso, permite o mapeamento da ocorrência, traçando os possíveis caminhos de dispersão do vírus, possibilitando melhor avaliação de risco e definição de áreas prioritárias para ações de prevenção, vigilância e controle. Durante a oficina, os participantes preencheram e assinaram um termo de condições de uso institucional das informações oriundas do SISS-Geo.

Roberta Resende, referência em Febre Amarela da SRS-Uberaba e responsável pelo curso, explica que, diante da situação de alerta em Minas Gerais, devido ao registro de epizootias confirmadas para febre amarela em 2021, a capacitação foi organizada para fortalecer a vigilância na macrorregião, sendo o foco deste encontro, a vigilância de primatas não humanos. Segundo ela, “além de apresentar o SISS-Geo, também reforçamos a importância de uma boa cobertura vacinal contra a febre amarela, da realização de ações de educação em saúde para conscientização da população e também dos fluxos de comunicação entre os setores envolvidos, no âmbito municipal. É importante lembrar que todas estas ações têm como objetivo final evitar casos de febre amarela em humanos", concluiu.

Sara Pereira Assunção, coordenadora de Vigilância Ambiental do município de Itapagipe, gostou muito da capacitação e, para ela, o mais importante é divulgar amplamente a necessidade de a população informar prontamente ao centro de controle de zoonoses de seu município o aparecimento de um primata morto. “Com mais eficiência no tempo de captação dos animais, a chance de conseguirmos avaliar as vísceras adequadamente e realizar um diagnóstico, é maior. Muitas vezes, os primatas já chegam em estágio de decomposição avançado, e isso inviabiliza a análise. Sendo assim, devemos realizar um marketing amplo quanto a isso”, ressaltou.

Epizootia

De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, Epizootia é um conceito utilizado em saúde pública veterinária para qualificar a ocorrência de um determinado evento em um número de animais ao mesmo tempo e na mesma região, podendo levar ou não a morte. As principais são dengue, febre amarela, febre do Nilo Ocidental, encefalite de Saint Louis, mayaro, oropouche, chikungunya e encefalites eqüinas. A Vigilância de primatas não humanos tem como objetivo a prevenção de casos humanos de febre amarela, por meio da identificação precoce da circulação viral na população de macacos mortos ou doentes (vigilância passiva).

Também na segunda semana de dezembro, foi promovido um treinamento para coleta e necropsia de epizootia em primatas não humanos, no Centro de Controle de Zoonoses de Belo Horizonte. A iniciativa é da Coordenação Estadual de Arboviroses da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e o objetivo é potencializar estratégias de campo para vigilância da febre amarela, já que há registros de epizootias confirmadas no Norte de Minas, tornando importante a vigilância dessa patologia. Até o dia 10/12, havia 14 notificações de epizootia com confirmação para febre amarela no estado. No território da SRS-Uberaba não há epizootias confirmadas, e constam duas notificações da última semana, aguardando resultado de exames.

José Antônio Ribeiro, referência do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da SRS-Uberaba, participou do curso, juntamente com profissionais de outros municípios da macrorregião, e afirma que “o treinamento é de extrema importância para identificar a circulação da febre amarela em uma determinada região, antes mesmo que ela apareça em humanos. Os primatas são hospedeiros do vírus, mas graças à vigilância e a vacinação da população, tem sido possível realizar um melhor controle. É importante ressaltar que a prevenção é a melhor escolha sempre, e para que ocorra, é importante aprimorar e aplicar constantemente os conhecimentos adquiridos”.

Por Sara Braga