Trinta e oito tutores de 21 municípios da microrregião de Ponte Nova concluíram, em 14/5, o ciclo de oficinas de formação de tutores do projeto Saúde em Rede. A cerimônia de encerramento e entrega de certificados aconteceu no auditório do Sindicato dos Produtores Rurais de Ponte Nova e reuniu, além dos tutores e gestores de saúde municipais, analistas regionais da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova, analista central da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), apoiadora da Escola de Saúde Pública de Minas Gerais (ESP-MG) e apoiadora do Conselho das Secretariais Municipais de Saúde (Cosems) Ponte Nova.

As atividades formativas aconteceram em dez ciclos, com duração de um ano e seis meses, e se desmembraram em oficinas tutoriais nas Unidades Laboratório (UL) – Unidades Básicas de Saúde (UBS) escolhidas para replicação dos conteúdos, além das demais UBS dos municípios por meio de processo de expansão (que deverá ser concluído dentro de 36 meses, conforme prazo da resolução vigente). Ao longo de todo o percurso, foram trabalhados os conceitos de Rede de Atenção à Saúde (RAS), vigilância em saúde, cuidado em saúde, determinantes sociais da saúde, modelo de atenção às condições crônicas, Educação Permanente em Saúde (EPS), trabalho em equipe, práticas interprofissionais colaborativas e construção social da Atenção Primária à Saúde (APS).

21.05.2024-Ponte Nova-Saúde em Rede

A analista regional do projeto, Karen Ségala, manifestou orgulho por ter participado dessa condução coletiva. “O Saúde em Rede é potente, porque atua na realidade dinâmica, no território vivo, na saúde pública e em todos os determinantes sociais que ela possui. As informações compartilhadas chegarão ao usuário do Sistema Único de Saúde (SUS), lá na ponta, em forma de assistência qualificada, acolhimento humanizado e atendimento compartilhado”, comemorou.

A apoiadora da ESP-MG, Ludmila Brito, declarou sua percepção, em cada ciclo e em interface com os tutores, da potência que coletivos de trabalhadores implicados com suas realidades têm de autoanalisar e de criar novos modos de fazer a partir dos subsídios fornecidos pelo projeto. “Isso corrobora uma das bandeiras do projeto Saúde em Rede e o referencial político-pedagógico da ESP-MG: a aposta na força da EPS”.

Ludmila Brita afirmou ainda que os resultados tangíveis e intangíveis se materializam nos números apresentados no monitoramento final e também no relato de participantes e gestores. “A expectativa é que a expansão interna dê capilaridade ao processo e permita o alcance de mais e mais unidades”.

A analista central Adriana Tiago, responsável por apresentar o monitoramento final aos concluintes do processo formativo, destacou a possibilidade de ofertar, por meio do projeto, uma atenção à saúde mais qualificada para o usuário de forma integrada com os níveis mais complexos de atenção. “O sucesso do projeto no polo Ponte Nova foi uma conquista coletiva, pois percebemos o quanto cada um se dedicou e deu o seu melhor para implementar as ferramentas de qualificação do trabalho e de melhoria da interlocução entre os serviços da rede, ressignificando o papel da APS como ordenadora do cuidado”.

O tutor municipal de Piedade de Ponte Nova, Vitor Trevenzoli, deixou seu depoimento sobre a importância do projeto no cotidiano das UBS do município, definindo-o como um resgate da saúde pública dentro da APS. “Tem sido uma oportunidade de rever e refletir sobre nossos processos e modalidades de atendimento, fortalecendo as ações estruturais e também trazendo novidades, como a intersetorialidade e a troca de informação com outros níveis de atenção”, testemunhou.

Além da certificação, que ocorreu na parte da tarde, houve, no turno da manhã, acesso ao conteúdo sobre Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes mellitus (HAS/DM), com participação especial da cardiologista e ecocardiografista Tarcila Paoli Marques Moreira, que atua no Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD), em Ponte Nova, e faz parte da equipe da linha de cuidados HAS/DM de Alto e Muito Alto Risco.

Sobre o Saúde em Rede
O projeto Saúde em Rede iniciou-se em 2019, como uma etapa piloto, nos 29 municípios da macrorregião de Jequitinhonha, com a condução da SES-MG, em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e com o Hospital Israelita Albert Einstein. Considerando a importância da ampliação do projeto para todo o território mineiro, a SES-MG firmou uma parceria com a ESP-MG para o desenvolvimento conjunto do processo de expansão em três ondas, alcançando, hoje, 852 municípios em Minas Gerais.

Trata-se de um processo de Educação Permanente em Saúde, que tem como propósito ampliar as capacidades das equipes da Atenção Primária em Saúde (APS) e da Atenção Ambulatorial Especializada (AAE) para analisarem seus processos de trabalho e reorganizá-los, em busca do atendimento às necessidades de saúde dos usuários do Sistema Único de Saúde. O projeto busca, também, fortalecer a articulação e o trabalho integrado entre diferentes serviços que compõem a Rede de Atenção à Saúde.

Por Tarsis Murad / Foto: Graziele Dias