A raiva é uma doença infecciosa, causada por vírus, que pode trazer conseqüências graves aos humanos. Ataca o Sistema Nervoso Central, provocando múltiplas lesões inflamatórias no cérebro. A doença exige atenção, pois, pode levar à morte na imensa maioria dos casos.

A raiva é transmitida ao homem por meio de mordedura, arranhadura ou lambedura em pele ferida, causada por animais doentes. O vírus evolui no organismo para o sistema nervoso, causa inchaço ou inflamação e outros sintomas da doença. A distribuição da raiva é mundial, com cerca de 40 a 70 mil mortes ao ano, principalmente em países em desenvolvimento. Ainda nos dias atuais, a raiva representa um sério problema de saúde pública e produz grandes prejuízos econômicos à pecuária.

Apenas os mamíferos transmitem e são acometidos pelo vírus da raiva. A transmissão ocorre quando o vírus da doença, presente na saliva do animal infectado, penetra no organismo através da pele ou de mucosas, por meio de mordedura, arranhadura ou lambedura.

No ambiente urbano brasileiro, cães e gatos são as principais fontes de infecção. Além disso, o morcego hematófago é um importante vetor da doença, já que pode infectar outras espécies de morcegos, bovinos e equinos. É importante destacar que todos esses animais, desde que infectados, podem transmitir a raiva para humanos.

Fique ligado(a)!

Todo cão e gato que apresentar mudança brusca de comportamento e/ou sinais e sintomas compatíveis com a raiva, tais como salivação abundante, dificuldade para engolir, mudança nos hábitos alimentares e paralisia, deve ser considerado suspeito. Esses animais suspeitos devem ser observados por até 10 dias em local seguro, sem acesso a rua, com alimentação e água disponível. Caso o animal (cão ou gato) morra ou desapareça no período de observação, entre em contato com o serviço de saúde de seu município.

Após o intervalo entre a data do primeiro contato com o vírus até o início dos sintomas da doença, conhecido como período de incubação, surgem sinais clínicos da raiva. Nesse período, o paciente pode apresentar sinais e sintomas como: mal-estar geral, pequeno aumento de temperatura, perda de apetite, dor de cabeça, náuseas, dor de garganta, dormência, irritabilidade, inquietude e sensação de angústia.

Podem ocorrer ainda aumentos de linfonodos, da sensibilidade da pele, formigamento no trajeto de nervos periféricos próximos ao local da mordedura, além de alterações de comportamento. Sem assistência adequada, a infecção progride, com manifestações clínicas mais graves.

O período de incubação da raiva é muito variável, desde dias até anos, com uma média de 45 dias no ser humano. Em crianças, o período de incubação tende a ser menor que no adulto.

A vacinação anual de cães e gatos é eficiente na prevenção da raiva nesses animais e fundamental para a prevenção da raiva humana. Deve-se sempre evitar de se aproximar de cães e gatos sem donos, não mexer ou tocá-los quando estiverem se alimentando, com crias ou mesmo dormindo. Nunca tocar em morcegos ou outros animais silvestres diretamente, principalmente quando estiverem caídos no chão ou encontrados em situações não habituais.

Dentre as ações de prevenção contra a raiva, estão também a profilaxia da raiva humana por meio da vacinação (pré ou pós exposição), e aplicação de soro ou imunoglobulina antirrábica humana, quando necessário. A vacinação preventiva contra a raiva é indicada apenas para pessoas com risco de exposição permanente ao vírus, durante atividades ocupacionais.

Contatos indiretos, como a manipulação de utensílios potencialmente contaminados, a lambedura na pele íntegra e acidentes com agulhas durante a aplicação da vacina animal, não são considerados acidentes de risco e não exigem esquema profilático.

Em caso de agressão por parte de algum animal, cuidados gerais serão repassados pelo profissional de saúde, de acordo com a avaliação da lesão. O esquema de profilaxia da raiva humana deve ser prescrito pelo médico ou enfermeiro, que avaliará o caso, indicando, quando necessário, a aplicação de vacina e/ou soro. A raiva é fatal, por isso a profilaxia pós-exposição, se indicada, não deve ser interrompida.

Nos casos de agressão por cães e gatos, quando possível, observe o animal por 10 dias para ver se ele manifesta doença ou morre. Caso o animal adoeça, desapareça ou morra nesse período, informe ao serviço de saúde de imediato. Isso é importante para avaliação e orientação quanto à coleta de amostras para diagnóstico laboratorial, quando for possível, como também para a reavaliação do tratamento profilático das pessoas, conforme caso a caso.

A história vacinal do animal agressor não constitui elemento suficiente para a dispensa da indicação do esquema profilático da raiva humana.

O diagnóstico de raiva deve ser considerado em pacientes que apresentam encefalopatia de causa desconhecida. O diagnóstico laboratorial in vivo dos casos de raiva humana pode ser realizado pelo método de imunofluorescência direta-IFD, aplicado em amostras de saliva (esfregaço), impressão de córnea ou raspado de mucosa lingual, e isolamento viral em camundongo ou cultivo celular de amostra de saliva.

Quando a profilaxia antirrábica não ocorre e a doença se instala, pode-se utilizar um protocolo de tratamento da raiva humana, baseado na indução de coma profundo, uso de antivirais e outros medicamentos específicos.