01 de Fevereiro de 2019 , 11:08
Atualizado em 14 de Abril de 2021 , 12:22
Brumadinho | Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais
No dia 25 de janeiro, uma barragem contendo rejeitos de processamento de minério se rompeu no município de Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Imediatamente, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) reativou o Comitê de Operações de Emergência na Saúde (COES), responsável por coordenar ações para enfrentamento de desastres, dentro do âmbito da Saúde Estadual.
O rompimento da barragem de Brumadinho oferece riscos imediatos e futuros à saúde de quem possa ter contato com os rejeitos provenientes da barragem, e àqueles que vivem próximo ao rio Paraopeba. Para esclarecer a população e aos profissionais de saúde sobre como proceder em situações de emergência de saúde pública, a SES-MG reúne nessa página orientações, comunicados, informes e protocolos sobre cuidados em saúde diante desse acontecimento.
Em situações de emergência, como a ocorrida em Brumadinho, algumas doenças podem se propagar facilmente em decorrência da contaminação da água e dos alimentos. Portanto, não consuma alimentos que tenham tido contato com a lama, incluindo alimentos embalados, enlatados ou perecíveis (como frutas, legumes e verduras). Não pesque ou consuma peixes provenientes do Rio Paraopeba. A água tratada pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), não apresenta risco para saúde humana. Acompanhe os informes atualizados sobre o abastecimento de água na reguão do Rio Paraopeba, no site da Copasa.
» Clique aqui e saiba mais sobre prevenção à Doenças Transmitidas por Água/Alimentos (DTAs)
ATENÇÃO: Caso apresente sintomas como vômitos, coceira, tontura, diarreia, procure o serviço de saúde mais próximo e informe sobre o contato com a lama ou alimentos contaminados
Veja abaixo como tratar adequadamente a água com hipoclorito de sódio:
Há algum levantamento da qualidade da água na usina de Três Marias e em outras localidades do Rio Paraopeba?
Em relação à água que é tratada pela Copasa, conforme comunicado publicado no site da Companhia, a população da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) continua sendo abastecida normalmente. As represas do Rio Manso, Serra Azul, Várzea das Flores e a captação, a fio d’água, no Rio das Velhas, estão com plena capacidade para atender a região.
Que tipos de doenças podem ocorrer na região já que os cursos d´água foram afetados? Há um levantamento de quantas pessoas procuraram os serviços de saúde com algum sintoma/doença?
Entre as doenças que podem surgir estão leptospirose e doença diarreica. Contudo, até o presente momento não foi notificado nenhum caso de leptospirose na localidade. Já em relação à doença diarreica, até o momento, a SES-MG recebeu a notificação de quatro casos na região. Contudo, os casos não evoluíram para formas mais graves da doença e todos que apresentaram sintomas foram acolhidos pelas equipes de Atenção Básica à Saúde do município de Brumadinho.
Qualquer pessoa que tenha tido contato com a água bruta do Rio Paraopeba – após a chegada da pluma de rejeitos – ou ingerido alimentos que também tiveram esse contato, e apresentar náuseas, vômitos, coceira, diarreia, tonteira, ou outros sintomas, deve procurar a unidade de saúde mais próxima e informar sobre esse contato.
Quais ações a SES-MG está realizando para evitar essas doenças na região afetada?
A Secretaria está emitindo orientações e alertas a todos os profissionais envolvidos no atendimento, para que fiquem atentos ao surgimento de novos casos de diarreia e de outras doenças de notificação compulsória (imediata), como leptospirose e rota vírus.
Outra medida adotada é a verificação vacinal de toda a população e de profissionais que atuam no resgate e atendimento em Brumadinho, com um cuidado especial para a vacina contra febre amarela e dupla adulto (que protege contra tétano).
Quais são as recomendações com relação às vacinas?
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) recomenda à população da região afetada pelo rompimento da barragem buscar a Unidade Básica de Saúde mais próxima para avaliar a necessidade de vacinação, seguindo o Calendário Nacional de Vacinação. A Coordenação Estadual de Imunização da SES-MG segue as normas do Programa Nacional de Imunização (PNI), ou seja, vacinando a população dentro dos calendários básicos de vacinação do Ministério da Saúde (MS). Portanto, orienta-se que seja realizada uma vacinação seletiva para este público, de acordo com as vacinas recomendadas para cada idade. Isto significa que o profissional de saúde irá avaliar caso a caso para definir se há ou não necessidade de vacinação.
A respeito do cartão de vacinação, recomenda-se que seja utilizado como guia pelos profissionais de saúde no momento de definir qual ou quais vacinas cada indivíduo necessita. Porém, caso a pessoa não esteja de posse do cartão, num primeiro momento, busca-se o chamado cartão espelho nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Secretarias Municipais de Saúde. A partir dessa busca, vacina-se de acordo com o registrado na cópia do cartão. Já nas situações em que não é possível comprovar o estado vacinal, a orientação é considerar como pessoa não vacinada e iniciar esquema vacinal de acordo com o calendário/idade, aplicando todas as vacinas pertinentes.
Quais os cuidados para evitar as Doenças Transmitidas pela Água/Alimentos?
• Todo alimento em qualquer tipo de embalagem (mesmo os enlatados) que entrou em contato com a lama ou foi soterrado – é considerado IMPRÓPRIO PARA O CONSUMO HUMANO e deve ser devidamente descartado; • Todo alimento que exige conservação por refrigeração (alimentos resfriados e congelados) cujo equipamento (geladeira/freezer) ficou sem abastecimento de energia elétrica deve ser descartado; • Atentar para a validade dos produtos e, mesmo que eles estejam dentro do prazo de validade, se perceber qualquer indicativo de alteração do produto, seja: cor, sabor, cheiro ou consistência, não consumi-lo; • Verifique as embalagens dos alimentos industrializados, sejam em vidro, lata ou caixa tipo longa vida. Só consuma alimentos daquelas que não estejam danificadas, amassadas, enferrujadas ou abertas. As embalagens devem ser higienizadas com hipoclorito; • Verduras e hortaliças (que devem ser provenientes de áreas não-afetadas) devem passar por limpeza e desinfecção antes do consumo. A água usada nesse procedimento deve ser de procedência garantida ou previamente tratada com hipoclorito ou fervida; • Caso se alimente de frutas e legumes crus, consumo-os preferencialmente sem casca. Não coma frutas e legumes amassados, “machucados” ou perfurados; • Deve-se dar preferência a alimentos não perecíveis e não consumir legumes, verduras e carnes que possam ter sido contaminados; • Não compre, nem consuma alimentos de procedência desconhecida, principalmente os de origem animal que possam ter origem (produção) na área afetada; • Os peixes dos rios afetados não deverão ser consumidos até que se comprove a sua segurança sanitária pelos órgãos competentes. • Use sempre agua potável, do sistema de abastecimento ou tratada com hipoclorito, ou fervida; • Os descartes de alimentos e outros resíduos deverão ser feitos em locais apropriados (procure os serviços de coleta para o correto descarte); • A higiene das mãos é muito importante. Deve-se sempre lavar as mãos antes e depois do manuseio de alimentos e de alimentar-se, e também após o uso do sanitário; • Os produtos a serem utilizados na higienização devem estar regularizados pelo Ministério da Saúde/ANVISA. A diluição, o tempo de contato e modo de uso/aplicação desses produtos saneantes devem obedecer às instruções recomendadas pelo fabricante. • Importante: Todo alimento que ficou submerso ou umedecido com a lama não deve ser consumido.
Quais as consequências dos elementos químicos na saúde das pessoas e nas terras cultiváveis?
Estão sob análise as possíveis consequências para a saúde da população provocadas pelo contato com os rejeitos. É importante frisar que a orientação para toda a população é que, neste momento, evite contato com a lama e com as partes atingidas do rio Paraopeba. A orientação é válida desde a confluência do Rio Paraopeba com o Córrego Ferro-Carvão até Pará de Minas.
Também estão sendo verificadas as condições dos alimentos que chegam à população afetada. Além disso, um cuidado especial está sendo tomado em relação à água utilizada, em sua maioria mineral, até que todas as medidas de vigilância sejam tomadas.
O impacto psicológico de uma tragédia dessa dimensão provoca que tipo de consequência? Quais distúrbios mentais são mais suscetíveis após esse tipo de evento?
Os efeitos de uma situação como essa são múltiplos e difíceis de serem mensurados. Podem ser observados efeitos mais imediatos, como crises de ansiedade, pânico, insônia, estresse contundente, dentre outros, bem como um adoecimento a longo prazo, permanecendo ou acentuando-se alguns desses sintomas, além de estados mais graves de sofrimento mental. Entretanto isso não é via de regra. Alguns indivíduos podem conseguir restabelecer-se com maior ou menor dificuldade que outros. Uma situação que para alguns pode ser melhor elaborada, para outros pode ser devastadora do ponto de vista psíquico, pois estão envolvidos aspectos diversos da vida de cada um. Não se trata apenas de ter sobrevivido, ou ter ou não perdido alguém.
Entendendo a complexidade do que representa essa situação desse nível, a SES-MG ressalta que é fundamental a oferta de um cuidado contínuo, levando em conta os efeitos a longo prazo e, portanto, elaborando estratégias de fortalecimento dos vínculos entre os atingidos e as suas referências locais de saúde. Para a população afetada em Brumadinho, por exemplo, é essencial que a rede de saúde do território seja referência nos cuidados dessas pessoas, uma vez que são esses os profissionais que estarão no território posteriormente, quando finalizado este momento de cuidados emergenciais.