UFJF inaugura laboratório especializado em terapia celular

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A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) vai ser uma das primeiras instituições de ensino superior do Brasil a ter um laboratório de Criopreservação – especializado em terapia celular. A inauguração do Centro de Tecnologia Celular e Imunologia Aplicada (Imunocet), que inclui esse laboratório, acontece na próxima terça-feira, dia 27, às 17h. Nesta segunda-feira, o coordenador do Imunocet e professor da UFJF, Angelo Atalla, a diretora do ICB, Ana Paula Ferreira, e o professor Richard Burt, da Universidade de Chicago, concederam entrevista coletiva sobre o projeto.

Cerca de R$ 2 milhões foram investidos no Centro de Tecnologia Celular, sendo R$ 1,5 milhão em equipamentos financiados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG). O Imunocet, instalado em um prédio de dois andares no ICB, vai desenvolver projetos de pesquisa em células-tronco e medicina regenerativa. Estão previstos programas que irão beneficiar portadores de doenças crônicas como isquemia crítica e gangrena diabética, osteonecrose de fêmur e úmero, esclerose múltipla, doenças autoimunes e outras morbidades, todas elas sob rigorosa supervisão dos órgãos de pesquisa e comissões de ética.

 

 

O Imunocet terá, também, capacidade de congelamento de óvulos e espermatozoides, visando a preservação de fertilidade em pacientes que irão sofrer quimioterapia de câncer com risco de esterilidade. Outras oportunidades como banco de tecidos, biotecnologia e desenvolvimento de medicamentos estarão na pauta conjunta entre a UFJF, a SES-MG e o Ministério da Saúde.

Segundo Angelo Atalla, os resultados esperados com a instalação do laboratório vão contribuir para o desenvolvimento do ensino, pesquisa e extensão, além de trazer grande beneficio no apoio à população necessitada. Está previsto a ampliação do número de transplantes de medula óssea oferecido aos pacientes do SUS, com duplicação da média mensal. No novo HU, está em construção uma Unidade de Transplante de medula óssea com 12 leitos, o que irá colocar a UFJF como a segunda maior instituição brasileira a oferecer esta modalidade de transplante. Atualmente, o hospital oferece cinco leitos. “O número de indicações para transplantes, inclusive doenças não-malignas, como anemia falciforme e doenças autoimunes, tem aumentado e autorizado pelo Ministério da Saúde. Estamos nos preparando para receber esta nova demanda”, informa o coordenador do projeto.

O professor destaca, ainda, que o projeto – que vem sendo realizado há dez anos – não é um trabalho experimental e já é reconhecido pelo Conselho Nacional de Ética e Pesquisa (Conep). “A UFJF sai na frente na área de terapia celular ao investir em tecnologia voltada para essa área. Seremos um centro de referência não só para a região, mas para todo o Brasil”, garante.

A diretora do ICB, Ana Paula Ferreira, destaca que o Imunocet vai possibilitar a reunião, em um mesmo espaço, de todos os profissionais da UFJF que fazem pesquisa na área de terapia celular. “Hoje temos vários estudos espalhados pelos diversos setores da Universidade. O Imunocet será um espaço importante para unir essas diversas pesquisas que já são realizadas no Campus, visando a sua aplicabilidade junto à comunidade”, afirma Ana Paula.

Tanto Atalla quanto a diretora do ICB são unânimes ao falar sobre o impacto positivo do Imunocet no futuro profissional dos acadêmicos da UFJF. “A terapia celular é um mercado novo, com poucos especialistas na área ainda. Como a UFJF será uma das poucas instituições de ensino federal a possuir um laboratório de Criopreservação, nossos acadêmicos terão uma grande oportunidade de abraçarem carreiras no campo de Biologia Molecular e transplantes”, destaca Atalla.

Segundo o reitor Henrique Duque, o laboratório é a concretização de um sonho. “Fizemos uma aposta neste laboratório há quatro anos e hoje começamos a colher os frutos. Gostaria de aproveitar para agradecer o Governo do Estado de Minas Gerais que nos apoiou com recursos para a construção deste projeto que certamente irá beneficiar toda a sociedade.” Ainda de acordo com o reitor, o laboratório irá desenvolver pesquisas que trarão qualidade de vida para toda a população. “Com a assinatura do protocolo de intenções, também teremos condições de desenvolver pesquisa de ponta conjuntamente com grandes instituições. Irá fortalecer não só a pós-graduação e pesquisa, como também a graduação, a extensão e a inovação na UFJF.”

Especialistas do Brasil e dos EUA vão atuar no Imunocet

No dia 27, às 17h, junto com a inauguração do Imunocet, será assinado um Protocolo de Colaboração entre a UFJF e a Universidade de Chicago. O objetivo é realizar treinamentos, estágios, parceiras e intercooperação institucional. O professor Richard K. Burt – um dos imunologistas mais conceituados de todo mundo – referência no tratamento de doenças inflamatórias intestinais e esclerose múltipla, será um dos consultores dessa parceria.

Segundo Atalla, o convênio com grandes universidades internacionais é importante para que os pesquisadores tenham confiança de trabalhar em um projeto em comum. Para Burt, as terapias com uso de medicamentos são caras e com um índice baixo de regressão da doença autoimunes. “Com o tratamento é possível economizar e dar uma melhora de qualidade de vida muito maior ao paciente.”

Outra parceria é com o professor Milton Artur Ruiz, um dos pioneiros no Brasil em Terapia Celular, com vasta experiência na área e projetos com registro no Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conepe). Participou do projeto multicêntrico financiado pelo CNPQ de célula-tronco em doenças cardiológicas. Atualmente está na USP de São José de Rio Preto. Ele vai atuar nos projetos de pesquisa do Imunocet, no treinamento de pessoal e como professor convidado na pós-graduação.

“A terapia celular é a medicina do futuro. Para fazer terapia celular com bons resultados é preciso escolher bem os pacientes. Por esse motivo a vinda do Richard é importante. Para que possamos elaborar protocolos de forma rígida para resultados adequados”, explica o pesquisador. Segundo Ruiz há muitas pessoas que têm habilidade, mas estão trabalhando isoladamente. “Precisamos trabalhar com mais cooperação científica. É fundamental que este encontro seja realizado anualmente.”

Histórico

Há dez anos, a UFJF mantém, ininterruptamente, no Hospital Universitário, o Programa de Transplante de Médula Óssea Autólogo e Alogênico para atendimento de pacientes do SUS, com referência nacional. Até o momento, foram realizados 214 transplantes com elevada taxa de sucesso. A integração dos diversos setores institucionais e disciplinares da UFJF, aliado a forte parceria com a SES-MG, Município, Instituto Nacional do Câncer, Fundação Ricardo Moysés Junior e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, colocou nossa cidade no cenário nacional, sendo considerado, hoje, um dos mais experientes centros em transplante autólogo do Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea.

O convênio 133/2004 firmado entre a Fundação de Apoio ao Hospital Universitário da UFJF, a Secretaria de Estado da Saúde e a Fundação Ricardo Moysés Júnior possibilitou a compra de equipamentos. Foram adquiridos tanques de nitrogênio, capelas de fluxo laminar, congelador programável, processadora de células-tronco e computadores, representando o início de um projeto inovador na UFJF, e iniciada uma colaboração entre pesquisadores docentes das áreas de Hematologia e Imunologia da UFJF. Aproveitando uma infraestrutura existente e utilizando outros equipamentos de ponta como citômetro de fluxo e centrífugas refrigeradas, foi implantado no ICB o primeiro Laboratório envolvido na tipagem e criopreservação de células tronco.

Autor: Jornalismo UFJF

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