Nos dias 27 e 28/8, a Superintendência Regional de saúde (SRS) de Governador Valadares, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, promoveu o segundo treinamento prático do manejo clínico do paciente com hanseníase, voltado para médicos e enfermeiros da Atenção Primária à Saúde (APS) e para o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI). Os encontros ocorreram na Fadivale e no Centro de Referência em Doenças Endêmicas e Programas Especiais (CREDEN-PES).
Participaram desta etapa representantes dos municípios de Alvarenga, Capitão Andrade, Coroaci, Divinolândia de Minas, Galiléia, São João Evangelista, Jampruca, Itabirinha, Peçanha, Nova Belém, São Félix de Minas, São Geraldo da Piedade, São José do Jacuri, São Sebastião do Maranhão, Tarumirim, Tumiritinga e Virgolândia.
A capacitação teve como base o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas da Hanseníase, e trouxe um olhar aprofundado sobre todas as etapas do cuidado ao paciente: desde a suspeição, diagnóstico, tratamento, vigilância de contatos, acompanhamento e a importância da dose supervisionada.
A programação combinou momentos teóricos e práticos. No componente teórico, os médicos participantes acompanharam uma consulta conduzida por Katiuscia Rodrigues, referência do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) da SRS Governador Valadares e médica do CREDEN-PES. A parte prática foi conduzida pela fisioterapeuta Karlane Almeida, em parceria com a enfermeira Flávia Pereira. Em ambas foram realizadas avaliações dermatoneurológicas, consideradas fundamentais para o diagnóstico precoce e o manejo adequado da hanseníase.
Segundo Cristian Kelly Costa, referência técnica do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NUVEPI) da SRS Governador Valadares, a expectativa é de que a capacitação contribua para ampliar o número de diagnósticos na região. Apesar de municípios como Governador Valadares, Cuparaque e Mantena apresentarem altas taxas de detecção, ainda há cidades consideradas “silenciosas”, que chegam a ter mais de 10 anos sem registro de casos novos.
“A gente entende que os casos existem, mas muitas vezes as equipes não estão capacitadas e qualificadas para identificar e acompanhar os pacientes. Esse treinamento tem justamente o objetivo de fortalecer as equipes e garantir que os diagnósticos aconteçam, de preferência em estágios iniciais”, destacou Cristian.
O médico Leonardo Mosci, de Coroaci, comentou sobre a iniciativa. “Excelente conteúdo, ministrado por quem trabalha no dia a dia com a doença, tendo assim autoridade e conhecimento para falar sobre. A equipe está de parabéns. Vamos levar para os nossos municípios a experiência prática para novos diagnósticos desta antiga doença, que está muito presente até hoje no meio de nós.”
A capacitação foi dividida em três etapas: a primeira realizada em maio, a segunda em agosto e a terceira prevista para o final de outubro, contemplando os demais municípios da região.
A expectativa é de que, ao final desse ciclo, mais equipes estejam preparadas para identificar precocemente a hanseníase, assegurando tratamento oportuno, acompanhamento adequado e contribuindo para quebrar a cadeia de transmissão da doença.
Por Paula Andressa – estagiária sob supervisão
Foto: Cristian Kelly