Nos dias 29 e 30 de novembro foram realizadas as últimas atividades das Oficinas e Formação de Trabalhadores da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), ação educacional da Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG) em parceria com a Coordenação de Saúde Mental da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
Coordenado pelo Núcleo de Redes de Atenção à Saúde (NRAS), o projeto promoveu a educação permanente de profissionais para a implantação e o desenvolvimento de práticas de atenção a pessoas com transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, nos contextos das RAPS em Minas Gerais.
Cida Veloso, diretora-geral da ESP-MG participou do encerramento da 11ª turma e comemorou os resultados positivos das oficinas de acordo com as avaliações dos alunos. “Os trabalhadores do campo da saúde mental no SUS conduzem projetos importantes que fortalecem o cuidado dos sujeitos. A marca de quem atua no cuidado é a luta para manter a dignidades das pessoas, a qualidade dos serviços. E ações educacionais transformadoras como essas são potentes em tempos difíceis que vivemos”, destacou.
Aprendizados e trocas
Alessandra Bernardes, trabalhadora da saúde de mental e integrante do Conselho Municipal de Saúde de Paraisópolis (Sul de Minas) falou dos desafios em participar dessa qualificação. “Enfrentamos a distância de nossas cidades, os empecilhos burocráticos e tantas outras dificuldades para termos mais conhecimento de nossa área e levarmos para nosso local de trabalho o que aprendemos aqui. Quando a equipe apoia e aceita essas mudanças é muito gratificante todo esse esforço”, comemorou.
Renata Lemos Neres, enfermeira de Itabirinha (Vale do Rio Doce) relatou que o conteúdo das aulas ajudou em outros estudos. “O que aprendi aqui na ESP me norteou em outros momentos. Mesmo o curso tendo carga horária de 80h, tenho agora uma importante bagagem de conhecimento e isso não para por aqui. Como profissional do SUS temos o dever de humanizar os serviços de saúde mental em nossos municípios”, enfatizou.
Ricas discussões
O coordenador das Oficinas, Rodrigo Chaves Nogueira (NRAS) agradeceu o empenho dos docentes e alunos na realização das atividades e lembrou do grave momento político que o Brasil e o SUS enfrentam diante dos retrocessos e falta de investimentos e como isso prejudica os serviços aos usuários. “Trabalhamos com o sujeito em crise, esse é o foco do nosso trabalho. E diante desse cenário grave é fundamental o reforço na qualificação dos profissionais das pontas em todas as regiões do Estado que irão multiplicar esse saber”, disse.
Ana Regina Machado (NRAS) agradeceu os parceiros da Coordenação de Saúde Mental da SES-MG e enfatizou a importância de formar em serviços no SUS. “Nesses encontros, em nossos diálogos, a saúde mental tem resistido às adversidades. No campo do cuidado onde nada mais parece possível o diálogo transforma e aqui em sala de aula formamos as redes transformadoras”.

Na quarta-feira (30), alunos e docentes participaram de uma roda de conversa com a socióloga italiana e presidente da Fundação Franca e Franco Basaglia, Maria Grazia Giannichedda. Ela acompanhou a reforma psiquiátrica italiana desde a sua formulação e foi uma das principais assessoras de Franco e Franca Basaglia, precursores do movimento de reforma psiquiátrica italiana, conhecido como Psiquiatria Democrática. Atualmente, ela compõe o Comitê italiano intitulado “Stop Opg” (Fim dos Manicômios Judiciários). Sua visita ao Brasil é uma iniciativa do Laboratório de Direitos Humanos e Transdisciplinaridade da Universidade Federal de Minas Gerais e do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG).
Autor: Silvia Amâncio