O evento foi promovido pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Superintendência Regional de Saúde (SRS) Teófilo Otoni, nos dias 12 e 28 de abril, no auditório do Expominas, em Teófilo Otoni. No dia 12, ocorreu a capacitação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e dos Agentes de Combate às Endemias (ACE) do município de Teófilo Otoni. No dia 28, foi a vez dos médicos, enfermeiros e referências técnicas em Leishmaniose Tegumentar (LT) dos municípios de Teófilo Otoni, Itambacuri, Padre Paraíso e Novo Cruzeiro.
O dirigente da SRS Teófilo Otoni, Leonardo Seixas, explicou o objetivo dessas capacitações. “Estamos aqui para reiterar a importância da integração da Atenção Primária e da Vigilância Epidemiológica na identificação dos casos e no monitoramento dos pacientes com Leishmaniose Tegumentar. A detecção precoce da doença, o manejo clínico adequado e a implementação do tratamento em tempo oportuno podem proporcionar excelentes resultados para o paciente”, enfatizou Seixas.
A referência técnica das Leishmanioses na SRS, Maryana Prates, apresentou a situação epidemiológica da LT na região e em Teófilo Otoni, entre 2017 e 2022. Os dados demonstraram que desde 2018 há um aumento no número de casos confirmados da doença no município. Segundo Maryana, essa alta nas notificações está associada às capacitações em LT promovidas pela Unidade Regional com os profissionais de saúde e também na implantação do Programa de Organização de Serviços de Saúde no Vale do Mucuri, com ênfase em doenças infecciosas e parasitárias, pela Fiocruz Minas, em Teófilo Otoni no ano de 2018. “A doença sempre existiu, porém, os profissionais estão hoje mais qualificados e sensíveis para detectar precocemente a doença”, pontuou.
O evento também contou com a participação dos pesquisadores da Fiocruz Minas, Vanessa Peruhype e Edelberto Santos; da referência médica da Secretaria Municipal de Saúde de Teófilo Otoni, Marcela T. Caldas Eller, que apresentou as manifestações clínicas da LT, o método de coleta para o diagnóstico laboratorial da doença (biópsia por imprint) e o tratamento dos pacientes; do analista clínico do Laboratório Macrorregional, Bruno Oliveira, que falou sobre os diagnósticos laboratoriais para LT disponíveis na rede pública de saúde; e da referência técnica das Leishmanioses no município de Teófilo Otoni, Francislane Ramalho, que apresentou o fluxo de atendimento dentro da rede no município.
A equipe da Fiocruz Minas, além de apresentar a proposta de expansão do Programa de Organização de Serviços de Saúde no Vale do Mucuri, com ênfase em doenças infecciosas e parasitárias para outros municípios sede de micro da região, também falou do Projeto de Epidemiologia e Controle das Leishmanioses no Vale do Mucuri, que está sendo executado em Teófilo Otoni e que será ampliado para o município de Itambacuri ainda este ano. Segundo Edelberto Santos, o projeto propõe colaborar especialmente com os estudos da fauna flebotomínica (pequenos insetos pertencentes à ordem Diptera, família Psychodidae e subfamília Phlebotominae, vetores naturais de alguns agentes etiológicos de doenças humanas e animais), além de alguns aspectos da epidemiologia voltados para o ciclo de transmissão. “Essa é uma doença complexa e precisamos contar também com as atividades da população para que o controle seja efetivo”, declarou Santos.
Para a enfermeira e coordenadora do “Consultório na Rua” do município de Teófilo Otoni, Camila Carlech da Silva, a realização dessas capacitações é de grande relevância para absorção de novos conhecimentos e práticas. “Levar todas essas informações para a nossa base, que é a ponta, facilitará o trabalho de detecção dos sintomas da doença nos usuários dos nossos serviços, que é a população em situação de rua. Num banho, por exemplo, é possível identificar uma ferida suspeita e tomar as providências necessárias”, afirmou.
Camila explicou o trabalho de educação em saúde que a equipe realiza com esse grupo populacional que se encontra em condições de vulnerabilidade. “Tentamos conscientizá-los da importância da continuidade do tratamento da Leishmaniose Tegumentar. Eles são convidados a ficar no abrigo durante o tratamento”, pontuou.
Autor: Déborah Ramos Goecking