Nesta quarta-feira (30/9), durante reuniões das Comissões Intergestores Bipartite (CIB) realizadas por meio de videoconferências envolvendo gestores de todas as microrregiões de saúde que congregam 54 municípios, a Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros – (SRS) deu continuidade ao trabalho de repasse de orientações para a retomada gradual e segura dos serviços de saúde bucal. Devido à pandemia da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, os atendimentos odontológicos foram paralisados nos serviços públicos de saúde até que fossem estabelecidos critérios para a retomada do acesso da população aos serviços disponibilizados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Até 29 de setembro, 74% dos municípios já havia enviado à SRS-Montes Claros os planos municipais para a retomada dos atendimentos nos serviços de atenção primária. Outros 26% dos municípios estão trabalhando junto com a Coordenação de Atenção à Saúde (CAS) da SRS visando a adequação dos planos e das metas a serem cumpridas.
O coordenador de atenção à saúde da SRS de Montes Claros, João Pereira Alves explicou que, em virtude da pandemia da covid-19, a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) elaborou um instrumento orientador para que as secretarias de saúde elaborem os planos municipais e reorganizem os serviços de saúde bucal. As diretrizes tratam dos eixos estruturais (predial, equipamentos, instrumentais e insumos odontológicos); educação permanente dos profissionais (dentistas, técnicos em saúde bucal, auxiliares em próteses dentárias e auxiliares de serviços gerais); atendimentos de urgências e inadiáveis.
Para retomar os atendimentos aos usuários de forma segura, visando a não propagação do novo coronavírus, entre outras providências, os municípios deverão adotar de imediato, até 15 de dezembro próximo, a adequação das estruturas de atendimento nas unidades de saúde com sala de espera ventilada (ar condicionado com exaustão que garanta as trocas de ar); instalação de alertas visuais com informações sobre os principais sintomas da covid-19; cadeiras dispostas com um metro de distância ou sinalizadas quais possam ser ocupadas; disponibilização de álcool gel, lenços descartáveis, máscara cirúrgica e lixeira com acionamento por pedal. Os serviços de saúde bucal também deverão garantir a aferição de temperatura dos usuários; deverão eliminar o uso de ventiladores e disponibilizar equipamentos de proteção individual.
As secretarias municipais de saúde também deverão programar a realização de capacitação dos profissionais de saúde bucal tomando por base cinco notas técnicas orientadoras do atendimento odontológico e ações de prevenção à covid-19; biossegurança; paramentação e desparamentação; telemonitoramento e teleorientação em odontologia, serviços que deverão serem criados para atendimento de grupos prioritários como crianças, gestantes, pessoas com necessidades especiais e deficientes, diabéticos e usuários de próteses dentárias.
A adoção de medidas de controle rigorosas nos atendimentos dos serviços de saúde bucal leva em conta que a covid-19 se difere de outras epidemias por sua alta e rápida disseminação, devido às suas características de longo período de incubação, letalidade relativa e alta transmissibilidade dos assintomáticos.
Estudos apontam que materiais e procedimentos odontológicos, como alguns com produção de aerossóis, podem ser foco de contaminação e propagação do SARS-CoV-2 durante o atendimento odontológico. Esse quadro representa risco não somente à equipe executante como também pode desencadear a contaminação de pessoas que não tiveram contato direto com o paciente infectado pela covid-19 devido à propagação de fluidos pelo ar que contaminam o ambiente e as superfícies inertes.
Porém, observa a SES-MG, considerando que mesmo em tempos de pandemia as pessoas continuam tendo necessidades de cuidados em saúde bucal, torna-se fundamental que os municípios avancem no processo de reorganização dos serviços públicos de saúde com vistas a se adequarem para as mudanças que se fazem necessárias nas práticas odontológicas durante a permanência da pandemia.
Autor: Pedro Ricardo