A Coordenação Estadual de Dermatologia Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) promoveu, ontem e hoje, 28 e 29/05, o Seminário Estadual de Monitoramento e Avaliação de Hanseníase, com o objetivo de divulgar e discutir os dados epidemiológicos do Estado, refletir sobre estratégias de melhoria no controle da endemia, além de atualizar os profissionais de saúde no diagnóstico, tratamento e ações de vigilância em hanseníase.
O evento, que acontece na sede da Associação Médica de Minas Gerais (Av. João Pinheiro 161), é voltado para profissionais das Regionais de Saúde, Centros de Referência em Hanseníase, Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG), Ministério da Saúde, e outras instituições envolvidas no controle da hanseníase. “Pretendemos com esse seminário possibilitar a reflexão e o encontro de soluções, juntamente com as universidades parceiras, para a melhoria do controle da hanseníase no Estado”, disse a coordenadora de Dermatologia Sanitária da SES-MG, Ana Regina Coelho de Andrade.
O seminário conta com mesas redondas sobre a situação epidemiológica da doença em Minas Gerais e no Brasil, e com diversos painéis, entre eles o de Vigilância e Controle, onde a especialista em dermatologia e hansenologia, Maria Aparecida Alves Ferreira, expôs seu trabalho de doutorado. “A evolução das taxas de detecção de hanseníase em menores de 15 anos evidencia que a doença não está controlada. Ela está entre as doenças negligenciadas e se apresenta como um desafio pra saúde pública. Precisamos capacitar os profissionais nas Unidades Básicas de Saúde pra que eles consigam identificar os casos novos precocemente, quando há chances de cura sem sequelas”, afirma Maria Aparecida Ferreira.
Fortalecimento da Vigilância em Saúde
Desde 2012, está em vigor o Projeto de Fortalecimento de Vigilância em Saúde, que destina recurso financeiro extra aos municípios que cumprem ações na área de vigilância epidemiológica, sanitária, ambiental, saúde do trabalhador e promoção à saúde. “A melhoria das ações de controle de hanseníase na Atenção Primária, com apoio dos centros de referência, forma a rede de atenção necessária para o atendimento integral dos portadores de hanseníase. Por isso, o projeto se mostra como uma importante oportunidade para que os municípios melhorem o controle da hanseníase e façam diagnósticos mais precocemente”, afirma a coordenadora de Dermatologia Sanitária da SES-MG Ana Regina.
Como forma de incentivar a busca pró-ativa de novos casos de hanseníase, foi criada, também, a Campanha Nacional de Hanseníase e Geohelmintíase, voltada para a comunidade escolar. Em Minas Gerais, 108 municípios aderiram a campanha, dando visibilidade ao problema da hanseníase.
Situação epidemiológica
A situação epidemiológica da hanseníase em Minas Gerais mostra que as taxas de detecção vêm diminuindo lentamente desde 1986, quando a taxa foi de 10,30 casos de hanseníase por 100.000 habitantes. Em 2012, esse número caiu para 7,37 por 100.000 habitantes.
A distribuição dos casos, no estado, ao longo dos anos não é uniforme. Observa-se que existe concentração dos casos nas áreas de divisa de Minas Gerais com o Espírito Santo e Sul da Bahia, na divisa com Goiás, Distrito Federal, e focos isolados no centro do estado, que permanecem ao longo dos anos. “Uma das explicações pra isso, além das condições socioeconômicas, é o fato de serem áreas limítrofes, que tem elevado grau de migração, com grande circulação de pessoas. Esses movimentos migratórios acabam sustentando a endemia”, explica a coordenadora de Dermatologia Sanitária da SES-MG, Ana Regina Coelho de Andrade.
Apesar da demonstração nítida da diminuição dos níveis da endemia no estado, alguns aspectos ainda preocupam, como o fato de crianças estarem adoecendo e o elevado percentual de incapacidade no diagnóstico. “Isso indica que os diagnósticos estão sendo feitos tardiamente, o que evidencia a existência e persistência de fontes de infecção na população geral”, afirma Ana Regina.
A doença
A hanseníase é uma doença infecciosa e atinge a pele e os nervos dos braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz. Se tratada precocemente e de forma adequada, ela tem cura e não deixa sequelas. Para isto, é importante o reconhecimento dos sinais e sintomas iniciais, para um diagnóstico precoce e tratamento adequado. “O diagnóstico precoce, além de diminuir o tempo de tratamento, reduz o risco de contágio e o desenvolvimento de incapacidades e deformidades. O tratamento é feito gratuitamente pelas equipes de saúde da família e dura de seis a doze meses, dependendo da forma clínica”, completa a coordenadora de Dermatologia Sanitária da SES-MG, Ana Regina Coelho de Andrade.
Os primeiros sintomas da hanseníase são manchas brancas e vermelhas, com alteração de sensibilidade ou dormentes, e que podem surgir em qualquer parte do corpo.
Autor: Silvane Vieira