Secretaria de Saúde e Fhemig reforçam importância do diagnóstico precoce da hanseníase

A hanseníase, uma das doenças mais antigas da história da medicina, é lembrada em todo o mundo na última semana de janeiro, em três comemorações: Dia do Hanseniano (24), Dia Mundial de Combate à Hanseníase (26) e Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase (29). Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) apontam que foram diagnosticados cerca de 2 mil casos novos a cada ano, nos últimos cinco anos, em Minas Gerais. Em 2011, dados preliminares mostram que 1.354 casos novos foram notificados, entre os quais 9,7% foram diagnosticados com deformidade, indicando um percentual ainda elevado de diagnóstico tardio.

Os casos da doença estão distribuídos por todo o estado, mas a situação merece maior atenção na divisa de Minas com o sul da Bahia, Espírito Santo, Goiás e Distrito Federal, onde existem aglomerados espaciais de casos de hanseníase. O problema é agravado não só pelos movimentos migratórios próprios destes locais, bem como pela estrutura assistencial existente.

De acordo com a coordenadora estadual de Dermatologia Sanitária, Ana Regina Coelho, a doença afeta a pele e os nervos periféricos, em especial os dos braços e das pernas, mas, se tratada precocemente e de forma adequada, tem cura e não deixa sequelas. “Qualquer mancha na pele ou área de pele aparentemente normal, mas com alteração de sensibilidade, pode ser hanseníase. Neste caso, o paciente deve ser encaminhado a uma unidade de saúde para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento”, ressalta. Um levantamento do Ministério da Saúde revelou a redução significativa de 27,5% no total de casos novos entre 2003 e 2009, que passaram de 51.941 casos para 37.610, respectivamente. No mesmo período, o número de serviços com pacientes em tratamento de hanseníase aumentou em 45,9%, retratando a preocupação e atenção maior do cidadão com relação os males proporcionados pela doença.

Preconceito

Ana Regina lembra que a doença sempre foi cercada por um grande estigma e preconceito, devido às deformidades que podem acontecer quando o tratamento não é feito precocemente e de modo adequado. “As pessoas precisam saber que o tratamento existe, é gratuito, e feito durante 6 a 12 meses nas unidades de saúde. Iniciado o tratamento o paciente não transmite mais a hanseníase para as pessoas com quem convive. Se a população em geral conhecer melhor o que é a doença, o diagnóstico será feito mais precocemente, sem deformidades, e o tratamento realizado por um tempo menor”.

A SES-MG vem mantendo o foco do programa de controle de hanseníase no diagnóstico precoce, tratamento adequado, vigilância de contatos, de acordo com as normas do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde.

Os casos que ocorrem em menores de 15 anos merecem atenção especial, onde as ações de vigilância epidemiológica são intensificadas. Em Minas Gerais, 3,7% dos casos ocorreram nessa faixa etária em 2010. O acometimento de crianças pressupõe a presença de adultos doentes sem diagnóstico e sem tratamento, convivendo e transmitindo a hanseníase para crianças e adolescentes.

Seminário

A Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) apoiou a realização do III Seminário de Enfrentamento da Hanseníase, com o tema “A Hanseníase em questão: promoção, proteção e recuperação”, que teve início nessa quinta-feira (26), no Cine Teatro Glória da Casa de Saúde Santa Izabel, em Betim. O evento, promovido pelo Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase – Morhan e pela Prefeitura de Betim vai até hoje (27).

Na abertura, a referência técnica em Dermatologia Sanitária da SES-MG, Maria Aparecida Grossi, que trabalhou em Santa Izabel em 1979, abordou a “História do tratamento e a implantação da poliquimioterapia no Brasil”. A médica afirmou que o Brasil registra muitos avanços no tratamento e combate à hanseníase, mas que ainda há inúmeros desafios a enfrentar. Segundo ela, 5,4 em cada 100 mil crianças tiveram hanseníase no Brasil em 2010. “Se tem criança com hanseníase, não podemos ficar tranquilos”, disse. Dos 34.894 novos casos da doença registrados em 2010, 7% foi em menores de 15 anos.

Apesar disso, Maria Aparecida comemorou o aumento expressivo, de 176%, no período de 2000 a 2010, do número de serviços de saúde com pacientes em tratamento, especialmente, porque cerca de 90% desses tratamentos estão sendo realizados em Unidades de Atenção Primária à Saúde – em decorrência da descentralização dos serviços proposta pelo SUS.

“Nossa história é muito bonita e precisa ser contada, filmada e fotografada. Temos a grande alegria de termos uma política de erradicação da hanseníase no Brasil e no mundo”, destacou a secretária de saúde de Betim, Conceição Resende.

XIX Concerto contra o Preconceito

O seminário está inserido numa ampla programação cultural. O XIX Concerto Contra o Preconceito acontece em Betim, entre os dias 22 e 29 de janeiro, com eventos na Casa de Saúde Santa Izabel, em comemoração ao Dia Mundial de Combate à Hanseníase.

Estão previstos lançamentos de filme e revista em quadrinhos, encontro de pastores e noite gospel com diversos shows, incluindo Mara Maravilha, Vander Lee e Fundo de Quintal. Nesta sexta-feira (27), aconteceu o Ato Público “Filhos separados, órfãos por imposição do Estado”, com a presença da artista e voluntária do Morhan, Elke Maravilha, em Belo Horizonte. A artista também encerrará o seminário na Casa de Saúde Santa Izabel, hoje, às 16 horas.

Agência Minas, acesse aqui as notícias do Governo de Minas. Acompanhe também no http://www.youtube.com/agenciaminasgerais

Autor: Guilherme Torres


Rolar para cima