O Brasil enfrenta um quadro de sucessivas e alarmantes quedas na cobertura vacinal e, de acordo com dados do Ministério da Saúde, a cobertura vacinal da população vem despencando, em especial nos índices referentes à imunização infantil. Em avaliação recente realizada pela Gerência Regional de Saúde (GRS) de Ubá, foram levantados os índices de cobertura vacinal de oito vacinas para crianças menores de 1 ano, entre 2017 e 2021. No primeiro ano avaliado, a microrregião de Saúde de Ubá (composta por 20 municípios) estava com 28% de homogeneidade de cobertura das vacinas avaliadas, e o ideal seria 75%. Nos anos seguintes, foi notada uma melhora, chegando a 55% em 2020, porém, caindo para 41,25% em 2021. O quadro é preocupante pois as vacinas representam a única proteção para crianças contra doenças graves como a poliomielite e o sarampo.
Para mudar esse quadro localmente, a unidade de Saúde da Família do bairro Palmeiras, em Ubá, adotou uma nova estratégia e conseguiu, em menos de um mês, que todos os cartões das crianças de até 1 ano ficassem em dia nas micro áreas cobertas pelas Agentes Comunitárias de Saúde (ACS). “Confeccionamos um quadro/mural com a relação de todas as crianças menores de 1 ano, residentes na área de abrangência, separadas por micro área, contendo: nome das 39 crianças, data de nascimento, data das 3 doses de VIP e Penta, e telefone do responsável”, explicou Débora Agda da Silveira Ribas, enfermeira da unidade. A vacina VIP é indicada para o esquema de vacinacontra a poliomielite para crianças e adolescentes até 19 anos de idade.A vacina Penta é indicada para prevenir a difteria, o tétano e a coqueluche (ou pertussis), as doenças invasivas pela bactéria Haemophilus influenzae tipo B e a Hepatite B, sendo recomendada a partir dos 2 meses de idade até 4 anos, 11 meses e 29 dias.
Busca ativa
A determinação era reforçar a busca ativa das crianças em atraso no calendário vacinal, utilizando dos esforços das ACS e da equipe de enfermagem, como relata Débora. “Temos o contato telefônico dos responsáveis, pois assim não é só o ACS que faz a busca, mas também eu, como enfermeira, e o técnico de enfermagem. O agente faz a visita, nós ligamos, então são mais pessoas fazendo essa busca ativa e tentando conscientizar os tutores. Cada abordagem atinge a família de uma forma diferente, aumentando o vínculo e a credibilidade”, disse. “Iniciamos o método em setembro, e em outubro todos os cartões das crianças de até um ano ficaram em dia nas micro áreas cobertas pelos Agentes Comunitários de Saúde”, concluiu Débora.
No quadro, cada criança é acompanhada por meio de marcações em verde, amarelo e vermelho, indicando cartão de vacina em dia, ou próxima da data de vacinação ou em atraso, respectivamente. “A equipe é excelente e colaborativa. Contudo, temos enfrentado dificuldades. Das seis microáreas na nossa abrangência, hoje temos apenas três cobertas com agentes de saúde devido a saídas recentes do quadro funcional. Havíamos pensado em ampliar a faixa etária, aumentando o público, porém, com esse panorama de servidores se torna inviável. Vamos focar nos menores de 1 ano e trabalhar para manter os bons resultados”, finalizou Débora.
Estratégia destacada pelo GAMOV
No último relatório do Grupo de Análise e Monitoramento da Vacinação (GAMOV), publicado no início de novembro, foi destacada a iniciativa do Programa de Saúde da Família Palmeiras, salientando benefícios como evitar a perda da vacinação com esquema de duas doses da vacina Rotavírus e o atendimento parcial ao 5º indicador do Previne Brasil. “A iniciativa da enfermeira Débora e o empenho de toda equipe ganha um destaque muito positivo, pois mostra alguns princípios da Estratégia Saúde da Família, como trabalhar com vigilância em saúde no seu território, com cadastro da população e definição de público alvo. Realmente uma experiência exitosa que pode servir de motivação para outras equipes”, ressaltou Wallan Mcdonald, referência técnica em Imunização da GRS Ubá.
Autor: Keila lima