Regional de Montes Claros mobiliza municípios para ações de controle da esquistossomose

Foto: Pedro Ricardo

Durante reunião da Comissão Intergestores Bipartite do Sistema Único de Saúde  (CIB-SUS) realizada sexta-feira, 4 de novembro, no auditório da Prefeitura de Montes Claros, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros retomou a mobilização dos municípios que integram a sua área de atuação para o incremento das ações voltadas para a implementação do Programa de Controle da Esquistossomose. A iniciativa da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), apresentada pela coordenadora de vigilância em saúde da SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, leva em conta o fato de que nos últimos dois anos, em virtude da pandemia da covid-19, houve queda nas ações de controle da doença.

Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), mantido pelo Ministério da Saúde, revelam que entre 2020 e 2021 foram registrados 58 casos de esquistossomose em 16 municípios que integram a área da SRS Montes Claros. Os municípios que apresentam maior quantidade de casos notificados são: Montes Claros, com 25 casos; Salinas, com 10; Taiobeiras, cinco; Mirabela com quatro, e três casos em Rubelita. Os demais municípios que tiveram um caso notificado de esquistossomose foram: Mato Verde; Novorizonte; Rio Pardo de Minas; Santa Cruz de Salinas; Monte Azul; Janaúba; Claro dos Poções; Itacambira; Juramento; Indaiabira e Vargem Grande do Rio Pardo.

Já neste ano, de acordo com levantamento realizado pela Superintendência Regional de Saúde, foram notificados 19 casos de esquistossomose em oito municípios, distribuídos da seguinte forma: Montes Claros com sete; Salinas, três; Janaúba, Taiobeiras e Rubelita com dois casos cada. Os demais municípios que notificaram um caso da doença são: Coração de Jesus, Jequitaí e Espinosa.

Por outro lado, entre 2020 e este ano, o Sinan registra a ocorrência de 20 óbitos no Norte de Minas, tendo como causa principal a esquistossomose. Dezesseis óbitos aconteceram em 2020 e 2021 nos municípios de Montes Claros – cinco óbitos – e Coração de Jesus, com três. Os demais óbitos ocorreram em São João da Lagoa; São João do Pacuí; Monte Azul; Mirabela; Curral de Dentro; Indaiabira; Montezuma e São João do Paraíso. Neste ano foram registrados quatro óbitos, sendo três em Montes Claros e um em São João do Paraíso.

 “Pelo fato do Norte de Minas constituir área endêmica para a ocorrência da esquistossomose é necessário que os municípios reforcem as ações de controle da doença, identificando precocemente as condições que favorecem a ocorrência de casos e fazendo a contenção de focos de transmissão”, alertou a coordenadora de vigilância em saúde da SRS Agna Soares da Silva Menezes.

Entre outras iniciativas, Agna destacou a importância dos municípios realizarem ações de monitoramento adequado para o controle ou eliminação da esquistossomose; reduzir a prevalência da infecção, a ocorrência de formas graves e óbitos. Além disso, os municípios devem implementar medidas para reduzir a expansão endêmica da doença.

Nas próximas semanas, referências técnicas da SRS vão realizar reuniões nos municípios visando reforçar a implementação do Programa de Controle da Esquistossomose. O trabalho dará prioridade aos municípios considerados endêmicos. Entre eles estão: Coração de Jesus; São João do Pacuí; São João da Lagoa; Mirabela; Salinas; Taiobeiras; Novorizonte; Rubelita; Santa Cruz de Salinas; Montezuma; Vargem Grande do Rio Pardo; Indaiabira; São João do Paraíso; Ninheira; Berizal; Curral de Dentro; Montes Claros; Rio Pardo de Minas e Santo Antônio do Retiro.  

 

A doença

A esquistossomose é uma doença parasitária, diretamente relacionada ao saneamento básico precário, causada pelo Schistosoma mansoni, platelminto da classe trematóide. A pessoa adquire a infecção quando entra em contato com água doce onde existam caramujos infectados pelos vermes causadores da doença.

No Brasil, a esquistossomose é conhecida popularmente como xistose, barriga d’água ou doença dos caramujos. O período de incubação, ou seja, tempo que os primeiros sintomas começam a aparecer a partir da infecção, é de duas a seis semanas. A magnitude de sua prevalência, associada à severidade das formas clínicas e a sua evolução, conferem à esquistossomose uma grande relevância como problema de saúde pública. 

A transmissão da esquistossomose ocorre quando o indivíduo, hospedeiro definitivo, infectado elimina os ovos do verme por meio das fezes. Em contato com a água, os ovos eclodem e liberam larvas que infectam os caramujos, hospedeiros intermediários que vivem nas águas doces. Após quatro semanas, as larvas abandonam o caramujo na forma de cercárias e ficam livres nas águas naturais. O ser humano adquire a doença pelo contato com essas águas.

A maioria dos portadores da doença são assintomáticos. No entanto, na fase aguda, o paciente infectado por esquistossomose pode apresentar diversos sintomas como: febre; dor de cabeça; calafrios; suores; fraqueza; falta de apetite; dor muscular; tosse e diarreia.

Alguns pacientes evoluem para formas crônicas da doença que podem iniciar a partir do sexto mês após a infecção, podendo durar vários anos. Podem surgir os sinais de progressão da doença para diversos órgãos, chegando a atingir graus extremos de severidade, como hipertensão pulmonar e portal, ascite e ruptura de varizes do esôfago. As manifestações clínicas variam a depender da localização e intensidade da carga parasitária, da capacidade de resposta do paciente ou do tratamento instituído.

Para os casos simples, o tratamento da esquistossomose é em dose única, feito por meio do medicamento Praziquantel, receitado pelo médico e distribuído gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Os casos graves geralmente requerem internação hospitalar e até mesmo tratamento cirúrgico, conforme cada situação.

Autor: Pedro Ricardo

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