Nesta quarta-feira, (18/05), serviços de saúde de municípios da Superintendência Regional de Saúde de Uberaba, como Araxá e Conceição das Alagoas, realizam ações de conscientização para a Luta Antimanicomial. Viviane Aparecida Pereira, referência técnica em saúde mental da SRS Uberaba, lembra que, “desde o congresso nacional de trabalhadores de saúde mental, que aconteceu em dezembro de 1987, no município de Bauru, em São Paulo, ficou decidido que nesta data os profissionais de saúde e movimentos sociais em prol da extinção de práticas manicomiais, lutariam pelo fim dos maus tratos e abusos contra pessoas portadoras de sofrimento mental.”
Em Uberaba, os pacientes da Fundação Gregorio Baremblitt, onde funciona o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS Maria Boneca), participaram de passeata, organizada com a parceria da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e outros serviços de saúde do município, como os Centros de Referência em Assistência Social (CRAS). Estudantes dos cursos de psicologia, serviço social, enfermagem e terapia ocupacional estiveram presentes.
Rafael Silvério Borges, estudante do 8º período de psicologia da UFTM, acredita que “assim como outros teóricos que estudamos, a loucura foi marginalizada, justificada pela falta de razão, muito importante para os postulados científicos de outro momento histórico. No entanto, com o avanço das ciências e das políticas públicas, foi-se percebendo que a loucura não é doença mental, tampouco ausência de razão. Sendo assim, com o advento da reforma psiquiátrica, tivemos a chance de reconfigurar o olhar sobre esses indivíduos e entender o sofrimento psíquico em sua singularidade. A luta hoje é por direitos, na sociedade em que vivemos, inclusive o direito de ser singular.”
A diretora do CAPS Maria Boneca, Fátima Oliveira, frisou a importância de continuar lutando contraretrocessos nos direitos adquiridos por lutas sociais, especialmente nas políticas de saúde mental. “Nosso Ministro de Saúde, Ricardo Barros, declarou que não vai ser possível continuar cumprindo com todos os direitos garantidos pelo SUS. Sendo assim, eu pergunto: Quais ele vai cortar?”, finaliza Oliveira.
Durante a passeata, o usuário do CAPS e membro do Conselho Municipal de Saúde de Uberaba, Daniel Marques Adão, disse que “a luta é tudo de bom! Muitas vezes, quando se tem alguém com problemas mentais, a primeira coisa que fazem é leva-la para o hospital psiquiátrico, pois geralmente se tem medo de pessoas com transtornos mentais. No entanto, existem outros serviços de saúde a serem utilizados, como o próprio CAPS, que precisamos valorizar, pois é tão melhor para o paciente, quanto para sua própria família”, finaliza.
Autor: Sara Braga