Projeto piloto em Itaobim reforça estratégias para ampliar coberturas vacinais em Minas Gerais

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) promoveu, nos dias 1 e 2/9, no auditório da Escola Estadual Chaves Ribeiro, em Itaobim, uma oficina regional voltada ao fortalecimento das ações de imunização. Com o tema “Estratégias para o aumento das coberturas vacinais nos ciclos de vida em Minas Gerais”, o encontro reuniu representantes dos municípios da Gerência Regional de Saúde (GRS) de Pedra Azul, em uma iniciativa que integra o projeto piloto desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Observatório de Pesquisa e Estudos em Vacinação (OPESV) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A ação faz parte de um esforço estadual para ampliar as coberturas vacinais em todas as faixas etárias, com foco na elaboração de planos municipais de imunização adaptados às realidades locais.

Alinhamento e planejamento estratégico

Na abertura da oficina, foi apresentada uma contextualização do projeto e o papel estratégico das regionais de saúde na articulação com os municípios. Em seguida, os profissionais participaram de atividades em grupo para identificar fragilidades e potencialidades locais relacionadas à vacinação, que vão servir de base para a construção dos planos de ação municipais.

O coordenador do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da GRS de Pedra Azul, Davidson Rodrigues Castro, destacou que o evento representa uma oportunidade concreta de articulação. “Essa oficina permite alinhar estratégias, construir planos de ação e, principalmente, garantir o aumento das coberturas vacinais na região”, afirmou. Ele também destacou o papel do Programa Mineiro de Imunizações (PMI), que está destinando recursos para as ações municipais em 2025 e 2026, com metas específicas. “Esses recursos permitirão que os municípios realizem ações estratégicas e atinjam os indicadores propostos, assegurando resultados concretos”, completou.

Expansão do projeto e foco em todas as idades

O professor da UFMG e membro do OPESV, Thales Rodrigues, explicou que o projeto teve início em 2019, com foco inicial na vacinação de crianças menores de 2 anos. Desde então, segundo ele, os resultados têm sido positivos, e agora o objetivo é expandir a metodologia para todos os ciclos de vida. “A ideia é elaborar planos de ação com base na realidade de cada município, considerando eixos estratégicos como gestão de pessoas e logística. Isso fortalece a autonomia local para pensar e executar estratégias que façam sentido no seu contexto”, afirmou.

A referência técnica da Coordenação do Programa Estadual de Imunização, Adriana Coelho Soares, ressaltou a importância do planejamento estruturado e da organização dos processos de trabalho. “Estamos trabalhando com indicadores que, quando bem executados, contribuem diretamente para o aumento das coberturas vacinais. Haverá ainda monitoramento trimestral, com momentos presenciais para troca de experiências e identificação das principais dificuldades enfrentadas pelos municípios”, disse.

A assessora técnica da Superintendência de Vigilância Epidemiológica da SES-MG, Bruna Castro Silva, reforçou que o projeto, que já contemplava crianças e adolescentes em ciclos anteriores, agora passa a abranger todas as populações incluídas no calendário nacional de vacinação. “Nosso foco é qualificar os processos de trabalho, tanto nas ações de rotina quanto em estratégias adicionais que possam contribuir para a melhoria dos indicadores vacinais”, explicou.

Experiências locais inspiradoras

Durante o evento, municípios da região compartilharam boas práticas e desafios enfrentados na área de imunização. Medina, por exemplo, implementou um sistema próprio que facilita o trabalho das equipes de vacinação, além de parcerias com escolas. Em Rio do Prado, o destaque foi para o controle individual das salas de vacina e o monitoramento contínuo, aliado a reuniões periódicas da equipe. Outros municípios apontaram a necessidade de priorização das atividades de imunização, a fim de evitar sobrecarga dos profissionais. Ponto dos Volantes relatou os desafios nas zonas rurais, onde muitas vacinações são feitas em domicílios ou pontos estratégicos. Já em Felisburgo, a vacinação extramuros tem sido reforçada, especialmente em escolas e residências.

Resultados concretos e reconhecimento

Desde 2019, a parceria entre SES-MG, UFMG e OPESV tem promovido oficinas regionais voltadas à capacitação de gestores e equipes locais. Os resultados já são expressivos:

  • Aumento da homogeneidade vacinal: número de municípios com mais de 70% de homogeneidade vacinal subiu de 324 (2022) para 400 (2024);
  • Redução do abandono vacinal: número de municípios com taxa de abandono da vacina pentavalente acima de 10% caiu de 197 (2022) para 58 (2024);
  • Melhora no risco epidemiológico: percentual de municípios classificados com risco baixo ou muito baixo de reintrodução de doenças preveníveis aumentou de 29% (2022) para 46% (2024).

O projeto também tem recebido reconhecimento nacional e internacional. Foi citado como exemplo de boas práticas pela OPAS e pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), além de ser premiado durante a 17ª ExpoEpi, em Brasília, e destacado no Boletim de Imunização da OPAS.

Indicadores de acompanhamento

O projeto trabalha com oito indicadores-chave para monitorar os avanços:

1. Realização de supervisões nas salas de vacina;

2. Execução de ações de vacinação fora da rotina;

3. Atualização do cartão vacinal de crianças menores de dois anos;

4. Atualização do cartão vacinal de crianças e adolescentes de 9 a 14 anos;

5. Atualização do cartão vacinal de gestantes;

6. Realização de reuniões de equipe (Grupo Técnico de Trabalho – GTT);

7. Alcance de metas vacinais para menores de dois anos;

8. Alcance de metas vacinais para crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos.

A oficina contou ainda com a participação das referências técnicas do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da GRS de Pedra Azul, Ana Cristina Pereira Cardoso e Lavínia de Oliveira Mesquita, e da técnica da Coordenação de Redes de Atenção à Saúde, Carla Alves Gobira Moreira.

Por: Allan Gomes Campos

Imagens: Allan Gomes Campos

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