A Regional de Saúde de Uberlândia, em parceria com o Consórcio Público Intermunicipal de Saúde da Rede de Urgência e Emergência da Macrorregião do Triângulo Norte (CISTRI), promovem nesta terça e quarta-feira, 30 e 31 de agosto, em Uberlândia, uma oficina de reciclagem para médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem dos pontos de atendimento – como hospitais, Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e Unidades Básicas de Saúde (UBS) – que são referências dos pacientes de 26 dos 27 municípios do Triângulo Norte que estão cobertos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
O Núcleo de Educação Permanente do CISTRI possui um cronograma de capacitações articulado com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, que envolve os profissionais da própria equipe do SAMU como também dos parceiros diretos e indiretos. “Todo o fluxo de atendimento precisa estar alinhado: quando acionar o SAMU, qual é o quadro clínico do paciente, onde ele está, precisa de suporte e qual é o local e tipo de transporte adequados e oportunos para o encaminhamento. São questões que precisam estar claras para o paciente, para o médico regulador e para os profissionais que atendem, avaliam e recebem o paciente. Por isso a importância da reciclagem dos profissionais das Unidades de Saúde da região, pois o serviço vai se adequando conforme os casos clínicos acontecem, e todos os envolvidos precisam estar alinhados, para que tanto o SAMU quanto a Rede de Saúde não fiquem prejudicados”, destacou Bruna Betiatti, referência técnica da Urgência e Emergência da Regional de Saúde de Uberlândia.
Ítala Reis, médica e coordenadora da central de regulação do CISTRI, observou que o objetivo principal do SAMU é salvar vidas, mas é importante a atenção adequada ao paciente para não superlotar as portas de entrada e não haver retenção de ambulâncias. “Os critérios e protocolos precisam ser seguidos por todos os profissionais, pois é uma responsabilidade conjunta. Quem está na Unidade de Saúde precisa conhecer a grade de referência (quais os pontos de atendimento por especialidade e gravidade do caso conforme a população referenciada), o Cadastro Nacional dos Estabelecimento de Saúde (CNES) necessita estar atualizado, os médicos do SAMU e das Unidades de Saúde alinhados quanto ao caso clínico e atentar para a transferência – se é pelo próprio SAMU ou pela Central de Regulação Estadual”.
Além da parte teórica dos fluxos de encaminhamento, a reciclagem teve parte prática, em que foram simuladas situações nas quais as equipes das Unidades de Saúde são capazes de estabilizar o paciente até a chegada do SAMU. A referência técnica da Atenção Primária do município de Araguari esteve presente na oficina e relatou que o atendimento correto ao paciente reduz sequelas e aumenta o prognóstico. “Atendemos alguns casos nas Unidades Básicas de Saúde que são de urgência e emergência, e por isso precisamos conhecer o protocolo e articular com o SAMU a melhor forma para direcionar e transportar esses pacientes”, pontuou a enfermeira Soraya Ribeiro de Moreira.
SAMU 192 Triângulo Norte
O serviço foi iniciado na região há um ano e está disponível para 612 mil pessoas. Mais de 120 mil ligações foram efetuadas, resultando em quase 33 mil deslocamentos de ambulâncias, sendo que 27 mil pacientes precisaram ser encaminhados para atendimento em uma das 173 Unidades de Saúde que compõem essa rede de assistência. Os principais atendimentos foram causas clínicas ou traumáticas, e o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), que é a referência de alta complexidade, recebeu aproximadamente 1,2 mil pacientes.
Na região coberta pela SAMU houve a redução de óbitos com relação ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) e ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). Um ano antes do SAMU, cerca de 47% dos pacientes atendidos com AVC iam a óbito, e após o SAMU, este índice reduziu para 29%. A mesma redução ocorre no IAM, em que antes do SAMU, 85% dos pacientes atendidos iam a óbitos, e nos últimos doze meses, a taxa de mortalidade está em 63%.
“No entanto, para que a Rede de Urgência e Emergência continue melhorando, precisamos avaliar o serviço e fazer adequações com todos os atores envolvidos, como a SES-MG, secretários de saúde da região, Corpo de Bombeiros, Unidades de Saúde da grade de referência e CISTRI, para que a população seja beneficiada da melhor forma possível e com otimização dos recursos públicos”, conclui Bruna Betiatti, referência técnica da SRS Uberlândia.
Autor: Lilian Cunha