A Fundação Ezequiel Dias (Funed), por meio do Serviço de Química Especializada (SQE), é responsável, neste ano, pelo monitoramento de agrotóxicos presentes em morangos e brócolis comercializados nacionalmente. A atribuição é uma das atividades previstas pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), coordenado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no intuito de contribuir para ações de proteção à saúde da população.
Segundo a referência técnica do Laboratório de Resíduos de Agrotóxicos (LRA) da Funed, Vanessa Faria, a Fundação, atualmente, é o único laboratório público participante do PARA.A especialista explica que a Anvisa estabelece um trabalho de monitoramento, por ciclos, referente ao consumo alimentar dos brasileiros. O plano nacional de amostragem do ciclo 2025 corresponde ao planejamento do 3º ciclo do Plano Plurianual 2023-2025 e tem por objetivo garantir a coleta de uma quantidade suficiente de amostras para estimar, estatisticamente, a incidência de resíduos de agrotóxicos nos alimentos consumidos pela população brasileira e monitorados pelo programa.
A escolha dos vegetais e frutas é feita priorizando os alimentos mais representativos da dieta da população brasileira, que são selecionados a partir dos dados da Pesquisa de Orçamento Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando os três ciclos anuais, os 36 diferentes alimentos analisados representam 80% dos alimentos de origem vegetal consumidos pela população brasileira. “A Funed participa do Programa desde a sua implantação, em 2001. No último ciclo, a instituição recebeu amostras de maçã e aveia. Dessa vez, o foco é o brócolis e o morango. Com amostras vindas de todos os estados do Brasil, é garantida uma maior representatividade desses alimentos”, complementa Vanessa.
No laboratório, os alimentos são processados, pesados e extraídos com solventes orgânicos para posterior análise nos equipamentos. Atualmente, pela análise de multiresíduos o laboratório consegue identificar mais de 300 agrotóxicos diferentes. Ao contrário do senso comum, a referência Técnica da Funed lembra que não é possível identificar essas substâncias a “olho nu”, ou retirar os agrotóxicos por completo com água ou com outras soluções à base de água sanitária ou vinagre. “Isso só é eficiente para a limpeza de microbiológicos. No entanto, a lavagem, retirada da casca ou cozimento geralmente diminuem as concentrações destas substâncias no alimento’’, reforça.
Segundo a chefe do SQE, Mariana Almeida, cada país possui um limite máximo de resíduos (LMR) permitido pelas agências reguladoras. A quantidade de agrotóxicos e as substâncias permitidas também são diferentes no cultivo de maçã e no cultivo de brócolis, por exemplo. Mariana explica ainda que a checagem feita por meio do PARA contribui para assegurar que os agricultores brasileiros sigam boas práticas agrícolas e estejam em conformidade com os parâmetros nacionais e internacionais vigentes. “O principal objetivo do programa é acompanhar os resíduos de agrotóxicos em alimentos vegetais, com o intuito de reduzir o risco à saúde causado pela ingestão dessas substâncias por meio da alimentação, feito por meio de uma avaliação de riscos”, observa.
Para o consumidor em geral, com base nos resultados do monitoramento e da avaliação de risco realizada pela Anvisa, conclui-se que a exposição a agrotóxicos por meio do consumo de alimentos ocorre em níveis muito baixos, insuficientes para causar efeitos adversos à saúde. “Ou seja, não há risco significativo para o consumidor brasileiro. O problema maior ocasionado pelo contato com essas substâncias, incide mais na saúde de quem aplica o agrotóxico, ou seja, no trabalhador rural”, ressalta.
O Programa
As atividades de monitoramento de resíduos de agrotóxicos em alimentos foram iniciadas em 2001, pela Anvisa, com o objetivo de avaliar os índices residuais de agrotóxicos nos alimentos in natura. A Funed participa do Programa desde a sua implantação, possibilitando evitar possíveis agravos à saúde da população, como a intoxicação crônica causada pela ingestão de alimentos com resíduos de agrotóxicos e na saúde de trabalhadores rurais.
A escolha dos alimentos monitorados pelo PARA se baseia nos dados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os gêneros que são analisados por cada laboratório participante são definidos em conjunto com a Anvisa, no início de cada rodada. Em anos anteriores, a Funed já analisou banana, couve, pera, pepino, aveia, tomate, pimentão, alface, abacaxi, laranja, mamão, maçã, feijão, fubá (milho) e repolho.
O PARA foi interrompido em 2016 para sua reestruturação e 2020/2021, em decorrência da Pandemia de covid-19.É possível acompanhar os resultados desses estudos por meio do site da Anvisa neste link. A expectativa é que até o final deste ano a Funed receba 485 amostras.
Por Janaína Santos/ACS/Funed