Entre memórias e diálogos, Regional de Ubá leva profissionais da Saúde Mental à Barbacena para fortalecer práticas humanizadas

No dia 4/9, a Gerência Regional de Saúde (GRS) de Ubá promoveu a atividade “Visita à História da Saúde Mental”, reunindo 42 profissionais da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) dos 31 municípios de sua área de atuação. A iniciativa teve como objetivo sensibilizar os trabalhadores da saúde mental quanto à trajetória da luta antimanicomial em Minas Gerais, promovendo reflexões sobre os desafios atuais da atenção psicossocial.

A programação foi dividida em dois momentos. Pela manhã, os participantes realizaram visitas técnicas ao Museu da Loucura, localizado no complexo do antigo Hospital Colônia de Barbacena. Em dois grupos, os profissionais foram guiados por uma imersão histórica que revelou os impactos da institucionalização e os avanços conquistados com a reforma psiquiátrica brasileira.

À tarde, no Instituto José Luiz Ferreira – Bom Pastor, foram realizadas palestras e conversas sobre a história da saúde mental e os desafios dos serviços substitutivos. A primeira palestra foi conduzida por Flávia Vasques, que abordou o contexto histórico da saúde mental em Barbacena. Em seguida, o médico Márcio Campos trouxe reflexões sobre os serviços substitutivos e a importância de romper com práticas que ainda mantêm pacientes institucionalizados, reforçando a lógica do cuidado no território e o atendimento humanizado.

A iniciativa dessa jornada partiu da referência técnica de Saúde Mental da GRS Ubá, Karla Granato, que a idealizou para provocar uma reflexão nos profissionais e serviços da RAPS sobre como está sendo conduzido o atendimento nos Centros de Apoio Psicossocial (CAPS).

“Ao revisitar a história da saúde mental em Barbacena, buscamos mostrar como os direitos dos usuários foram violados por décadas. A partir dessa vivência, é possível compreender a verdadeira missão da atenção psicossocial: reparar esse passado com dignidade, humanidade e cuidado em liberdade”, afirmou Karla Granato, referência técnica de Saúde Mental da GRS Ubá.

O objetivo foi alcançado, pois os participantes relataram terem vivido uma experiência profundamente marcante. “Conhecer de perto a triste história do chamado Holocausto Brasileiro me tocou de forma intensa. Estar ali, naquele espaço de memória e dor, fortaleceu ainda mais meu compromisso com a luta antimanicomial, com a defesa da dignidade humana e com a construção de uma rede de saúde mental baseada no cuidado em liberdade, no respeito e na inclusão. Essa visita ficará registrada para sempre na minha trajetória pessoal e profissional”, declarou Érica Conceição da Silva, referência técnica de Saúde Mental do município de Senador Firmino.

A “Visita à História da Saúde Mental” reafirma o compromisso da SES-MG com a valorização da RAPS e com a formação contínua dos profissionais que atuam na linha de frente do cuidado psicossocial. A atividade também fortalece os princípios da reforma psiquiátrica e da luta antimanicomial, pilares fundamentais para a construção de uma saúde mental pública, universal e humanizada.

Por Keila Lima
Fotos: Sarah Girardi

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