Eliminação da Transmissão Vertical do HIV no Brasil: Laboratório Macrorregional do Norte de Minas passa por avaliação internacional

Completando, neste mês, 6 anos como primeira região do interior do Estado a integrar a Rede Nacional de Laboratórios para Qualificação da Carga Viral do HIV, vírus da imunodeficiência humana causador da Aids, o Laboratório Macrorregional de Saúde do Norte de Minas, sediado em Montes Claros, é uma das instituições participantes do processo de Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical do HIV (de gestantes para bebês) como Problema de Saúde Pública no Brasil. 

No dia 3/6 deste ano, na abertura do XV Congresso da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis (SBDST), realizado no Rio Janeiro, o Ministério da Saúde entregou à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e à Organização Mundial da Saúde (OMS), o Relatório de Validação da Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical do HIV como Problema de Saúde Pública no Brasil. A próxima etapa do processo será a realização de visitas da comissão de validação da OMS em serviços de saúde, para que os profissionais possam conhecer e verificar o trabalho desenvolvido no país.

“Considerando a expertise do serviço situado em Montes Claros em compor as redes de quantificação da carga viral rápida do HIV (CVR) e contagem de linfócitos T CD4+ rápida (CD4+R)”, por meio de ofício a OMS e a OPAS convidaram a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros a participar de videoconferência realizada nesta quarta-feira, 13/8, envolvendo representantes de várias instituições internacionais, de laboratórios centrais, estaduais e municipais de saúde.

“O objetivo da videoconferência foi avaliar questões relacionadas ao eixo capacidade diagnóstica e qualidade da testagem e possibilitou aos representantes das instituições ligadas à OMS e à OPAS esclarecer dúvidas sobre algoritmos de diagnóstico, redes laboratoriais, testes rápidos e demais processos envolvidos no diagnóstico e monitoramento da infecção pelo HIV. Também debatemos questões relacionadas à qualidade da testagem”, explica a bioquímica, Núbia Pereira da Silva, referência técnica do Laboratório Macrorregional do Norte de Minas, mantido pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). 

O encontro virtual antecede a visita presencial de representantes da OMS e da OPAS aos serviços de saúde existentes no país, o que possibilitará aos profissionais apresentar um panorama geral sobre cada um dos eixos que serão avaliados: Programas e Serviços; Vigilância; Direitos Humanos; Capacidade Diagnóstica e Qualidade da Testagem.

Para Núbia Pereira, “a decisão da OMS e da OPAS em avaliar o trabalho implementado pelo Laboratório Macrorregional do Norte de Minas coloca a região numa posição de destaque no contexto da saúde pública do país, levando em conta a importância das ações voltadas para conter a transmissão vertical do HIV”.

O serviço

O monitoramento da evolução clínica das pessoas infectadas pelo HIV possibilita às equipes médicas definir o momento ideal para a introdução de terapias com antirretrovirais e avaliar a efetividade do tratamento, visando reduzir a quantidade de vírus no organismo.

A inserção do Norte de Minas como primeira região do interior do estado na Rede Nacional de Laboratórios para Qualificação da Carga Viral do HIV foi formalizada em agosto de 2019, numa ação conjunta do Ministério da Saúde com o Governo do Estado, por meio da Fundação Ezequiel Dias (Funed). 

Na oportunidade, o Laboratório recebeu um equipamento do sistema GeneXpert, desenvolvido pela empresa norte-americana, Cepheid. O sistema permite a realização de testes de diagnóstico molecular pela técnica PCR, em tempo real. O preparo de amostras dura em média um minuto. De forma automatizada, o equipamento analisa até quatro amostras simultaneamente. O prazo médio de conclusão das análises é de uma hora e meia.

Entre janeiro e julho deste ano foram realizados no Laboratório Macrorregional do Norte de Minas 2.132 exames de carga viral rápida de HIV (média mensal de 300) e 779 exames de contagem de linfócitos T CD4+/CD8+ (média de 111 por mês). 

O Laboratório atende demandas de municípios jurisdicionados às Unidades Regionais de Saúde de Montes Claros, Januária, Pirapora e Diamantina, abrangendo uma população superior a 2,1 milhões de habitantes.

A coordenadora de Vigilância em Saúde da SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, avalia que “a descentralização dos exames representou uma importante conquista para pacientes de outros municípios, que antes precisam deslocar até Montes Claros para coleta de amostras e aguardavam cerca de vinte dias para receber os resultados. Aliado a isso, houve a redução de despesas com o transporte de amostras para a Funed, em Belo Horizonte, evitando perdas na qualidade e diminuindo o tempo de resposta para emissão dos resultados”.

Pedro Ricardo

Foto Núbia Pereira

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