“Ajudar uma pessoa pode não mudar o mundo, mas pode mudar o mundo para uma pessoa” – esta frase, de autoria desconhecida, condiz com o Agosto Lilás, mês de mobilização contra a violência doméstica e familiar contra a mulher, data que faz alusão à aprovação da Lei Maria da Penha no Brasil.
Com o objetivo de esclarecer as formas de violência contra a mulher e as ações intersetoriais, os servidores da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Patos de Minas participaram, dia 3/9, de uma ação interna que contou com a presença dos policiais militares que integram a Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica no município.
Em Patos de Minas, no ano de 2025, no primeiro semestre, foram registradas mais de 600 ocorrências policiais relativas à violência doméstica; enquanto que no sistema de saúde foram 151 casos, sendo a maioria deles associados à violência física, grande parte no ambiente doméstico, e prevalência na faixa etária de 20 a 59 anos.
Aline Borges Chagas, referência técnica em doenças e agravos não transmissíveis da SRS Patos de Minas destacou “que o assunto deve ser tratado todos os dias do ano, e a violência, seja física, sexual, moral ou psicológica é de notificação compulsória”.
No mesmo sentido, o terceiro sargento da Polícia Militar, Kerlem dos Reis Lopes, enfatizou que as denúncias têm aumentado a cada ano, e que qualquer um pode denunciar antes que seja tarde demais. “Infelizmente, 60% dos feminicídios na nossa cidade nos últimos anos não tinham denúncias anteriores registradas”, comentou Lopes.
“A violência doméstica é uma das redes mais complexas, tanto dentro da saúde quanto de forma intersetorial”, pontuou Adriana Lúcia da Silva, referência técnica da Coordenação de Redes de Atenção à Saúde, ao apresentar os hospitais de referência, Unidades Básicas de Saúde, Serviço de Atendimento Especializado (SAE), Centro de Atenção Psicossocial (Caps) – equipamentos de saúde que muitas vezes atuam em conjunto com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Conselho Tutelar, Ministério Público, Tribunal de Justiça, Polícia Civil e Militar, Organizações Não Sociais (ONGs), entre outros.
Mobilização nos municípios
Diversos municípios da região promoveram ações intra e intersetoriais. Em Arapuá, o painel na Unidade de Saúde despertava a atenção dos pacientes para a importância da denúncia. Carmo do Paranaíba e São Gotardo fizeram o alerta para pacientes na sala de espera das Unidades de Saúde e nos grupos de saúde (como hiperdia e de gestantes).
Em Cruzeiro da Fortaleza a palestra contou com a presença da administração pública municipal (saúde, educação, cultura, assistência social e outras), Polícia Militar, Polícia Civil e a Associação de Pais e Amigos Excepcionais (APAE). Rio Paranaíba, com a junção da Saúde e Polícia Militar, fizeram uma blitz educativa na principal praça da cidade; e Serra do Salitre fez uma caminhada com os parceiros.
Aspectos jurídicos da violência doméstica estiveram na pauta da reunião realizada em João Pinheiro para os pacientes que frequentam o Caps (Centro de Apoio Psicossocial). Vazante também promoveu ação diferenciada no Caps.
A equipe de saúde de Lagoa Grande fez postagens especiais nas redes sociais alertando que a violência doméstica não tem desculpa.
Formas de violência contra a mulher
A violência doméstica geralmente engloba mais de uma violência. Além da física e sexual, outras formas são:
. Violência moral – Humilhações, xingamentos e desprezo à mulher; seja calúnia – falar mentiras a seu respeito – ou difamação – sujando sua imagem;
. Violência psicológica – Qualquer ato ou fala que vise desequilibrar a mulher emocional e psicologicamente, e diminuir sua autoestima;
. Violência patrimonial – Retenção, subtração ou destruição de bens, objetos, documentos pessoais ou recursos econômicos;
. Feminicídio – Assassinato intencional de uma pessoa devido ao seu gênero, incluindo mulheres, transexuais, travestis e homossexuais.
Denuncie, caso saiba ou presencie qualquer forma de violência contra a mulher.
Você pode denunciar de forma anônima:
Canais de denúncia: 190 (Polícia Militar), 181 (Disque Denúncia) e 180 (Central de Atendimento à Mulher).
Por Lilian Cunha
Foto: Lilian Cunha
