Regional de Saúde e CAPS Ponte Nova realizam ato pela luta antimanicomial

Participantes carregaram cartazes temáticos - Foto: Tarsis Murad

Um ato significativo foi organizado, na quarta-feira, 17 de maio, pela Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova e pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Ponte Nova, em defesa da luta antimanicomial, comemorada no dia 18 de maio. Com a participação dos CAPS de Viçosa, Rio Casca, Raul Soares, Pedra do Anta, Alvinópolis, São Miguel do Anta e dos Centros de Convivência e Cultura (CCC) de Jequeri, Paula Cândido e Teixeiras, o evento teve concentração na Praça Cid Martins Soares, em Palmeiras, no coração de Ponte Nova, e reuniu equipes, usuários dos serviços e familiares. 

A Luta Antimanicomial é parte do processo de Reforma Psiquiátrica, iniciado na década de 1980, e se caracteriza pela defesa dos direitos das pessoas com sofrimento mental e pelo cuidado em liberdade. Para uma das organizadoras do evento e referência em Saúde Mental da Coordenação de Atenção em Saúde (CAS) da SRS Ponte Nova, Karen Ségala, a ocasião não foi apenas comemorativa. “A realização do evento teve como objetivo chamar a atenção da sociedade e dos gestores públicos para a necessidade de fortalecimento da Política de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas”, frisou.  

“É inconcebível pensarmos, hoje, na lógica manicomial. Precisamos entender a importância dos serviços substitutivos em Saúde Mental e da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Para isso, temos o Plano de Ação Regional, que tem como objetivo construir uma rede mais próxima da realidade da região, no sentido de cobrir os vazios assistenciais existentes, como a necessidade de abertura de mais CAPS Infanto-Juvenis (CAPS-i), CAPS – Álcool e Drogas (CAPS-AD), Centros de Convivência e, também, a criação de Serviços de Residência Terapêutica no nosso território”, disse. Karen ainda falou sobre outro aspecto da Política Estadual, que defende a estratégia de redução de danos como ferramenta complementar ao cuidado, diminuindo vulnerabilidades de risco social, individual e comunitária decorrentes do uso, abuso e dependência de drogas.

A coordenadora do CAPS Ponte Nova, Melina Repolês, destacou a questão da reinserção social. “Nós, que estamos com esses usuários diariamente, sempre lutamos para sua reintegração ao convívio familiar, social e ao mercado de trabalho. Por isso, dizemos sim à liberdade e sim aos direitos dessas pessoas”. O usuário do CAPS Ponte Nova, Thales Fernando, reforçou que a luta antimanicomial é necessária para mostrar que as pessoas com sofrimento mental não devem ficar presas e nem sofrerem preconceito. “Nosso lugar é onde a gente queira estar”, disse. 

 

Evento

Após concentração na praça, os participantes seguiram em passeata até o bairro Triângulo, munidos de cartazes alusivos, vestimentas temáticas e palavras de ordem. No trajeto, houve passagem pela popularmente chamada “Ponte do Bahamas”, local emblemático que marca inúmeras tragédias envolvendo tentativas e episódios de suicídio, outro problema que envolve a Saúde Mental. 

A superintendente da SRS Ponte Nova, Josy Duarte Faria Fialho, que esteve presente, destacou a importância da articulação dos diversos setores envolvidos. “Para que a RAPS seja de fato efetivada, é preciso um trabalho conjunto e consistente entre União, Estados, municípios, Poder Judiciário, sociedade civil organizada e população em geral”, enfatizou. 

Após a passeata, uma grande festa foi realizada no Centro Municipal de Esportes, onde houve café da manhã compartilhado, exposição de trabalhos feitos pelos usuários e aulão de zumba, comandando pelo educador físico Guilherme Aníbal dos Reis Ferreira. Para a coordenadora do CAPSi de Viçosa, Louise Bragança, a comemoração da data junto aos usuários foi fundamental para “fortalecer a convivência comunitária e o cuidado humanizado e em liberdade”.

Autor: Tarsis Murad

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