A Comissão Intergestores Bipartite (CIB) das microrregionais de saúde abrangidas pela Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Passos recebeu proposta da Santa Casa de Misericórdia de Passos referente ao atendimento de vítimas de acidente vascular cerebral (AVC). O assunto foi abordado pelo médico neurologista Paulo Prado durante reunião mensal da CIB, realizada no dia 9 de junho.
Prado, que é coordenador da Unidade de AVC da Santa Casa, falou sobre o “fluxo assistencial e o projeto terapêutico da Unidade de AVC” do hospital, dizendo que o objetivo, com a participação de municípios e a Superintendência Regional de Saúde de Passos, é reforçar a prevenção à doença, facilitar o diagnóstico e o tratamento dos casos.
A ideia da Santa Casa, segundo o médico, é promover um pacto com gestores de saúde e a Coordenação de Atenção à Saúde da SRS Passos, para definição de um fluxo na rede assistencial, com os serviços organizados de forma harmônica para garantir o acesso dos usuários. “Os serviços têm que definir sua função, os pontos de atenção em cada nível de atendimento”, disse.
O assunto será encaminhado para discussão entre o Cosems-Regional (Conselho das Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais – Regional de Passos) e gestores de saúde, segundo a superintendente da SRS Passos, Kátia Rita Gonçalves. “É uma ótima oportunidade de estabelecer uma rede de referências entre os pontos de atenção, com base territorial e com sistema facilitado de comunicação entre os pontos”, pontuou.
Mostrando um exemplo de sucesso do município de Joinville (SC), de gestão pactuada entre os diferentes níveis do atendimento a pacientes com AVC, Paulo Prado disse que na Santa Casa de Passos os pacientes percorrem diversos serviços, alguns até sem utilidade para sua condição de saúde, retardando o diagnóstico, o tratamento e prejudicando sua reabilitação. “É preciso termos um pacto entre os gestores e um acordo de funcionamento do fluxo de assistência na rede. Então, nos diversos serviços, nos organizamos para o paciente ter um atendimento mais adequado e a continuidade do cuidado”, disse.
O neurologista mencionou dados sobre a prevalência de AVC no Brasil e no mundo, com total de mortes superior aos óbitos somados de tuberculose, malária e HIV, sendo a principal causa de incapacidade física das pessoas, e afirmou que a organização do atendimento é importante para a redução dos números. “Noventa por cento dos casos de AVC poderiam ser evitados com promoção à saúde e prevenção”, disse, acrescentando que reconhecer a doença nas primeiras horas já contribui para uma melhor recuperação do paciente.
Segundo a coordenadora de Atenção à Saúde da SRS Passos, Vanessa Aparecida de Assis, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) tem um projeto de rede de atendimento para abordagem de pacientes com AVC, com financiamento e habilitação de serviços, e que a proposta da Santa Casa deve contribuir com essa medida. “O trabalho em rede, a integração e a qualificação dos pontos UBS, UPA e PS gerais são importantes para o reconhecimento do AVC”, reforçou.
Autor: Enio Modesto