O Laboratório Macrorregional, administrado pela Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, é o primeiro do Norte de Minas que já está fazendo gratuitamente o teste rápido molecular que detecta a tuberculose. Para isso, em janeiro deste ano, o Laboratório recebeu da Fundação Ezequiel Dias (Funed), administrada pelo Governo do Estado, um novo equipamento importado do Canadá.
Trata-se do Genexpert, capaz de realizar simultaneamente quatro exames e diagnosticar a doença em apenas duas horas. O aparelho tem alta sensibilidade e especificidade que aumentam a possibilidade de um resultado mais preciso.
O Norte de Minas é uma região considerada prioritária pelo Governo do Estado e pelo Ministério da Saúde no combate à tuberculose. A região ocupa o terceiro lugar em número de casos da doença, atrás apenas de Juiz de Fora e Belo Horizonte. Após a aquisição do Genexpert, já foram realizados 180 testes rápidos no Laboratório sediado em Montes Claros. Desse total, foram detectados 27 casos positivos de tuberculose. Antes da aquisição do aparelho, as amostras de exames eram enviadas para análise em Belo Horizonte, o que demandava maior tempo para emissão de resultados.
Dez servidores da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) trabalham no Laboratório Macrorregional. A unidade atende demandas de exames encaminhados pelas secretarias municipais de saúde de 120 municípios que integram as áreas de atuação das superintendências regionais de saúde de Montes Claros e Diamantina, bem como das diretorias regionais de saúde de Pirapora e Januária.
Além da unidade sediada em Montes Claros, outros quatro laboratórios macrorregionais sediados em Uberaba, Teófilo Otoni, Pouso Alegre e Juiz de Fora também já estão fazendo o teste rápido molecular que detecta a tuberculose. Em Belo Horizonte, o teste é realizado em três laboratórios, sediados no Hospital Júlia Kubitscheck, na Secretaria Municipal de Saúde e na Faculdade de Medicina da UFMG. O teste rápido é realizado para diagnóstico dos sintomáticos respiratórios (casos novos) e retratamento.
Conquistas
A superintendente regional de saúde de Montes Claros, Patrícia Aparecida Afonso Guimarães Mendes, avalia que a ampliação dos serviços prestados pelo Laboratório Macrorregional se constitui em uma importante conquista para o reforço e estruturação da rede de saúde do Norte de Minas. “Passamos a ter condições de prestar novos serviços à população sem precisar recorrer a outros centros para atendimento das demandas da região”, frisa a superintendente.
Já as bioquímicas Núbia Pereira da Silva e Clarissa Fernandes Gomes, responsáveis técnicas pelos exames do Laboratório Macrorregional, entendem que a ampliação de serviços prestados pela unidade possibilita o atendimento de uma importante demanda do sistema de saúde do Norte de Minas. “Temos 15 dias para disponibilizarmos os resultados para as secretarias municipais de saúde, mas estamos conseguindo reduzir esse tempo para, em média, sete dias. Além disso, para agilizarmos o atendimento da população, todos os resultados dos exames são disponibilizados via internet para as secretarias de saúde”, destacam Núbia Silva e Clarissa Gomes.
Além da agilidade na prestação de serviços à população, as bioquímicas observam que um teste rápido molecular de tuberculose custa atualmente R$ 330,00, valor esse que, se não fosse custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), se constituiria em uma despesa inviável para a população de baixa renda. Além do teste rápido molecular que detecta a tuberculose, o Laboratório Macro Regional de Montes Claros realiza anualmente cerca de 11 mil exames que integram o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), entre eles HIV (AIDS), Chagas, malária, dengue, Leishmaniose visceral canina e humana.
A doença
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões. A doença é curável. Anualmente são notificados cerca de nove milhões de novos casos em todo o mundo, levando mais de um milhão de pessoas a óbito. O surgimento da AIDS e o aparecimento de focos de tuberculose resistentes aos medicamentos agravam ainda mais esse cenário.
Dados do Ministério da Saúde apontam que, no Brasil, a tuberculose é um sério problema de saúde pública, com profundas raízes sociais. A cada ano, são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e ocorrem 4,6 mil mortes em decorrência da doença. O Brasil ocupa o 16º lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total de casos de tuberculose no mundo.
A tosse por mais de três semanas, com ou sem catarro, é o principal sintoma da tuberculose. Por isso, qualquer pessoa com esse sintoma deve procurar uma unidade de saúde para fazer o diagnóstico. O teste é feito a partir da coleta de escarro (secreção pulmonar) com volume mínimo de dois mililitros. O diagnóstico precoce da doença permite aumento da identificação da tuberculose resistente, reduzindo consequentemente a morbidade e mortalidade de pacientes.
Para prevenir a doença é necessário imunizar as crianças obrigatoriamente no primeiro ano de vida ou, no máximo, até quatro anos, com a vacina BCG. Crianças soropositivas ou recém-nascidas que apresentam sinais ou sintomas de AIDS não devem receber a vacina. A prevenção inclui evitar aglomerações, especialmente em ambientes fechados, mal ventilados e sem iluminação solar. A tuberculose não se transmite por objetos compartilhados.
Autor: Pedro Ricardo