Os pacientes com hepatite C passarão a contar, ainda este ano, com um dos tratamentos mais inovadores disponíveis no mundo. O novo tratamento, composto pelos medicamentos daclatasvir, sofosbuvir e simeprevir, tem uma taxa de cura de 90%, significativamente maior que todos os tratamentos utilizados até o momento, e duração de 12 semanas, contra as 48 semanas de duração da terapia anterior. Outra vantagem é que todo o tratamento é oral, dando mais qualidade de vida e conforto ao paciente.
Para a compra dos medicamentos, nesse primeiro ano, a previsão é que sejam investidos até R$ 500 milhões para o atendimento de 15 mil pacientes. A decisão, unânime, de recomendar que esses medicamentos passem a ser utilizados no SUS foi tomada na última quinta-feira (11/06) pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). A partir dessa recomendação, a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (SCTIE/MS) avaliará o processo e apresentará a posição final do Ministério.
Durante a reunião da Conitec também foi apresentado o novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para a doença, com novas recomendações e orientações para a condução do tratamento. O novo PCDT deverá entrar em consulta pública nos próximos dias e já conta com a recomendação de aprovação. O Brasil é um dos primeiros países a adotar essa nova tecnologia na rede pública de saúde, com acesso universal e gratuito.
De acordo com o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, a tecnologia vai permitir grandes avanços no enfrentamento à doença. “A principal revolução desses novos medicamentos é que eles garantem um percentual de cura inimaginável se comparado aos tratamentos do passado, quando a chance de cura variava entre 50 e 70% enquanto agora será de pelo menos 90%”, explica o secretário.
A hepatite C é causada pelo vírus C (HCV). A transmissão ocorre, dentre outras formas, por meio de transfusão de sangue, compartilhamento de material para preparo e uso de drogas, objetos de higiene pessoal – como lâminas de barbear e depilar -, alicates de unha, além de outros objetos que furam ou cortam na confecção de tatuagem e colocação de piercings.
Estimativas indicam que cerca de 3% da população mundial pode ter sido exposta ao vírus, sendo que parte dela desenvolve a infecção crônica, o que corresponde a 185 milhões de pessoas. No Brasil, estima-se que entre 1,4 a 1,7 milhão de pessoas podem ter tido contato com o vírus, sendo a maior parte na faixa etária dos 45 anos ou mais.