A realização de transplantes em Minas Gerais, mantidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ganhou neste mês importante reforço. Trata-se da retomada, após dez anos, do procedimento de retirada de córneas para doação, por parte do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), mantido pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
O procedimento cirúrgico, denominado enucleação (retirada dos globos oculares), foi feito em uma paciente de 39 anos, que veio a óbito no Hospital Universitário, tendo a família optado pela doação de córneas.
Os globos oculares serão encaminhados para o Banco de Olhos em Belo Horizonte. A unidade vai cuidar do transplante, o que possibilita o atendimento de duas pessoas que estão na fila em Minas Gerais aguardando o transplante. Segundo o HUCF, cerca de quatro mil pessoas se encontram na fila de espera de doações.
A retirada das córneas foi feita por equipe da Organização de Procura de Órgãos, em parceria com a Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cidhott) do HUCF, coordenada pelo médico clínico, Carlos Augusto Souza Marques. A equipe do HUCF também é composta pelo médico Luciano Oliveira Marques e pelo enfermeiro Kleber Alves Vieira, especialista em captação, doação e transplante de órgãos e tecidos.
Antes da realização do procedimento, a equipe da Cidhott participou de curso sobre “Capacitação em doação de córnea: da identificação do potencial doador a enucleação”, ministrado pelo MG transplantes em parceria com a Fundação Lucas Machado, da Faculdade de Ciências Médicas de Belo Horizonte.
“O retorno da captação de córneas no Hospital Universitário Clemente de Faria significa um grande passo para que a instituição possa contribuir com a redução da lista de espera por córneas. Além disso, representa a possibilidade de viabilizar novas captações”, avalia o coordenador da Cihdott, Carlos Augusto Marques.
O médico explica que “a partir de agora o grande desafio do Hospital Universitário é alcançar as metas estabelecidas dentro do programa de incentivo a doações de córneas. O procedimento deve acontecer até seis horas depois do óbito. Podem fazer a doação falecidos entre dois e 80 anos de idade incompletos, após a triagem das condições clínicas”.
São encaminhados para receber a doação de córneas pacientes com cegueira, portadores de alterações como ceratocone avançado, úlceras ou distrofia de córnea. Eles passam por avaliação de um oftalmologista e, se necessitarem de transplante, são cadastrados no Sistema Nacional de Transplante e ficam à espera de um doador.
Por: Pedro Ricardo
Foto: Pedro Ricardo – Centro Cirúrgico do Hospital Universitário da Unimontes