A Atenção Primária à Saúde (APS), porta de entrada do SUS (Sistema Único de Saúde), desempenha um papel fundamental na detecção precoce de câncer de mama e de colo do útero, sendo essencial para a prevenção e, consequentemente, redução da mortalidade por câncer, como ressalta a referência em Saúde da Mulher da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Belo Horizonte, Letícia Rodrigues.
“A coleta do exame de rastreamento do câncer de colo de útero é uma das principais ações da APS, assim como a avaliação e solicitação da mamografia de rastreamento”. Para Letícia, é igualmente fundamental uma atuação em rede. “Reduzir o tempo para realização de biópsia e demais exames para definição diagnóstica do câncer de mama, assim como para o início do tratamento; cuidado integrado em rede; e qualificação dos tratamentos oferecidos: só assim conseguiremos reduzir os índices de morbimortalidade por câncer de mama e colo do útero em nossa região.”, destaca a referência técnica.
A atenção especializada, também chamada de atenção secundária, é essencial no acompanhamento da população. Após o acolhimento na atenção primária, pode haver o encaminhamento para a atenção secundária em que, entre outras atividades, são realizadas consultas e feitos exames.
A aposentada Adélia Maurício de Souza, de 54 anos, compartilhou sua experiência com o cuidado da saúde da mama, destacando a importância da prevenção e do atendimento humanizado no Centro Estadual de Atenção Especializada (CEAE) no bairro Felixlândia, na região de Justinópolis, Ribeirão das Neves. “Há 3 meses eu tive abscesso na mama e fui para o Odilon Behrens. Lá, eles me internaram, fizeram a drenagem e me encaminharam para a mastologista”. Desde então, Adélia tem feito acompanhamento médico regular. “Já tem uns quatro meses mais ou menos que eu estou aqui. Acabei de fazer a mamografia. Assim que sair o resultado, agendam a consulta.”
Com 18 anos de atuação na unidade de saúde de Ribeirão das Neves, a técnica em radiologia Iraci Dutra Correa, testemunha uma transformação significativa na forma como as mulheres têm cuidado da própria saúde. “Antigamente havia muitas faltas, mas hoje a frequência é maior. Até mesmo mulheres jovens têm procurado os serviços”, afirma. A unidade realiza cerca de 40 mamografias por dia, o que representa entre 800 a 1.000 exames por mês. “Já é um volume bom, mas ainda não é suficiente, às vezes, para o município. Nós somos a única referência aqui”, explica Correia.
Médica mastologista há mais de 6 anos e trabalhando no CEAE há um ano e meio, Raquel Teatini enumera os principais fatores de risco para o câncer de mama:
* consumo de álcool, tabagismo e ingestão de alimentos industrializados. O etilismo é destacado como um dos principais fatores;
* adiar a gestação, ter menos filhos e amamentar por pouco tempo, já que gestação e amamentação são fatores protetores;
* obesidade;
* envelhecimento.
A importância do exame de mamografia é destacada pela médica. “A mamografia é importante porque consegue detectar o câncer em estágio inicial, como microcalcificações e assimetrias, que outros exames não conseguiriam ver. Se detectado precocemente, o câncer de mama tem 95% de chance de cura”. A mastologista destaca as mentiras sobre a mamografia:
* “A mamografia dá câncer.”
* “Não preciso fazer mamografia porque o ultrassom é melhor.”
* “Não preciso fazer mamografia todo ano.”
O CEAE foi estabelecido por meio da resolução SES-MG nº6.946 de 2019 com diversos municípios, sendo, portanto, uma parceria entre os governos municipais e estadual. Em Ribeirão das Neves, são oferecidos os serviços de enfermagem, ginecologia/ obstetrícia, mamografia, mastologia, nutrição, pediatria, psicologia, serviço social e ultrassonografia.
Investimentos
O Governo de Minas investe na ampliação de serviços de Saúde em todo o estado, especialmente no interior. O objetivo é ampliar o acesso dos mineiros a exames de média complexidade levando os serviços o mais próximo possível de suas casas.
“Temos que garantir do início ao fim a experiência da paciente dentro da rede de assistência. Para isso, renovamos os mamógrafos analógicos para digitais no estado inteiro, o que é um avanço enorme no diagnóstico”, disse o secretário de Estado de Saúde Fábio Baccheretti. São mais de R$75 milhões para a renovação de equipamentos em mais de 46 municípios.
Por: Leandro Heringer
Fotos: Leandro Heringer