A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Uberaba está promovendo, na segunda e terça-feira, 10 e 11/11, o Treinamento Integrado de Vigilância da Febre Amarela, que ocorre no Salão Nobre da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), em Uberaba. A capacitação, que reúne 117 profissionais da Macrorregião de Saúde Triângulo do Sul, atende à diretriz do Ministério da Saúde, de prevenção ao risco potencial de circulação do vírus da febre amarela em Minas Gerais, de fortalecimento da vigilância integrada e ampliação das notificações de epizootias, além de elevar as coberturas vacinais. O evento integra a preparação pré-sazonal 2025/2026 e compõe o Plano Estadual de Vigilância da Febre Amarela.
Entre 2024 e 2025, Minas Gerais apresentou circulação viral ativa, com 15 casos humanos confirmados, dos quais 10 evoluíram para cura e 5 para óbito, concentrados principalmente nas Unidades Regionais de Saúde (URS) de Pouso Alegre, com 12 casos e 4 óbitos, e Varginha, com 3 casos e 1 óbito. A vigilância de primatas não humanos (PNH) registrou 19 mortes confirmadas, distribuídas principalmente nessas regiões. O cenário epidemiológico do estado também mostra redução das coberturas vacinais contra a doença, que ficaram em 87,20% em 2024 e 80,78% em 2025, abaixo da meta estadual de 95%, indicando necessidade de intensificação das ações de vacinação.
As referências técnicas do Comitê Estadual de Vigilância e Controle de Vetores e outras doenças da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Ramon Oliveira e Laila Heringer, estão presentes e, segundo Ramon, os dados apresentados reforçam que a febre amarela continua sendo uma realidade que exige vigilância permanente no estado. “Os casos humanos confirmados, acompanhados de mortes de primatas, funcionam como sentinelas naturais da circulação do vírus. Esse conjunto de informações mostra que a doença permanece ativa em nossos corredores ecológicos, e que a vacinação é o principal fator de proteção da população”, conclui. Além de elevar as coberturas vacinais, também é importante fortalecer a notificação imediata de epizootias, mantendo as equipes treinadas e articuladas para respostas rápidas, visando salvar vidas.
Para a superintendente regional de saúde de Uberaba, Ana Maria de Oliveira Bernardes, é atribuição da vigilância epidemiológica se antecipar aos riscos prováveis de adoecimento de uma população, principalmente por doenças transmissíveis. Ela afirma que “desenvolver um trabalho de equipe, de forma integrada e sincronizada entre Vigilância, Imunização, Controle Vetorial e Atenção Primária, inclusive com apoio intersetorial, é necessário para aumentar a sensibilidade do sistema de vigilância nos municípios da região, já que somos uma área de risco provável”, conclui.

Denise Maciel, coordenadora de Vigilância Epidemiológica da SRS Uberaba, garante que o treinamento vem ao encontro das necessidades da Macrorregião de Saúde Triângulo Sul, localizada em um dos corredores ecológicos do vírus da febre amarela no Estado de Minas Gerais. Por isso, continua, “o treinamento é teórico-prático e ocorre em dois dias, para melhor aproveitamento dos participantes. Uma das atividades práticas é direcionada para as equipes de Vigilância Epidemiológica e Ambiental, em ambiente silvestre, com vistas à identificação de primatas não humanos e captura de vetores transmissores da febre amarela”.
Na terça-feira, 11/11, a programação do encontro ocorre em área da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), voltada ao trabalho de campo, no qual os profissionais terão contato com a busca ativa de primatas, captura de mosquitos e uso do Sistema de Informação em Saúde Silvestre (SISS-Geo).
Por Sara Braga
Fotos: Sara Braga
