Febre Maculosa: Cievs Regional de Montes Claros reforça alerta a municípios sobre a vigilância e notificação de casos

Com 122 casos notificados nos últimos dez anos em doze municípios que integram a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, em reunião realizada nesta quarta-feira, 10/9, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) alertou as secretarias municipais de saúde sobre a importância e a necessidade de intensificação das ações de vigilância contra a febre maculosa. Neste ano, 18 casos suspeitos da doença foram notificados em cinco municípios do Norte de Minas, porém nenhum caso foi confirmado. 

“O período entre abril e outubro registra maior incidência de casos de febre maculosa e, por isso, é necessário que as secretarias municipais de saúde intensifiquem as ações de repasse de orientações à população a fim de evitarmos os adoecimentos e a ocorrência de óbitos”, alertou Patrícia Antônia de Brito, referência técnica em vigilância em saúde ambiental, durante reunião do Comitê de Monitoramento de Eventos de Saúde Pública.

A febre maculosa é uma doença febril aguda, transmitida por carrapatos, de gravidade variável, que pode ter formas leves e atípicas, até situações graves com elevada taxa de letalidade. 

Os principais sintomas são: febre; dor de cabeça intensa; náuseas e vômitos; diarreia; dor abdominal; dor muscular constante; inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés; gangrena nos dedos e orelhas; paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada cardiorrespiratória.

Os cavalos, canídeos (cães, lobos, chacais, coiotes e raposas), roedores como a capivara, e marsupiais como gambá, têm importante participação no ciclo de transmissão da febre maculosa. Eles podem atuar como amplificadores de riquétsias e/ou transportadores de carrapatos potencialmente infectados. 

Em Minas Gerais, os principais vetores e reservatórios da febre maculosa são os carrapatos do gênero Amblyomma, também conhecidos como “carrapato estrela”, “carrapato de cavalo” ou “rodoleiro”. Já o agente etiológico mais frequente é a bactéria Rickettsia rickettsii, responsável por produzir os casos mais graves da doença.

Durante a reunião do Comitê de Monitoramento de Eventos de Saúde Pública, realizada por videoconferência, Patrícia Brito lembrou que durante os meses de maior possibilidade de ocorrência de casos de febre maculosa é importante que os municípios façam a vigilância oportuna dos vetores da doença, com a coleta de carrapatos para análise laboratorial. 

Para isso, em 2023 a Superintendência Regional de Saúde realizou, em Montes Claros, capacitação teórica e prática de agentes municipais de controle de endemias. A iniciativa contou com a participação de técnicos do Ministério da Saúde que atuam na Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte.

Além disso, lembrou a referência técnica, as secretarias municipais de saúde também precisam reforçar o trabalho de preenchimento e conclusão das fichas de notificação de casos de febre maculosa, apontando os resultados referentes aos diagnósticos laboratoriais e a evolução dos pacientes com relação à doença. 

“Um banco de dados com informações completas possibilita aos gestores municipais, estaduais e ao Ministério da Saúde ter uma noção mais próxima da realidade da febre maculosa e, com isso, definir estratégias mais eficazes para o enfrentamento da doença”, frisou Patrícia Brito.

“O fortalecimento da vigilância em saúde é fundamental para proteger a nossa população”, disse a superintendente da SRS Montes Claros Dhyeime Marques. “Neste período do ano, quando há maior risco para a febre maculosa, reforçamos a importância de um trabalho conjunto entre os municípios, profissionais de saúde e a comunidade”, reforçou. Segundo ela, a SRS segue comprometida em apoiar tecnicamente os municípios, promovendo capacitações e orientações contínuas para que todos avancem na prevenção e no enfrentamento da doença.

Prevenção

Agna Soares da Silva Menezes, coordenadora do Cievs e da Vigilância em Saúde na SRS Montes Claros, explica que “além da época propícia para a disseminação da doença, ela pode ser confundida com outros agravos, entre eles dengue, zika, chikungunya, leptospirose (doença transmitida por ratos), infecções respiratórias e enteroviroses” (grupo de infeções causadas por diferentes tipos de enterovírus, que incluem os poliovírus, vírus de Coxsackie e echovírus). Os sintomas variam desde doenças respiratórias e gastrointestinais, passando por erupções cutâneas, até condições mais graves como miocardite e meningite. 

Em virtude de um quadro clínico que pode ser confundido com outras doenças, “o diagnóstico preciso e o atendimento adequado de pacientes nos serviços de atenção primária é de fundamental importância para evitar a ocorrência de óbitos”, reforça a coordenadora.

Entre as medidas preventivas contra a febre maculosa recomendadas à população estão: uso de roupas claras para ajudar na identificação de carrapatos; uso de calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramadas; evitar andar em locais com grama ou vegetação alta; uso de repelentes contra carrapatos; verificar se pessoas e animais de estimação não estão com carrapatos; remover carrapatos em pessoas com uso de pinça, evitando apertá-los ou esmagá-los.

Já os municípios devem intensificar a vigilância dos vetores, enviando amostras para a realização de análises no laboratório da Funed; notificar os casos suspeitos em até 24 horas e providenciar a investigação.

Por: Pedro Ricardo

Foto: SRS Montes Claros

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