Hospital Alberto Cavalcanti é referência no Estado e chega a realizar mais de 3 mil consultas por ano somente para esses casos
Neste mês, a campanha Julho Verde intensifica os alertas sobre a importância da prevenção e da detecção precoce do câncer na região da cabeça e do pescoço. O mais comum é o câncer de boca, com cerca de 15 mil novos casos ao ano, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Referência em oncologia, o Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), da Rede Fhemig, vem registrando um aumento nos atendimentos nos últimos meses. Somente no primeiro semestre deste ano, foram realizadas 1.639 consultas de pacientes diagnosticados ou com suspeita de câncer de cabeça e pescoço, quase 547 a mais que o mesmo período de 2024.
“Durante esta gestão, conseguimos aumentar o número de ofertas para consultas ambulatoriais e cirurgias. Isso só foi possível porque, além de aumentarmos o nosso número de cirurgiões e anestesistas, conseguimos otimizar as salas do bloco cirúrgico e melhorar o giro de leitos, permitindo o tratamento e a internação de um número maior de pacientes”, afirma o diretor técnico do Hospital Alberto Cavalcanti, Henrique Timo.
Atenção aos sinais
Apesar de ser uma doença mais comum em homens acima dos 60 anos, o médico e coordenador do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HAC, Guilherme Souza, explica que esse perfil vem mudando. “Hoje, observamos uma redução na faixa etária das pessoas acometidas e um crescimento do número de casos em mulheres, especialmente no câncer de boca. Alguns anos atrás, tínhamos oito homens para cada mulher acometida pela doença. Hoje, esse número mudou. A cada três homens, temos uma mulher”.
Ele destaca que a maioria dos casos está relacionada ao consumo de cigarros e bebidas alcoólicas, mas que, quando descoberto ainda no início, as chances de cura podem ultrapassar 90%. “No entanto, em casos de tumores localizados em regiões mais profundas, como a orofaringe e a hipofaringe, os sintomas geralmente se manifestam quando já estão em estágio avançado, diminuindo a chance de cura”, alerta.
Por isso, ao notar qualquer sinal persistente — como uma ferida que não cicatriza, nódulo no pescoço, rouquidão prolongada, dor ou dificuldade para engolir, é fundamental procurar atendimento médico na unidade básica de saúde, que fará o encaminhamento, se necessário, para especialistas, como otorrinolaringologistas ou cirurgiões de cabeça e pescoço.
“Os pacientes no HAC são avaliados por uma equipe multidisciplinar, que define a melhor estratégia de tratamento – que pode incluir cirurgia, quimioterapia e radioterapia, com duração total, em média, de três a seis meses, seguido por acompanhamento oncológico regular por, pelo menos, cinco anos”, afirma Guilherme.
As sequelas variam de acordo com cada caso, podendo haver perda da voz, dificuldades para se alimentar ou alterações estéticas no rosto e pescoço. “Por isso, reforçamos sempre a importância do diagnóstico precoce”, salienta o médico.
Vida normal
José Eustáquio de Almeida é um dos pacientes que passou pelo hospital e hoje leva uma vida praticamente normal. “A única coisa que não posso fazer é nadar, porque não posso deixar entrar água na abertura onde foi feita a traqueostomia”, afirma.
Entre o primeiro sintoma – rouquidão na voz, até a descoberta do câncer de laringe, foi quase um ano, o que acabou agravando a sua condição. “Demorei a procurar atendimento e não fui dando muita atenção para o que ia aparecendo, às consultas e exames. Continuava trabalhando normalmente, até perceber que me sentia cansado para tudo. Aí resolvi ir ao hospital e acabei internando”, lembra.
Ao ser encaminhado para o HAC, José conta que teve seu diagnóstico confirmado e sua cirurgia agendada, seguida por sessões de radioterapia. “O médico me explicou sobre o tratamento e disse que teria que fazer a cirurgia para evitar que o câncer se espalhasse e agravasse meu caso. Fui muito bem atendido aqui. As enfermeiras e os médicos foram muito bons para mim”.
Hoje, aos 70 anos, ele apresenta uma leve dificuldade na fala – o que é raro em casos como o dele, já que a maioria não consegue se comunicar sem próteses, continua forte, trabalhando com obras e fazendo visitas esporádicas ao hospital, mas agora somente quando percebe algo um pouco fora do comum.
Por Aline de Castro