Junho Laranja é tema de evento com especialistas no Hospital João XXIII 

Campanha de prevenção contra a queimaduras deste ano tem como foco a violência contra a mulher 

O Hospital João XXIII, da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) realizou, hoje (6/6), um evento em referência ao Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras, celebrado na mesma data. O encontro aconteceu no auditório da unidade e reuniu profissionais da saúde, do Corpo de Bombeiros (CBMMG), da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), entre outros convidados. 

A diretora assistencial da Fhemig, Lucineia Carvalhais, abriu o evento lembrando a recente linha de cuidado para atendimento a queimados, publicada há poucos dias pela Fhemig, e as frequentes inovações do Hospital João XXIII, que, em abril, adotou a técnica Meek na Unidade de Tratamento de Queimados – que permite que pequenos pedaços da própria pele do paciente sejam cortados e expandidos várias vezes para cobrir uma área maior do que o pedaço original, voltada ao atendimento a pacientes com grande extensão de queimaduras pelo corpo. 

“O João XXIII traz ‘no DNA’ esse cuidado. Ele é um importante ponto de atenção ao queimado da rede, com tecnologia disponível para tratar pacientes com critérios específicos. Porém, temos que lembrar que essa rede precisa ser construída com vários outros prestadores de serviço, permitindo que casos menos complexos sejam atendidos nos pontos de atenção que a SES tem trabalhado para ampliar”, afirmou a diretora. 

Junho Laranja

O tema “Marcas no corpo, feridas na alma” foi o escolhido pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) para a campanha Junho Laranja deste ano, com o objetivo de conscientizar sobre a violência contra a mulher. De acordo com estatísticas de atendimento do CBMMG, 49,7% das vítimas de queimaduras são mulheres e 8% desses casos são notificados como casos de violência contra o gênero. Apesar disso, estima-se que o número seja muito maior, pois nem sempre os casos são notificados. 

“É um tema delicado. Muitas mulheres têm medo de denunciar ou não têm coragem nem mesmo de assumir que foram vítimas de tentativas de feminicídio. Então, queremos orientar a população e lembrar que casos como esses devem sempre ser denunciados.  Muita gente acha que não se deve meter em briga de casal, mas não podemos fechar os olhos para esse problema”, alerta a médica. 

Segundo a cirurgiã plástica, coordenadora do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do João XXIII e presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), Kelly Danielle de Araújo, o fogo e as substâncias corrosivas, como o ácido, são frequentemente utilizados como meios de agressão às mulheres e aos transexuais.

Rede de atendimento

Com foco na regionalização e na ampliação do acesso, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) reestruturou a política de atenção às pessoas queimadas, ampliando de dois para sete os centros especializados em atendimento de alta complexidade e implantando nove unidades de média complexidade em todo o estado. Além disso, 114 serviços da Rede de Urgência e Emergência foram incluídos para o acolhimento inicial de casos leves, especialmente em crianças.

A rede conta hoje com 16 Centros de Tratamento de Queimados distribuídos em 16 municípios de 11 macrorregiões de saúde, garantindo cobertura ampliada e mais próxima do cidadão. Para apoiar essa expansão, o Governo de Minas destinou R$ 23,2 milhões para estruturação das unidades e cofinanciamento de leitos, reforçando o compromisso com a assistência qualificada e descentralizada a pacientes queimados.

Por Aline de Castro / Débora Drumond (SES-MG)

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