Baixa cobertura vacinal contra a gripe acende alerta entre profissionais de saúde
A Superintendência Regional de Saúde de Juiz de Fora (SRS-JF) promoveu, na terça-feira (8/7), um encontro técnico voltado à Vigilância dos Vírus Respiratórios. Realizado no auditório da unidade, o evento reuniu profissionais da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), referências técnicas regionais em epidemiologia e imunização, além de enfermeiros e representantes das áreas de Vigilância em Saúde e Epidemiológica dos municípios que compõem a Região de Saúde.
O principal objetivo do encontro foi atualizar os participantes sobre o cenário epidemiológico das síndromes gripais – especialmente a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – e alinhar estratégias com os municípios. Um dos pontos que mais chamou a atenção foi a baixa adesão da população à vacinação contra a gripe, com cobertura muito abaixo da meta de 90% recomendada pelo Ministério da Saúde.
Na abertura do evento, a referência técnica em Vírus Respiratórios da SES-MG, Fernanda dos Santos Botelho, apresentou dados sobre a situação epidemiológica nacional, estadual e regional. Ela destacou o aumento dos casos de SRAG em crianças de até quatro anos, provocados principalmente pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR), e o crescimento da incidência de influenza A entre adultos e idosos.
“O VSR está diretamente relacionado ao aumento das internações de crianças pequenas, enquanto o vírus influenza tem sido uma das principais causas de óbitos entre os idosos”, ressaltou Fernanda.
Na área de abrangência da SRS-JF, foram registradas, até a semana epidemiológica 27 (encerrada em 5/7), 227 internações por SRAG e 11 óbitos, conforme dados do Painel de Monitoramento da Vigilância em Saúde.
Fernanda também enfatizou a importância do planejamento das ações de vigilância, com destaque para a formalização dos processos de trabalho, a notificação compulsória e a sensibilização dos profissionais de saúde. Outro ponto abordado foi o papel estratégico das unidades sentinelas na identificação da circulação dos vírus respiratórios, na produção de boletins epidemiológicos e na contribuição para a formulação das vacinas. Atualmente, Minas Gerais conta com 30 unidades sentinelas para síndromes gripais.
No segundo momento do evento, a referência técnica em imunização da SRS-JF, Sandra Regina Kilesse, apresentou os dados regionais de cobertura vacinal contra a influenza. Entre os 37 municípios da região, a cobertura varia entre 14% e 74% – todos abaixo do ideal. Desses, 29 municípios registram cobertura entre 41% e 70%.
“Não estamos enfrentando falta de vacinas. O desafio é mobilizar a população. Precisamos de estratégias criativas e eficazes para aumentar a cobertura vacinal”, alertou Sandra. Entre as ações sugeridas, estão campanhas extramuros, como vacinação em feiras, mercados, empresas e eventos comunitários. Também foram compartilhadas ideias inovadoras, como vacinação com música (com sanfoneiros e corais), ações com sorteios de brindes para os vacinados e murais com fotos de quem já se vacinou, sob o lema “Eu protejo a minha comunidade”.
O encerramento ficou por conta da coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NUVEPI), Liliane Vieira, que falou sobre os indicadores das Resoluções SES-MG nº 9.678 e nº 9.778/2024. Os normativos viabilizam recursos financeiros para os municípios que cumprirem determinados critérios, entre eles o mapeamento do sistema municipal de vigilância dos vírus respiratórios.
Esse mapeamento envolve quatro eixos principais: caracterização municipal (identificação de populações vulneráveis), assistência à saúde, vigilância (incluindo fluxo laboratorial, notificações e boletins) e ações de educação em saúde (com identificação de parceiros, dificuldades e estratégias locais).
O encontro proporcionou um espaço de qualificação técnica, troca de experiências e fortalecimento das estratégias de enfrentamento às síndromes respiratórias, com foco especial na importância da vacinação e da vigilância ativa nos territórios.
Texto e foto: Benjamim Júnior