Vacinação contra a gripe avança na região de Juiz de Fora, mas cobertura segue abaixo da meta

A campanha de vacinação contra o vírus influenza avança nos 37 municípios da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Juiz de Fora , mas a cobertura vacinal ainda está aquém do esperado. Até o momento, foram aplicadas mais de 106 mil doses, número inferior à meta estipulada pelo Ministério da Saúde.

A baixa adesão preocupa os gestores de saúde, especialmente durante o período de sazonalidade das síndromes gripais, que se estende até setembro, quando há aumento da circulação de vírus respiratórios e maior demanda sobre os serviços de saúde. Nesse contexto, medidas de prevenção são essenciais, como a vacinação, a higienização frequente das mãos, o uso de máscaras em ambientes fechados e o abastecimento regular de imunobiológicos nas unidades de saúde.

Referência técnica em Imunização da SRS, Sandra Regina da Silva Kilesse destaca fatores que dificultam a adesão, como a desinformação, a hesitação vacinal — quando há receio de se vacinar, apesar de não haver oposição direta —, e a disseminação de notícias falsas. Ela reforça a importância de estratégias de busca ativa da população, como campanhas em espaços públicos, horários estendidos e o uso de vacimóveis. Segundo a técnica, a atuação dos gestores municipais é decisiva para o sucesso das ações.

Municípios apostam na mobilização comunitária

Com foco na ampliação da cobertura vacinal, municípios da região têm promovido iniciativas para aproximar a vacinação da população. Em Descoberto, a campanha foi integrada ao evento “Movimento Descoberto”, realizado na praça central com atividades culturais, esportivas e de lazer. A divulgação contou com apoio das redes sociais, escolas, carros de som e agentes comunitários de saúde.

Coordenadora da E-Multi, Talita Santos Eliziário explica que a vacinação durante eventos com grande público facilita o acesso da população. Ela também aponta as fake news e a rotina atribulada como entraves à vacinação. Para contornar essas barreiras, o município promove ações aos fins de semana e nas escolas. Crianças menores de seis anos receberam bilhetes para os pais, enquanto os alunos mais velhos tiveram os cartões de vacinação conferidos e foram imunizados.

Em Passa Vinte, as equipes de saúde levaram a vacinação a comunidades rurais, como uma fazenda produtora de bananas. A enfermeira Sandra Neves, da Estratégia de Saúde da Família, relata boa aceitação da população, com apoio de ferramentas como WhatsApp e ampliação dos horários de atendimento. No entanto, ela alerta que muitas pessoas ainda buscam a vacina somente após o aparecimento dos sintomas gripais.

Sandra reforça que a vacinação é essencial para evitar complicações, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que pode exigir internação e, em casos graves, levar ao óbito. Embora a campanha seja voltada prioritariamente a grupos como idosos e crianças, todas as pessoas podem se vacinar nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

De gripe comum a quadros graves: entenda os riscos

A Síndrome Gripal (SG) corresponde a infecções respiratórias com sintomas como febre, dor de cabeça, dor de garganta e tosse. Quando esses sinais evoluem para quadros mais graves, com necessidade de hospitalização ou risco de morte, o caso passa a ser classificado como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Os sintomas da SRAG incluem dificuldade para respirar, dor persistente no peito, baixa saturação de oxigênio e coloração azulada dos lábios ou do rosto, podendo demandar intubação.

Diversos agentes infecciosos podem desencadear a SRAG, incluindo o vírus da influenza e o coronavírus. Mesmo sintomas leves devem ser monitorados, uma vez que a evolução pode ser rápida e severa.

Monitoramento contínuo dos vírus respiratórios

A vigilância epidemiológica dos vírus respiratórios é realizada pela Rede de Unidades Sentinelas, que monitora o território por meio da identificação e notificação de casos, coleta de amostras e alimentação dos sistemas oficiais de informação. Os dados obtidos subsidiam as decisões do Sistema Único de Saúde (SUS) e orientam estratégias de controle e prevenção, contribuindo para a proteção da população.

Por Benjamim Júnior

Fotos: Divulgação munícipios

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