Durante reunião da Comissão Intergestores Bipartite do Sistema Único de Saúde (CIB-SUS) realizada em Montes Claros no dia 4/4, a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) reforçaram a mobilização dos gestores de saúde de 86 municípios do Norte de Minas para a implementação do projeto de teleconsultoria clínica, lançado em setembro do ano passado.
Inicialmente o projeto contempla 465 municípios de oito macrorregiões de saúde do estado, com a oferta de 130 mil teleconsultorias com especialistas em 16 áreas da saúde: ginecologia; obstetrícia; mastologia; pediatria; endocrinologia; dermatologia; ortopedia; urologia; reumatologia; proctologia; cardiologia; neurologia; pneumologia; gastroenterologia; nefrologia e geriatria.
A macrorregião de Saúde Centro integra a primeira etapa do projeto por ser referência estadual da média e alta complexidade para a linha de cuidado materno infantil. Já o Vale do Jequitinhonha integra a primeira etapa por ter sido a região piloto do Projeto Saúde em Rede. As regiões Norte, Leste, Nordeste, Leste do Sul, Noroeste e Oeste foram priorizadas para a implementação da primeira etapa do projeto por apresentarem os indicadores mais críticos relacionados à linha de cuidado materno infantil.
Entre setembro do ano passado e o primeiro trimestre deste ano, de um total de 42 municípios do Norte de Minas já habilitados para o acesso ao serviço de teleconsultoria, 19 localidades apresentaram 98 demandas ao Hospital das Clínicas da UFMG.
Durante a reunião da CIB-SUS a referência técnica da Diretoria de Políticas de Atenção à Saúde da SES-MG, Anna Cândida Moreira Xavier, destacou que o projeto constitui uma importante iniciativa para o reforço e a qualificação do trabalho dos serviços municipais de Atenção Primária à Saúde (APS), no atendimento de diversas demandas da população.
“Além das Unidades Básicas de Saúde terem condições de resolver cerca de 80% das demandas de saúde, o projeto de teleconsultoria viabiliza aos municípios encurtar o acesso da população a serviços especializados em diversas áreas, possibilitando com isso melhor assistência integral à saúde da população. Além disso, o projeto viabiliza uma maior interação entre os profissionais da atenção primária com especialistas em diversas áreas da saúde, proporcionando a melhoria e a agilização da assistência à população”, argumentou Anna Xavier.
Por sua vez, Sabrina de Rezende Ribeiro, gestora de projetos do Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), lembrou que o projeto de teleconsultoria coloca à disposição dos municípios o acesso a profissionais especialistas em diversas áreas da saúde, possibilidade inexistente na maioria das localidades do estado.
“Trata-se de uma estratégia valiosa que o Ministério da Saúde (MS), a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, o Hospital das Clínicas da UFMG e o núcleo de telessaúde da Fundação Lucas Machado (Feluma) coloca à disposição dos municípios no sentido de ofertar uma melhor assistência à população”, concluiu a gestora. Nos contatos com os municípios, Sabrina Ribeiro contou com a participação de Mayara Santos Mendes, gestora de campo do Hospital das Clínicas.
O presidente regional do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems-MG), Guilherme Leal Andrade, defendeu que “a teleconsultoria viabiliza aos municípios o atendimento especializado a pacientes em situação de saúde mais grave e, por isso, deve ser uma iniciativa bem aproveitada”.
Já a superintendente regional de Saúde de Montes Claros, Dhyeime Thauanne Pereira Marques, lembrou que “o acesso a teleconsultorias na área da saúde era uma demanda há pouco tempo solicitada pelos municípios e que agora, ao ser colocada à disposição dos gestores e dos profissionais de saúde, tem possibilidade de melhorar a assistência prestada à população”.
O projeto
O Projeto de Teleconsultoria Clínica possibilita aos profissionais de saúde dos municípios esclarecer dúvidas na condução de casos clínicos mais complexos; compartilhar cuidados que não atendem aos critérios de risco para a atenção ambulatorial especializada e a agilização dos atendimentos nos serviços ambulatoriais especializados.
Denise Maria Lúcio da Silveira, coordenadora de Redes de Atenção à Saúde da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros explica que “por meio da teleconsultoria os municípios têm condições de identificar e acompanhar precocemente usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) em situação de alto risco; viabilizar a implementação dos fluxos e protocolos da linha de cuidado materno infantil; otimizar os encaminhamentos de pacientes para os serviços de atenção especializada, bem como apoiar a manutenção e o aumento da resolubilidade dos atendimentos nos serviços de atenção primária à saúde”.
Com a execução do projeto, a SES-MG espera ampliar a cobertura de municípios com acesso à teleconsultoria; capacitar profissionais dos municípios visando um atendimento qualificado e humanizado dos usuários do SUS.
Além das especialidades médicas já ofertadas pelo projeto, outras poderão ser acrescentadas dependendo da necessidade assistencial dos municípios e da capacidade de oferta dos núcleos de teleconsultoria das instituições parceiras da SES-MG.
Critérios
As teleconsultorias são conduzidas por meio das plataformas virtuais dos núcleos de telessaúde das universidades, por meio das quais os profissionais de saúde podem enviar dúvidas sobre casos clínicos. Teleconsultores especializados tem 72 horas para responder às solicitações, que permanecerão disponíveis na plataforma.
O acesso às teleconsultorias está condicionado à conclusão de capacitação oferecida pelos núcleos universitários, pelas equipes de saúde da família e pontos de atenção ambulatorial especializada das microrregiões.
O monitoramento e avaliação dos resultados do projeto incluem análises quantitativas, focando na satisfação dos profissionais; efetividade da teleconsultoria e impacto na gestão dos encaminhamentos.
Por: Pedro Ricardo / Foto: Pedro Ricardo