Supervisão clínica aborda atenção básica e especializada

Os palestrantes foram o psiquiatra, doutor em educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), preceptor do Instituto Raul Soares e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) Renato Diniz e a psiquiatra, professora da Universidade de Medicina da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), doutora em Epidemiologia e coordenadora do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa em Atenção Primária em Saúde Sandra Fortes. As palestras foram, respectivamente, sobre “A Clínica nos Equipamentos Secundários” e “Matriciamento e Supervisão Clínico-Institucional na Atenção Básica”.

Renato Diniz enfatizou a ESP-MG como um lugar estratégico para a saúde mental. “Hoje em dia, é muito mais estratégico pensar o Estado do que a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Estamos em um movimento de pensar a rede para chegar nos municípios. Temos que redobrar atenção aos municípios. A supervisão tem sempre interesse grande com visão de quem vê de fora”. Sandra Fortes definiu o evento como espaço para discutir a saúde mental. “Quando fui convidada, falei que não trabalhava com supervisão no Centro de Apoio Psicossocial (Caps), mas com matriciamento. Responderam que esse era o motivo. Percebo o evento como um espaço para discutir novas fronteiras, novas formas de pensar, de fazer para sair de um problema da saúde mental que é que ela tende a se segregar, criar seus espaços e ficar ali”. Fortes enfatiza, ainda, o papel da Escola na construção de conhecimento. “É um espaço de discussão, crítica e reflexão. Um aspecto importante é a plateia, que é diferenciada. Vem gente de tantos municípios que trazem realidades diversas. A ESP-MG é um local estratégico para pensar o sistema de saúde. Belo Horizonte é diferente de um município de 10 mil pessoas”.

Para o coordenador do evento e vice-diretor da ESP-MG, Augusto Nunes Filho, o evento está alcançando o objetivo. “Estamos conseguindo nosso objetivo de as pessoas saírem do espaço de conforto. Fico agradavelmente surpreso sobre a condução da discussão”. Para Nunes, os palestrantes dos encontros têm apresentado, de forma plural, propostas para a melhoria da saúde mental. “Foi dado um tema para os palestrantes completamente livre. Apesar de todas as diferenças, todos têm o compromisso em propor melhorias para a saúde mental”. A participação dos profissionais inscritos também é destacada pelo vice-diretor. “A plateia age de forma interessante se apropriando do conhecimento e interagindo entre ela com troca de experiências e propostas”.

Auxiliar de enfermagem em Unidade Básica de Saúde (UBS) em Belo Horizonte e participante de três eventos da série, Ivanil Martins salienta o momento atual da saúde mental. “Há um movimento da saúde mental. Temos que formar mais técnicos. Trazer os profissionais da assistência para o debate. Ainda existe estigma na assistência, mas estamos dando o pontapé inicial. Estou muito satisfeita com as apresentações e debates que fazem parte de nossa formação”.

Psicóloga do Centro Psíquico da Adolescência e Infância (CEPAI) da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), Roberta Pessoa, destaca a aplicabilidade da discussão no serviço. “É preciso refletir para a melhoria do serviço. Esse momento é de reflexão, como é o funcionamento no Cepai e como aplicar o conhecimento adquirido aqui”.

Consultor da coordenação de saúde mental da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) Daniel de Lima afirma que, após 16 anos morando nos Estados Unidos, participar do Encontro foi muito importante. “O evento foi muito importante para me contextualizar e saio com conhecimento triplicado do que entrei. Pude fazer muita comparação entre a minha experiência de lá e o contexto mineiro”.

Aluno do curso de enfermagem do 9º período da PUC Minas ,Paulo Filipe de Melo,esteve presente desde o primeiro encontro e ressalta a relevância da participação em sua formação. “Considero importantes eventos como esse pois ainda são assuntos não muito abordados no país. É um diferencial na minha formação já que estudamos em um modelo muito biológico. Os assuntos daqui são muito relevantes e atuais. A partir do momento em que participo desses eventos é possível aplicar a teoria na prática”.

“Oportunidade de troca de experiência, articulação com outros municípios, acesso a tecnologias que, principalmente municípios de pequeno porte fora da RMBH, precisam de suporte”, assim Ronara Ribeiro- psicóloga e coordenadora do núcleo psicossocial Peixe Vivo de São Gonçalo do Rio Abaixo- define o evento.

Sobre o tema ““Supervisão na atenção básica e especializada”, a terapeuta ocupacional do Caps de Bom Despacho, Kenya Queiroz diz que o evento clareia o trabalho do Caps com o Programa Saúde da Família (PSF). “É complexo, mas essa dificuldade não é só do nosso município”. De acordo com Queiroz, a presença nas discussões e palestras proporciona reflexão a respeito da prática no trabalho. “Sempre saio daqui com muitas novidades e muitos questionamentos sobre a minha prática e da minha equipe. O curso acontece segunda e na terça temos reunião da equipe e repassamos o que foi apresentado aqui. Esse dia está sendo tão importante que os pacientes sabem que na última segunda-feira do mês tem o evento na ESP-MG”.

Próximo Encontro

Em 21 de outubro, no auditório da ESP-MG ocorre o próximo encontro com o tema “Supervisão, clínica e instituição” e apresentações do secretário de estado de Saúde de Minas Gerais Antônio Jorge de Souza Marques e do professor da Escola Brasileira de Psicanálise Francisco Paes Barreto.

Autor: Leandro Heringer

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