SRS de Montes Claros orienta municípios sobre uso da vacina meningocócica ACWY como reforço

As 54 secretarias municipais de Saúde que integram a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros passam a ofertar, a partir de 1º de julho, a vacina meningocócica ACWY como dose de reforço para crianças de 12 meses de idade. A mudança segue recomendação do Ministério da Saúde, formalizada por meio de Nota Técnica do Programa Nacional de Imunizações (PNI), encaminhada pela SRS a todos os municípios da região.

A nova diretriz substitui a dose de reforço da vacina meningocócica C (conjugada) pela ACWY, ampliando a proteção contra quatro sorogrupos da bactéria Neisseria meningitidis — A, C, W e Y. A medida busca fortalecer o enfrentamento das meningites bacterianas, ainda consideradas um problema de saúde pública no país.

De acordo com a orientação, crianças que já receberam as duas doses da vacina meningocócica C, incluindo a dose de reforço, não precisam se vacinar novamente neste momento. Já aquelas que não receberam a dose de reforço aos 12 meses devem ser vacinadas com a ACWY. A vacina também continua sendo indicada, em dose única, para adolescentes de 11 a 14 anos, conforme o histórico vacinal.

Prevenção e sintomas

A coordenadora de Vigilância em Saúde da SRS de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, explica que a meningite é uma síndrome infecciosa grave que pode acometer pessoas de todas as idades, com transmissão ao longo de todo o ano por vias respiratórias. A doença pode ter origem bacteriana, viral, fúngica, parasitária ou ainda não infecciosa.

“As meningites bacterianas são as mais graves e podem levar ao óbito. O sorogrupo C é o mais frequente no Brasil, o que motivou a inclusão da vacina no calendário do PNI em 2010”, ressalta a coordenadora.

A meningite causa inflamação das meninges — membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. Os sintomas mais comuns são febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez na nuca, náuseas, vômitos, fotofobia (sensibilidade à luz), sonolência, irritabilidade e, em alguns casos, manchas vermelhas na pele.

Em bebês, os sinais podem incluir choro constante, falta de apetite, dificuldade de alimentação, sonolência e irritabilidade. A forma viral costuma ter sintomas mais leves e evolução mais lenta. Já a meningite bacteriana se manifesta rapidamente e com maior gravidade.

A transmissão ocorre por meio de gotículas e secreções das vias respiratórias (nariz e garganta) ou, em alguns casos, pela via fecal-oral — especialmente em situações de consumo de água ou alimentos contaminados.

Diante da suspeita de meningite, a internação imediata é recomendada para administração de antibióticos e suporte clínico, como hidratação e controle de sintomas.

Estratégias nacionais de enfrentamento

Como parte da resposta ao desafio sanitário, o Ministério da Saúde lançou, em 2024, as Diretrizes para o Enfrentamento das Meningites até 2030, elaboradas com apoio da sociedade civil, especialistas e organismos nacionais e internacionais. O documento está alinhado ao plano global da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a eliminação das meningites bacterianas como problema de saúde pública.

As estratégias incluem a ampliação da cobertura vacinal, a garantia de acesso às vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), o fortalecimento da vigilância e a melhoria no diagnóstico e tratamento da doença.

Até o momento, o Brasil já contabiliza 4.406 casos confirmados de meningite em 2024, sendo 1.731 do tipo bacteriana, 1.584 viral e 1.091 por outras causas ou tipos não especificados.

Além da vacina ACWY, outras vacinas disponíveis no SUS — como a BCG, a Pentavalente e as Pneumocócicas 10, 13 e 23-valentes — também oferecem proteção contra formas de meningite.

Por Pedro Ricardo

Foto: Divulgação SMS Janaúba

Rolar para cima