Para mobilizar os municípios pertencentes a área da Gerência Regional de Saúde (GRS) de Ubá a atuarem no Setembro Amarelo, mês dedicado a prevenção do suicídio, foi realizado encontro virtual na última quinta-feira (23), com a participação de 40 pessoas.
Os profissionais dos núcleos de Atenção à Saúde e Epidemiologia da GRS Ubá contextualizaram o tema com o cenário regional para as referências municipais em Saúde Mental dos 31 municípios sob jurisprudência. O encontro teve, também, participação especial da equipe do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de São Francisco do Glória, demonstrando a prática da unidade com pacientes identificados com tendência a violência autoprovocada.
Aumento de 10% no número de suicídios foi detectado no Brasil de 2000 a 2012 e, entre os jovens, o crescimento passa de 30%, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), apresentados pela referência técnica de Violências da GRS Ubá, Maria de Fátima Aldred Pinto Iasbik. “É muito importante mantermos os dados epidemiológicos condizentes com a realidade, pois o índice de tentativas e dos atos de suicídios têm relação direta com uma interação de fatores biológicos, psicossociais e culturais. Por isso, reforçamos que toda tentativa de suicídio deve constar na Ficha de Notificação (SINAN), e o paciente deve ser direcionado para acolhimento em unidades de saúde mental”, ressaltou Fátima.
Ainda que não seja possível prever exatamente quem irá se suicidar, os profissionais de saúde podem tentar reduzir os riscos com uma atenção especial a fatores de risco e abordagem preventiva. “É necessário que estejam aptos a reconhecerem os sinais de alerta presentes, a fim de determinarem medidas para reduzir tal risco e evitar o autoextermínio. Por isso, fizemos essa videoconferência, abordando técnicas de avaliação, manejo e abordagem de pacientes com tendências suicidas, que podem auxiliar a reverter este intento com apoio e intervenção profissional. Em nossa região, temos equipamentos da Rede de Atenção Psicossocial, abertos para qualquer pessoa que queira auxílio, com atendimento de livre demanda, sem necessidade de encaminhamento”, ressaltou Natália Almeida, referência técnica em Saúde Mental da GRS Ubá.
A participação do Caps “NovaMente”, de São Francisco do Glória, trouxe para o encontro a prática diária da unidade no acolhimento a pessoas em sofrimento mental e emocional, como argumentou a referência técnica em Saúde Mental, Rúbia Eliza de Lima Pedrosa.“Trata-se de tema e período muito delicados, por isso consideramos que as ações precisam ser desenvolvidas o ano inteiro. Ademais, não devem englobar apenas aspectos da saúde, mas todos os pontos da rede, levando em consideração o contexto social em que as pessoas estão inseridas. Pois não se trata apenas de preservar a vida, mas garantir qualidade de vida, melhores condições de sobrevivência com lazer, emprego, acesso a segurança e saúde e combate ao machismo, etc. Assim como repensar a lógica capitalista em que estamos inseridos em que é exigido do sujeito adquirir sucesso e bens de forma rápida e constante”.
Prevenção
Se você identificou alguma ideação suicida em um conhecido, ou se sente vulnerável a ideias suicidas, procure a Unidade de Saúde mais próxima da sua casa para atendimento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os Centros de Atenção Psicossocial também podem ser acessados, sem necessidade de encaminhamento prévio.
Outro meio de obter ajuda é pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária e gratuita todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail ou chat 24 horas todos os dias. A ligação para o CVV, em parceria com o SUS, por meio do número 188, é gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular. Também é possível acessar https://www.cvv.org.br/ para chat, Skype, e-mail e mais informações sobre ligação gratuita.
Autor: Keila Siqueira de Lima